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segunda-feira, 16 de março de 2015

Texto para os alunos dos terceiros anos noturno - Escola Deuzuíta - 2015

Introdução

Ciência - substantivo feminino
- conhecimento atento e aprofundado de algo.
- corpo de conhecimentos sistematizados adquiridos via observação, identificação, pesquisa e explicação de determinadas categorias de fenômenos e fatos, e formulados metódica e racionalmente.

Ciência, portanto, pode ser definida como o conjunto de conhecimentos baseados na reflexão, na observação e na experimentação. Dessa forma, teorias podem ser criadas, aperfeiçoadas, ou até abandonadas, para que a quantidade e a qualidade dos conhecimentos sejam ampliadas.
- Assim, as teorias de todos os ramos do conhecimento - Matemática, Biologia, Lingüística, Arqueologia, Física etc. - podem e devem ser constantemente contestadas, examinadas, experimentadas, legitimadas ou substituídas.
- A ciência é, então, o ato de refletir e de se relacionar com o mundo, e isso qualquer pessoa pode fazer.
Refletindo, experimentando e organizando, o homem constrói e transmite conhecimentos. A ciência desenvolvida nos laboratórios é apenas uma das maneiras de se "fazer ciência".
Para construir conhecimentos, é necessário pesquisar, refletir, observar, experimentar e validar ou refutar as teorias.

1 - O que é Ciência:
Ciência é uma palavra que deriva do termo latino "scientia" cujo significado era conhecimento ou saber. Atualmente se designa por ciência todo o conhecimento adquirido através do estudo ou da prática, baseado em princípios certos.
A ciência, em geral, comporta vários conjuntos de saberes, nos quais são elaboradas as suas teorias baseadas nos seus próprios métodos científicos.
A metodologia é essencial na ciência, assim como a ausência de preconceitos e juízos de valor.
A ciência tem evoluído ao longo dos séculos. Galileu Galilei é considerado o pai da ciência moderna.

1.1 - Ciência e tecnologia
A ciência está intimamente ligada com a área da tecnologia, porque os grandes avanços da ciência, hoje em dia, são alcançados através do desenvolvimento de novas tecnologias e do desenvolvimento de tecnologias já existentes.
1.2 - Ciências sociais
Estudam o comportamento humano, as relações humanas e o seu desenvolvimento em sociedade. Nelas estão incluídas áreas como a Antropologia, o Direito, a História, a Psicologia, a Sociologia, a Filosofia Social, a Economia Social, a Política Social, o Direito Social. As ciências sociais estudam as normas de convivência do homem e dos modos da sua organização social. O termo "ciências sociais" também é usado para designar o grupo formado pelas ciências do direito, sociologia e ciências políticas.
1.3 - Ciências contábeis
A área das ciências contábeis é a que se responsabiliza pelas contas de uma empresa, registrando e controlando as receitas, depesas e os lucros. O profissional das ciências contábeis é responsável por planear, controlar e coordenar as compras, vendas, aplicações e investimentos da empresa, sendo que assim é possível ter uma noção clara do patrimônio. Deve estar atento a situações como despesas acima da média. Dentro da empresa, tem a função de analisar acontecimentos econômicos e depois dessa análise dar informações relevantes aos líderes da empresa para que possam tomar decisões a nível da direção do negócio. Normalmente efetua o pagamento de tributos, e dentro da empresa é a sua função fazer auditorias e perícias contábeis.
Para exercer a função de contabilista, é necessário estar cadastrado no Conselho Regional de Contabilidade. Para assegurar o registro profissional, é obrigatório realizar um exame de suficiência, medida que foi implementada desde 2010.
1.4 - Ciências atuariais
A ciência atuarial moderna surgiu no princípio do século XIX na Inglaterra e se responsabilizava pelas áreas de pensão e aposentadoria, tendo como propósito o estudo da mortalidade da população.
A ciência atuarial utiliza noções da matemática estatística e financeira para analisar riscos e expectativas, na maior parte das vezes no âmbito da administração de seguros e fundos de pensão.
Os indivíduos formados em Ciências Atuariais devem saber lidar com problemas securitários, de previdência social e privada, atuando no cálculo de prêmios de seguros, pecúlios, planos de aposentadorias e pensões. A área de avaliação de riscos é também muito importante nas ciências atuariais.
1.5 - Ciências exatas
Produzem conhecimento baseado em expressões quantitativas, testando as suas hipóteses de forma rigorosa com base em experimentos ou cálculos. Ciências exatas são aquelas que só admitem princípios, consequências e fatos rigorosamente demonstráveis.
São exemplos de ciências exatas a Matemática, a Física, a Astronomia, a Engenharia, a Química e até mesmo certos ramos da Biologia ou da Economia.
1.6 - Ciências Naturais
Ciências naturais são ciências que descrevem, ordenam e comparam os fenômenos naturais, isto é, os objetos da Natureza e os processos que nela têm lugar, e determinam as relações existentes entre eles, formulando leis e regras.
Pode distinguir-se entre ciências exatas (como a física e química) e ciências predominantemente descritivas (biologia, incluindo a microbiologia e a paleontologia, geografia, geologia, cristalografia, etc). O campo de atividade das ciências naturais é constituído principalmente pela investigação sem uma aplicação concreta. Fazem parte das ciências naturais a Biologia, a Geologia ou a Medicina.
1.7 - Ciência noética
A ciência noética está relacionada com a gnosiologia, o estudo ou teoria do pensamento ou do conhecimento.
É uma área que tenta explicar cientificamente assuntos subjetivos como milagres, fé, alma, etc.

2 - Conhecimento Científico
Podemos dizer que o homem detém vários tipos de conhecimento científico, desde aquele mais simples, comum a todas pessoas e que nos passa despercebido, até aquele mais profundo e complexo não comum a todos indivíduos.
Primeiramente analisemos o conhecimento de senso comum, o qual é estendido a todos indivíduos, mesmo que não o percebamos, e nos vem como herança genética de geração em geração. Usamos este conhecimento diariamente, muitas vezes sem nos dar conta, em atividades corriqueiras sem questionarmos se está certo ou errado. Um exemplo disto é o uso secular que fizemos de ervas para confecção de vários tipos de chás para a cura de toda sorte de moléstias. Nunca paramos para pesar como elas funcionam em nosso organismo, confiamos em sua eficácia porque todas pessoas usam e principalmente porque nos é indicado pelos mais velhos.
Outro tipo de conhecimento é o científico. Surgiu da necessidade do ser humano querer saber como as coisas funcionam ao invés de apenas aceitá-las passivamente. Com este tipo de conhecimento o homem começou a entender o porquê de vários fenômenos naturais e com isso vir a intervir cada vez mais nos acontecimento ao nosso redor. Este conhecimento se bem usado é muito útil para humanidade, porém se usado incorretamente pode vir a gerar enormes catástrofes para o ser humano e tudo mais ao seu redor. Usamos como exemplo a descoberta pela ciência da cura de uma moléstia que assola uma cidade inteira salvando várias pessoas da morte, mas também, destruir esta mesma cidade em um piscar de olhos com uma arma de destruição em massa criada com este mesmo conhecimento.

3 - Ciência & Método – Visão histórica
Tivemos no século passado dois momentos marcantes para a humanidade. O primeiro ocorreu no início do século quando cientistas conseguiram provar teorias através de observações astronômicas, que muitos consideravam incoerentes, pois contrariavam princípios já há muito tempo enraizado sobre nosso espaço exterior. O segundo aconteceu em meados da década de quarenta quando, infelizmente, descobrimos o real poder de uma bomba nuclear. O que foi um enorme avanço em nossa ciência, que se não usado para meios pacíficos, pode destruir totalmente o mundo que conhecemos.
O homem usa a ciência para tentar explicar suas perguntas de como as coisas acontecem ao seu redor. Com isto tenta-se criar novas tecnologias para termos um mundo melhor em que vivamos. Existem campos da ciência que trazem benefícios incalculáveis para o homem com o as comunicações, medicina, informática e muitos outros. Usa-se isto para a tomada de ações e decisões o que nos faz viver em uma sociedade baseada no conhecimento. Uma nação que quer ser forte não basta sê-la belicamente e monetariamente, necessita ter também um grande controle do conhecimento científico. Porém se temos um grande conhecimento e não usarmo-lo corretamente poderemos estar indo para o caminho errado.

4 - Ciência & Método
Existem várias concepções de ciência divididas em períodos históricos cada uma com sua peculiaridade, podemos relacioná-las da seguinte maneira:
Ciência Grega - Século VII AC até final do século XVI.
Ciência Moderna - Século XVII até final do século XIX.
Ciência Contemporânea - Início do século XX até os dias de hoje.

4.1 - Ciência Grega
Conhecida como filosofia da natureza tinha como preocupação a busca do saber a compreensão da natureza das coisas e do homem. Conhecimento este desenvolvido pela filosofia que hoje é distinta da ciência.
Os pré-socráticos deixaram de lado a mitologia, que na sua concepção, os fenômenos ocorriam devido a forças espirituais e sobrenaturais (Deuses) e inseriram a ideia de que existe uma ordem natural no universo não influenciado pelos “Deuses”.
No modelo platônico o real não está na experiência adquirida nos fatos e fenômenos adquiridos pelos sentidos. Para eles o verdadeiro mundo é o que está nas ideias, o que nos fornece o que são as coisas é a inteligência conseguida através da busca da verdade com o diálogo, ou lógica desenvolvida por teses.
Já para Aristóteles a conhecimento deve-se ter uma justificativa lógica, devem-se apresentar argumentos verdadeiros para sustentarem os princípios, pois nenhum efeito ou atributo poderia existir se não estivesse ligado a alguma causa. Dessa forma este modelo propõem uma ciência que produza conhecimento fiel à realidade por estar amparado no observável e pela sua característica de necessidade.
4.2 - Ciência Moderna
Durante o renascimento onde se introduziu a experimentação científica modificou-se radicalmente a compreensão e concepção teórica de mundo, ciência, conhecimento e método. Conforme Bacon a natureza é mestra do homem e para dominá-la era preciso obedecê-la. Para isto era necessária a indução experimental cuidando de várias coisas que ainda não aconteceram e depois de posse das informações concluir a respeito dos casos positivos. Isto passou a ser conhecido como método científico e deveria seguir os seguintes passos:
Experimentação
Formulação de hipóteses
Repetição da experimentação por outros cientistas
Repetição do experimento para testagem das hipóteses
Formulação das generalizações e leis
A revolução científica moderna foi idealizada por Galileu Galilei ao introduzir a matemática e a geometria como linguagens da ciência e o teste quantitativo experimental e com isto estipular a chamada verdade científica. A visão do universo por Galileu era de um mundo aberto, unificados, deterministas, geométricos e quantitativos diferente daquela concepção aritostélica, impregnada pelos resquícios das crenças míticas e religiosas. Com isto Galileu estabeleceu o domínio do diálogo científico, o diálogo experimental, que era o diálogo entre o homem e a natureza. O homem deveria, com sua razão e inteligência teorizar e construir a interpretação matemática do real e à natureza caberia responder se concordava ou não com o modelo sugerido.
Newton, dando uma interpretação diferente da de Galileu, afirmava que suas leis e teorias eram tiradas dos fatos, sem interferência da especulação hipotética. Esse seria o método ideal, através do qual se poderia submeter à prova, uma a uma, as hipóteses científicas. Assim criou-se o método científico Indutivo-Confirmável, com pequenas variações, no seguinte formato:
 Observação dos elementos que compõem o fenômeno.
 Análise da relação quantitativa existente entre os elementos que compõem o fenômeno.
 Introdução de hipóteses quantitativas.
 Teste experimental das hipóteses para verificação confirmabilista.
 Generalização dos resultados em lei.
O sucesso das aplicações de Newton no decorrer de três séculos gerou uma confiabilidade cega neste tipo de ciência que fez com que, não apenas as ciências naturais, mas também as sociais e humanas, procurassem esse ideal científico e o aplicassem para ter os mesmos resultados.
4.3 - Ciência Contemporânea
No início do século XX as ideias de Einstein e Popper revolucionaram a concepção de ciência e método científico. Os princípios tidos com incontestáveis no século passado foram cedendo seu lugar à atitude crítica. A partir deles desmistificou-se a concepção de que método científico é um procedimento regulado por normas rígidas que o investigador deve seguir para a produção do conhecimento científico. Sendo assim, há tantos métodos quantos forem os problemas analisados e os investigadores existentes.
Na ciência contemporânea, a pesquisa é resultado decorrente da identificação de dúvidas e da necessidade de elaborar e construir respostas para esclarecê-las. A investigação científica desenvolve-se porque há necessidade de construir uma possível resposta ou solução para um problema, decorrente de algum fato ou conjunto de conhecimentos teóricos.
A ciência atual reconhece que não existem regras para uma descoberta, assim como não há para as artes. A atividade do cientista é semelhante a do artista. Os pesquisadores podem seguir caminhos diversos para chegar a uma conclusão.
Analisando a história da ciência, constata-se que muito de seus princípios básicos foram modificados ou substituídos em função de novas conjeturas ou de novos padrões. Aconteceu quando Galileu modificou parte da mecânica de Aristóteles e Einstein fez o mesmo com Newton.
A concepção contemporânea da ciência está muito distante das visões aristotélica e moderna, nas quais o conhecimento era aceito como científico quando justificado como verdadeiro. O objetivo da ciência ainda é o de criar um mundo cada vez melhor para vivermos e atingir um conhecimento científico sistemático e seguro de toda realidade.
A ciência demonstra ser uma busca, uma investigação, contínua e incessante de soluções e explicações pra os problemas propostos.



quinta-feira, 12 de março de 2015

ATIVIDADE PARA OS SEGUNDOS ANOS - MATUTINO E NOTURNO - ESCOLA DEUZUÍTA - 2015

E.E.E.M. Professora Deuzuíta Pereira de Queiroz
Estudo Dirigido 002/ Disciplina: Filosofia
Professor: SRAS
Aluno: _________________________________________________________________________________ Turma: ______________. Turno:______________________ . Entregar no dia da aula de cada turma, na semana de 16 a 20 de março 2015.

O homem é uma espécie de interseção entre dois mundos: o real e o ideal. Pela liberdade humana, os valores do mundo ideal podem atuar sobre o mundo real. (Nicolai Hartmann)

Afinal, o Que é Ética?
 
"A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta. (VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 7a edição Ed. Brasiliense, 1993, p.7)
Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ÉTICA é "o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto”.

Alguns diferenciam ética e moral de vários modos:
1.     Ética é princípio, moral são aspectos de condutas específicas;
2.     Ética é permanente, moral é temporal;
3.     Ética é universal, moral é cultural;
4.     Ética é regra, moral é conduta da regra;
5.     Ética é teoria, moral é prática.
Etimologicamente falando, ética vem do grego "ethos", e tem seu correlato no latim "morale", com o mesmo significado: Conduta, ou relativo aos costumes.  Podemos concluir que etimologicamente ética e moral são palavras sinônimas.
Passo a considerar a questão da ética a partir de uma visão pessoal através do seguinte quadro comparativo:

Ética Normativa
Ética Teleológica
  Ética Situacional
 
Ética Moral
Ética Imoral
Ética Amoral
Baseia-se em princípios e regras morais fixas
 
Baseia-se na ética dos fins: “Os fins justificam os meios”.
 
Baseia-se nas circunstâncias.  Tudo é relativo e temporal.
Ética Profissional e Ética Religiosa: As regras devem ser obedecidas.
Ética Econômica: O que importa é o capital.
Ética Política: Tudo é possível, pois em política tudo vale.


Conclusão:
Afinal, o que é ética?
Ética é algo que todos precisam ter.
Alguns dizem que têm.
Poucos levam a sério.
Ninguém cumpre à risca...

O que é Ética?
A origem da palavra ética vem do grego “ethos”, que quer dizer o modo de ser, o caráter. Os romanos traduziram o “ethos” grego, para o latim “mos” (ou no plural “mores”), que quer dizer costume, de onde vem a palavra moral. Tanto “ethos” (caráter) como “mos” (costume) indicam um tipo de comportamento propriamente humano que não é natural, o homem não nasce com ele como se fosse um instinto, mas que é “adquirido ou conquistado por hábito” (VÁZQUEZ). Portanto, ética e moral, pela própria etimologia, diz respeito a uma realidade humana que é construída histórica e socialmente a partir das relações coletivas dos seres humanos nas sociedades onde nascem e vivem.
No nosso dia-a-dia não fazemos distinção entre ética e moral, usamos as duas palavras como sinônimos. Mas os estudiosos da questão fazem uma distinção entre as duas palavras.
Assim, a moral é definida como o conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes, valores que norteiam o comportamento do indivíduo no seu grupo social. A moral é normativa. Enquanto a ética é definida como a teoria, o conhecimento ou a ciência do comportamento moral, que busca explicar, compreender, justificar e criticar a moral ou as morais de uma sociedade. A ética é filosófica e científica.
“Nenhum homem é uma ilha”. Esta famosa frase do filósofo inglês Thomas Morus ajuda-nos a compreender que a vida humana é convívio. Para o ser humano viver é conviver. É justamente na convivência, na vida social e comunitária, que o ser humano se descobre e se realiza enquanto um ser moral e ético. É na relação com o outro que surgem os problemas e as indagações morais: o que devo fazer? Como agir em determinada situação? Como me comportar perante o outro? Diante da corrupção e das injustiças, o que fazer?
Portanto, constantemente no nosso cotidiano encontramos situações que nos colocam problemas morais. São problemas práticos e concretos da nossa vida em sociedade, ou seja, problemas que dizem respeito às nossas decisões, escolhas, ações e comportamentos - os quais exigem uma avaliação, um julgamento, um juízo de valor entre o que socialmente é considerado bom ou mal, justo ou injusto, certo ou errado, pela moral vigente.
O problema é que não costumamos refletir e buscar os “porquês” de nossas escolhas, dos comportamentos, dos valores. Agimos por força do hábito, dos costumes e da tradição, tendendo a naturalizar a realidade social, política, econômica e cultural. Com isto, perdemos nossa capacidade critica diante da realidade. Em outras palavras, não costumamos fazer ética, pois não fazemos a crítica, nem buscamos compreender e explicitar a nossa realidade moral.
No Brasil, encontramos vários exemplos para o que afirmamos acima. Historicamente marcada pelas injustiças sócio-econômicas, pelo preconceito racial e sexual, pela exploração da mão-de-obra infantil, pelo “jeitinho” e a “lei do Geton”, etc. A realidade brasileira nos coloca diante de problemas éticos bastante sérios. Contudo, já estamos por demais acostumados com nossas misérias de toda ordem.
Naturalizamos a injustiça e consideramos normal conviver lado a lado as mansões e os barracos, as crianças e os mendigos nas ruas; achamos inteligente e esperto levar vantagem em tudo e tendemos a considerar como sendo “otário” quem procura ser honesto. Na vida pública, exemplos são o que não faltam, na nossa história recente: “anões do orçamento”, impeachment de presidente por corrupção, compras de parlamentares para a reeleição, máfia dos medicamentos, máfia do crime organizado, desvio do Fundef, etc.
Não sem motivos fala-se numa crise ética, já que tal realidade não pode ser reduzida tão somente ao campo político-econômico. Envolve questões de valor, de convivência, de consciência, de justiça. Envolve vidas humanas. Onde há vida humana em jogo, impõe-se necessariamente um problema ético. O homem, enquanto ser ético enxerga o seu semelhante, não lhe é indiferente. O apelo que o outro me lança é de ser tratado como gente e não como coisa ou bicho. Neste sentido, a Ética vem denunciar toda realidade onde o ser humano é coisificado e animalizado, ou seja, onde o ser humano concreto é desrespeitado na sua condição humana.

Questões para análise, reflexão e fixação do conteúdo:

01 - A virtude da intolerância.
Imoral é “o intolerante, que imagina ser ele o proprietário de um único critério moral para todas as formas de moralidade, e por isso o aplica a ferro e fogo sem levar em consideração as condições em que o juízo moral deva ser suspenso” (José Artur Gianotti). Comente o conceito de ética que identifica virtude com tolerância.
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02 - Moral e benefício.
Muitos filósofos que refletiram sobre as questões éticas acreditam que o indivíduo que age de forma moralmente correta é recompensado com alguma forma de benefício. Que tipo de benefício poderia resultar da conduta moralmente correta? Comente.
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03 - Leia a seguinte afirmação de Santo Agostinho e teça um comentário pessoal:
“Ama e faz o que queres, porque se amas corretamente, tudo quanto faças será bom.” Comparando essa afirmação de Santo Agostinho com a afirmação de Sócrates de que o vício é fruto da ignorância, o que se pode notar de diferente nas duas concepções éticas?
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04 - Comente a seguinte frase de Voltaire:
 “Ser desprezado por aqueles com quem se vive é coisa que ninguém pode e jamais poderá suportar. Talvez seja esse o freio que a natureza tenha posto nas injustiças dos homens”.
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05 - Comente a concepção de vida expressa por Bertrand Russel:
 “Três grandes desejos marcaram minha vida: o desejo de ser amado, o desejo de saber, e o desejo de aliviar o sofrimento humano”. Qual a relação entre esses desejos?
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“A verdadeira moral zomba da moral”
Pascal







ATIVIDADE PARA OS PRIMEIROS ANOS - MATUTINO, VESPERTINO E NOTURNO - ESCOLA DEUZUÍTA - 2015

E.E.E.M. Professora Deuzuíta Pereira de Queiroz
Estudo Dirigido 001/ Disciplina: Filosofia
Professor: SRAS
Aluno: _________________________________________________________________________________ Turma: ______________. Turno:______________________ . Entregar no dia da aula de cada turma, na semana de 16 a 20 de março 2015.

HOMEM: O SER QUE PERGUNTA
Normalmente perguntamos sem refletir sobre o próprio perguntar, sem indagar pelo significado dessa operação da inteligência que se acha na raiz de todo conhecimento e de toda ciência. E ao perguntar pelo perguntar, convertemos essa operação, que nos parece tão banal, tão cotidiana, em tema filosófico, a partir do momento em que passamos a considerá-la do ponto de vista da crítica radical.
             Se compararmos, nesse aspecto, o comportamento humano com o do animal, verificaremos que o animal não pergunta, não indaga, limitando-se a responder. Mas, por que o animal não pergunta? Não pergunta porque não precisa perguntar. E por que não precisa perguntar? Porque, para viver e reproduzir-se, dispõe do instinto que o torna capaz de fazer, embora inconsciente e sonambulicamente, tudo o que é necessário para sobreviver e assegurar a sobrevivência de sua espécie. O animal não pergunta, limita-se a responder aos estímulos e provocações do contexto em que encontra, a responder imediatamente, fugindo do perigo, quando é ameaçado, e atacando a presa quando está com fome.
            Entre o animal e o contexto em que vive não há ruptura, não há solução de continuidade. Porque o animal é natureza dentro da natureza, instinto, espontaneidade vital, inconsciência (... )
            Quando o comportamento do animal não é ditado pelo instinto, pela necessidade de alimentar-se, ou de reproduzir-se, e de mover-se no espaço, é ditado pelos estímulos exteriores que provocam reflexos ou respostas previamente determinados. O animal não precisa saber o que são as coisas, não precisa perguntar, porque sabe, por instinto, tudo o que precisa saber para sobreviver e assegurar a sobrevivência da espécie, do grupo ou da família a que pertence.
            Essa ciência está implícita em sua natureza, pois o peixe nasce sabendo nadar, o pássaro sabendo voar, e os gatos e cachorros sabendo andar e correr. A integração no contexto natural é completa, mesmo por parte dos animais que constroem colmeias como as abelhas, edifícios para morar como as formigas, ou teias como as aranhas. Essas construções são obra do instinto atividade que realiza fins determinados sem Ter consciência de que os realiza, sem Ter a possibilidad , ou a liberdade de não realizá-los. Pois ser abelha e construir colmeias é a mesma coisa, e a mesma coisa, também, é ser formiga e erguer formigueiros, e ser aranha e fabricar as teias. Toda a conduta, toda a atividade do animal está predeterminada, preestabelecida, em sua natureza, inclusive a possibilidade, que se verifica em relação a certos animais superiores, de serem adestrados para trabalhar nos circos.
Em contraste, o homem pergunta. E, por que pergunta? Porque precisa perguntar. Mas, por que precisa perguntar? Precisa perguntar porque não sabe e precisa saber, saber o que é o mundo em que se encontra e no qual deve viver. Para poder viver, e viver é conviver, com as coisas e com os outros homens, precisa saber como as coisas e os outros homens se comportam, pois sem esse conhecimento não poderia orientar sua conduta em relação as coisas e aos homens. Para o ser humano o conhecimento não é facultativo, mas indispensável, uma vez que sua sobrevivência  dele depende. Mas, para que esse conhecimento lhe seja realmente útil e lhe permita transformar a natureza, pondo-a a seu serviço, e lhe permita, também, transformar sua própria natureza, pela educação e pela cultura, para que esse conhecimento possa tornar-se o fundamento de uma técnica realmente eficaz, é indispensável que não seja meramente empírico, mas científico, ou epistemológico, como diziam os gregos.
Ora, que está na origem do conhecimento, tanto filosófico quanto científico? Na origem desse conhecimento está a capacidade, ou melhor, a necessidade de perguntar, de indagar, o que são as coisas e o que é o homem. E qual é o pressuposto, ou a condição, de possibilidade da pergunta? Se pergunto é porque não sei, ou me comporto como se não soubesse. A pergunta supõe, consequentemente, a ignorância em relação ao que se pretende ou precisa saber, pressupondo também, e ao mesmo tempo, a consciência da ignorância e o conhecimento, por assim dizer, em oco, daquilo que se desconhece e precisa conhecer. A mola do processo é a contradição. Não sei o que não sei, e essa consciência da ignorância, a ciência da insciência, é o que me permite perguntar, quer a pergunta se dirija à natureza, quer se enderece aos outros homens.
Na origem, na raiz do perguntar, encontramos, portanto, a ruptura, a cisão, a contradição. Não sei, preciso saber e porque sei que não sei, pergunto, na expectativa de que a resposta possa trazer-me o conhecimento que não tenho e preciso Ter.       

Questões:
1 - Segundo o autor, normalmente fazemos perguntas sem refletir sobre o próprio ato de perguntar, sem questionar o significado dessa operação da inteligência. Qual a consequência de rompermos com essa atitude, isto é, perguntarmos pelo perguntar?
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2 - Baseando-se no texto, responda: por que o animal, para viver, não precisa perguntar?
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3 - Em contraste com o animal, por que o homem precisa perguntar?
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4 - Comente e interprete estas palavras do autor: “não sei e sei que não sei, e essa consciência da ignorância (...) é o que me permite perguntar”.
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5 – Em sua opinião, lendo esse texto, o que corresponde à verdade dos fatos apresentados? Justifique.
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6 - Você concorda com os argumentos expostos no presente texto? Justifique sua resposta.
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7 - O que o texto critica? E qual a principal razão que o texto se vale para fazer essa crítica?
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8 – Elabore uma apreciação crítica sobre o texto, refutando ou concordando com o mesmo.
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9 – Segundo o autor, dentro do tema enfocado, qual a questão central?
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10 – A luz do texto; Que compromisso precisamos assumir no ambiente em que vivemos ou atuamos para mudar está realidade?

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domingo, 1 de março de 2015

MATERIAL PARA OS PRIMEIROS E SEGUNDOS ANOS - Matutino, Vespertino e Noturno - ESCOLA DEUZUÍTA -2015

Como fichar um texto, artigo, livro, etc...

Seguem algumas dicas, que não pretendem ser deterministas, apenas indicar um caminho inicial.


1 - Antes de começar...


* O ideal, antes de fazer um fichamento qualquer, é "preparar o terreno" fazendo uma boa leitura inicial do material, para ter uma idéia do terreno em que se está pisando.
* Será um ótimo sinal se já surgirem daí aqueles "grandes achados" (idéias que nos soam como novas ou antigas idéias que reaparecem rejuvenescidas); anote-as, pois de outra forma se esquecerá delas e só perderá com isso.
* Da mesma forma, perguntas ou dúvidas que surgem durante ou depois da leitura são importantes; tente anotá-las, pois são um tesouro precioso para quem estuda. Cabe ao leitor decidir, exercitando o seu bom senso, se convém interromper a leitura por um breve momento para esclarecimento daquela dúvida, ou se a dúvida pode esperar até o final da leitura do texto. Esse costuma ser o caso, esperar, quando o entendimento do texto não é comprometido pela dúvida e quando aquela dúvida vai exigir um esforço maior de estudo. Em todo caso, seja como for, anote a dúvida.
* Procure enriquecer sua compreensão fazendo uma pesquisa sobre o texto em algum material de comentadores, busque nas enciclopédias ou mesmo na internet. Abra seus horizontes para ter uma visão melhor das conexões entre o que foi lido e o "mundo".
* FINALMENTE: releia o texto novamente e vá fazendo o fichamento enquanto relê.
* Partilhe, troque idéias! Um texto não é um bicho morto para ser dissecado. Dificilmente alguém que leu entendeu tudo que havia para entender, procure debater com quem viu algo diferente, de uma mesma fonte pode nascer bichos diferentes. Um bom texto é um bicho vivo, e grávido.



2 - Tipos de fichamento


Fichamento bibliográfico:
--- indicar com clareza o autor e o livro em questão
--- indicar se alguém importante já fez uma resenha sobre o livro
--- indicar o objetivo, tema central e a natureza do livro
--- passar todos os capítulos e indicar a sua idéia central



Fichamento temático:
--- escolha um tema central do livro
--- apresente um panorama do tema com recurso a outras fontes
--- indique os sentidos do tema na obra analisada



Fichamento de autor:
--- apresente dados bibliográficos do autor
--- apresente as principais obras do autor se for possível, (1) faça um breve comentário sobre cada uma delas, (2) mostre como se encaixam dentro da evolução do pensamento do autor, (3) mostre quais as questões chaves tratadas em cada obra, etc.
--- apresente um quadro geral da sua obra completa se for possível, (1) destaque as questões principais que o incomodavam, (2) enumere quais as suas maiores contribuições, (3) mostre aquilo que ficou faltando ou aberturas que geraram novas discussões depois.



3 - Tipos de atitude diante da leitura


Fechamento:
--- "eu já tenho uma posição definida, vou ler esse autor chato e esse texto ultrapassado só para dar uma olhada, duvido que vá aprender algo" E está certíssimo, eu também duvido que você vá aprender alguma coisa.



Reducionismo:
--- nega que toda moeda tem dois lados, faz uma leitura de forma submissa ou dominadora, concordando totalmente ou discordando completamente do autor. Revela uma dificuldade ou incapacidade de manter a identidade e de reconhecer a diferença. Uma posição tem sempre que absorver ou ser absorvida por outra. O autor tem sempre que ser um herói ou um vilão.



Estreitamento:
--- se prende ao texto escrito, não consegue se libertar dos sinais gráficos, não consegue estabelecer conexões, nem entender que leitura também se faz do mundo, da história, dos contextos sociais e individuais. Os textos parecem sempre comunicar coisas distantes, tudo cheira a mofo, coisas velhas e passadas, trivialidade, teorias abstratas sem sentido... É um sintoma grave: procure uma biblioteca urgente e marque uma consulta, peça uma receita de bons livros para curar essa anemia cultural.



Dialética e crítica mútua:
--- reconhece que a história muda, que uma mesma imagem não vale para todo caso, que tudo está em relação ciência-religião-filosofia-sociedade- arte-literatura; pretende manter a identidade própria mas também procura reconhecer as diferenças e dialogar com elas. É a atitude do verdadeiro filósofo.



4 - Como fichar


Não existe um modo único para fazer fichamentos, o modo pode variar bastante de acordo com a obra analisada, essa talvez seja a dificuldade principal em que esbarram aqueles que buscam um "roteiro esquemático".


Acho, contudo, que, ao invés de encarar isso como um problema, os interessados deveriam se sentir até aliviados. Os pontos chaves eu tentei enumerar acima, quanto a forma e o conteúdo, ficam a critério da criatividade e da capacidade de leitura e escrita de cada um.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Material para Recuperação Paralela - 01/2014 - Deuzuíta - PRIMEIROS ANOS

E.E.E.M. PROFESSORA DEUZUÍTA PEREIRA DE QUEIROZ                 

DISCIPLINA: FILOSOFIA

PROFESSOR: SRAS

RECUPERAÇÃO PARALELA/ 01/2014

ALUNO:____________________________________________

SÉRIE___________ TURMA: ______TURNO________

Observações Iniciais:
            a) Leia o texto todo;
            b) Procure entendê-lo antes de responder qualquer pergunta;
            c) Se alguma frase ou idéia não ficou clara, releia o texto;
            d) Só então procure responder ou refletir em cima do texto;

No texto a seguir, Corbisier ressalta a importância suprema do ato de perguntar. Esse ato, tão “banal e cotidiano”, nos distingue, essencialmente, de todos os demais seres viventes. Por isso, está na raiz de toda e qualquer atividade filosófica.

HOMEM: O SER QUE PERGUNTA
Normalmente perguntamos sem refletir sobre o próprio perguntar, sem indagar pelo significado dessa operação da inteligência que se acha na raiz de todo conhecimento e de toda ciência. E ao perguntar pelo perguntar, convertemos essa operação, que nos parece tão banal, tão cotidiana, em tema filosófico, a partir do momento em que passamos a considerá-la do ponto de vista da crítica radical.
             Se compararmos, nesse aspecto, o comportamento humano com o do animal, verificaremos que o animal não pergunta, não indaga, limitando-se a responder. Mas, por que o animal não pergunta? Não pergunta porque não precisa perguntar. E por que não precisa perguntar? Porque, para viver e reproduzir-se, dispõe do instinto que o torna capaz de fazer, embora inconsciente e sonambulicamente, tudo o que é necessário para sobreviver e assegurar a sobrevivência de sua espécie. O animal não pergunta, limita-se a responder aos estímulos e provocações do contexto em que encontra, a responder imediatamente, fugindo do perigo, quando é ameaçado, e atacando a presa quando está com fome.
            Entre o animal e o contexto em que vive não há ruptura, não há solução de continuidade. Porque o animal é natureza dentro da natureza, instinto, espontaneidade vital, inconsciência (... )
            Quando o comportamento do animal não é ditado pelo instinto, pela necessidade de alimentar-se, ou de reproduzir-se, e de mover-se no espaço, é ditado pelos estímulos exteriores que provocam reflexos ou respostas previamente determinados. O animal não precisa saber o que são as coisas, não precisa perguntar, porque sabe, por instinto, tudo o que precisa saber para sobreviver e assegurar a sobrevivência da espécie, do grupo ou da família a que pertence.
            Essa ciência esta implícita em sua natureza, pois o peixe nasce sabendo nadar, o pássaro sabendo voar, e os gatos e cachorros sabendo andar e correr. A integração no contexto natural é completa, mesmo por parte dos animais que constróem colmeias como as abelhas, edifícios para morar como as formigas, ou teias como as aranhas. Essas construções são obra do instinto, atividade que realiza fins determinados sem Ter consciência de que os realiza, sem Ter a possibilidade, ou a liberdade de não realizá-los. Pois ser abelha e construir colmeias é a mesma coisa, e a mesma coisa, também, é ser formiga e erguer formigueiros, e ser aranha e fabricar as teias. Toda a conduta, toda a atividade do animal está predeterminada, preestabelecida, em sua natureza, inclusive a possibilidade, que se verifica em relação a certos animais superiores, de serem adestrados para trabalhar nos circos.
Em contraste, o homem pergunta. E, por que pergunta? Porque precisa perguntar. Mas, por que precisa perguntar? Precisa perguntar porque não sabe e precisa saber, saber o que é o mundo em que se encontra e no qual deve viver. Para poder viver, e viver é conviver, com as coisas e com os outros homens, precisa saber como as coisas e os outros homens se comportam, pois sem esse conhecimento não poderia orientar sua conduta em relação as coisas e aos homens. Para o ser humano o conhecimento não é facultativo, mas indispensável, uma vez que sua sobrevivência dele depende. Mas, para que esse conhecimento lhe seja realmente útil e lhe permita transformar a natureza, pondo-a a seu serviço, e lhe permita, também, transformar sua própria natureza, pela educação e pela cultura, para que esse conhecimento possa tornar-se o fundamento de uma técnica realmente eficaz, é indispensável que não seja meramente empírico, mas científico, ou epistemológico, como diziam os gregos.
Ora, que está na origem do conhecimento, tanto filosófico quanto científico? Na origem desse conhecimento está a capacidade, ou melhor, a necessidade de perguntar, de indagar, o que são as coisas e o que é o homem. E qual é o pressuposto, ou a condição, de possibilidade da pergunta? Se pergunto é porque não sei, ou me comporto como se não soubesse. A pergunta supõe, consequentemente, a ignorância em relação ao que se pretende ou precisa saber, pressupondo também, e ao mesmo tempo, a consciência da ignorância e o conhecimento, por assim dizer, em oco, daquilo que se desconhece e precisa conhecer. A mola do processo é a contradição. Não sei o que não sei, e essa consciência da ignorância, a ciência da insciência, é o que me permite perguntar, quer a pergunta se dirija à natureza, quer se enderece aos outros homens.
Na origem, na raiz do perguntar, encontramos, portanto, a ruptura, a cisão, a contradição. Não sei, preciso saber e porque sei que não sei, pergunto, na expectativa de que a resposta possa trazer-me o conhecimento que não tenho e preciso Ter.       
  
Questões:

1-     Segundo o autor, normalmente fazemos perguntas sem refletir sobre o próprio ato de perguntar, sem questionar o significado dessa operação da inteligência. Qual a conseqüência de rompermos com essa atitude, isto é, perguntarmos pelo perguntar?
2-     Baseando-se no texto, responda: por que o animal, para viver, não precisa perguntar?
3-     Em contraste com o animal, por que o homem precisa perguntar
4-     Comente e interprete estas palavras do autor: “não sei e sei que não sei, e essa consciência da ignorância (...) é o que me permite perguntar”.
5- Caro educando estamos finalizando o primeiro semestre e o  processo de aprendizagem acontece na relação educando educador. Analisando sua trajetória de estudo neste primeiro bimestre, como você avalia seu desempenho como educando? Você cumpriu as metas estabelecidas por nós no início do bimestre? Após esta reflexão se auto avalie e atribua uma nota de 0 a 10.

Entregar  até dia 30/05/2014