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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Para os segundos anos do matutino - Resenha "A beleza está nos olhos de quem vê" - Camila Cury

Resenha "A beleza está nos olhos de quem vê" - Camila Cury

Definitivamente, eu tenho uma frase de peso para lhes dizer hoje: “A beleza está nos olhos de quem vê”! Sim, e ela está mesmo, nos meus olhos, no seus olhos e nos olhos das outras pessoas, mas ver nem sempre quer dizer, enxergar, não é? Muitas vezes, olhamos no espelho e vemos algo que não gostaríamos de ver, sempre surge um defeitinho (mulher nunca está satisfeita! rs), uma dobrinha, ou um culote, uma estria, enfim, mulher é assim e o natural é nunca se elogiar, mas depreciar-se sempre... Isso é errado! E sabe por quê?

No livro “A beleza está nos olhos de quem vê”, de Camila Cury, filha do autor Augusto Cury, lançado pela Editora Sextante, ela nos conta diversas histórias e fatores que nós desconhecemos e que acontecem em nossa cabeça. Se depreciar é algo totalmente ofensivo e perigoso a nós, é algo que nunca pode ser apagado de nossa mente e ela explica o fenômeno e o processo todo que se desenvolve, iniciando pelo Registro de Memória Automática, que depois se torna uma janela killer, ou seja, tudo o que nos faz temer, não gostar, depreciar, tudo mesmo, é guardado nessa janela killer e, uma vez guardado não pode ser apagado... Irá conviver conosco sempre, mas ele pode ser editado, questionado, e isso depende de nós!

No decorrer do livro, Camila, discute diversos fatores, personalidades (como Yoko Ono, Michael Jackson...) e histórias, inclusive a dela. E é fácil perceber o quanto, nós, dilaceramos com nosso corpo, mente e coração. É incrível e assustador o que a mente e simples comentários podem despertar em nós. Confesso que fiquei assustada e agora sei que não devo me prejudicar, mas sim me amar. Entrar em um eterno romance comigo, me conhecer, me adorar... Para depois, quem sabe, eu amar alguém. E isso não acontece só comigo, mas com muitas pessoas que pensam amar o relacionamento, ou alguém, antes mesmo de se amar e isso, como pude ver, é impossível.

Quando você deixa de se amar, ou nunca se amou, é impossível amar ao outro e fazer com que a relação seja benéfica e dê certo. Há muitos relacionamentos, por exemplo, que chegam ao seu fim por motivos banais e ela também cita isso, e eu vou citar apenas um exemplo: Você deve ter algo que não agrada, não tem? Barriga, seios, culote, celulite, coisas poucas, pequenas que não te fazem melhor e nem pior. E isso passa despercebido, sabe por quê? Porque a pessoa que a ama e está ao seu lado não percebe nada disso, pois você é um verdadeiro presente na vida dela, e ela sabe o quanto adora passar os momentos, e as finitas horas ao seu lado, porém, como tudo tem um porém e um mas, você acaba com essa sensação de frescor, alegria, romance e sex appeal quando insiste em plantar seus descontentamentos, não só em sua mente, mas na mente de seu parceiro. Aos poucos o que passava despercebido e ele até gostava, acaba se tornando impossível de suportar. E quem é o culpado disso? Não é o seu parceiro não, mas você, fora tu que procuraste... Pense nisso! Não faça um antimarketing de si, não perca horas e uma vida de alegria por algo que não é maior que você. Você é a maior beleza do mundo, é única... Sua forma já foi destruída, pois ninguém pode ser tão especial quanto você... Cada um tem a sua autoimagem, o seu biotipo e a sua mente.

"Sim, a partir de hoje eu me sentirei bela pelo que eu sou."

Cabe a nós, nos cuidarmos sim, e repito: Se cuidar, sim! Ferir o corpo, não!

"Sim, todas nós, mulheres – judias, muçulmanas, africanas, europeias, chinesas, americanas, brasileiras -, somos diferentes nas características, mas iguais na essência."

Por isso, de hoje em diante, caras amigas, passem mais horas diante do espelho, mas ADMIRANDO-SE, sorrindo, olhando para os seus traços marcantes, seus olhos bonitos e sonhadores, sua boca charmosa, seu sorriso... Encontre a sua essência e não perca-a, pois você é única!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Conto: A águia e a galinha

Contos

A águia e a Galinha

Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas.

Depois de cinco anos, esse homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista:
- Esse pássaro não é uma galinha. É uma águia - Disse o naturalista.
- De fato - retrucou o camponês. É uma águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.

- Não - indagou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem coração de águia. Este coração um dia a fará voar às alturas.
- Não, não - insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:

- Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos, e pulou pra junto delas. O camponês comentou:

- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
- Não - tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.

No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia até o teto da casa. Sussurrou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, abra as asas e voe.
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando no chão, pulou e foi para junto delas. O camponês sorriu e voltou a dizer:
- Eu lhe havia dito, ela virou galinha!
- Não - respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda mais uma vez. Amanhã a farei voar.

No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto da montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.

O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte. Nesse momento, ela abriu suas
potentes asas, grasnou e ergueu-se, soberana, sobre si mesma... e começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez mais alto!

Voou...voou... até confundir-se com o azul do firmamento...
É interessante perceber como cada um de nós é uma águia criada como galinha. Cada pessoa tem dentro de si uma águia. Ela quer nascer, sente o chamado das alturas. Busca o sol. Foi feita para os grandes ideais e os grandes sentimentos, apesar de muitas vezes estar acostumada a ficar olhando para o chão e ficar presa a coisas pequenas como uma galinha ciscando no galinheiro. Por isso somos constantemente desafiados a libertar a águia que nos habita.

Conto : A menina e o pássaro

Conto

A menina e o Pássaro

Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo. Ele era um pássaro diferente de todos os demais: Era encantado. Os pássaros comuns, se a porta da gaiola estiver aberta, vão embora para nunca mais voltar.

Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades...

Suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava.

Certa vez, voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão.

"- Menina, eu venho de montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores. Trouxe, nas minhas penas, um pouco de encanto que eu vi, como presente para você...".

E assim ele começava a cantar as canções e as estórias daquele mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro.

Outra vez voltou vermelho como fogo, penacho dourado na cabeça.

"... Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga.
Minhas penas ficaram como aquele sol e eu trago canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes.

E de novo começavam as estórias.

A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia.

E o pássaro amava a menina, e por isso voltava sempre.

Mas chegava sempre uma hora de tristeza.

"- Tenho que ir", ele dizia.
"- Por favor não vá, fico tão triste, terei saudades e vou chorar....".

"- Eu também terei saudades", dizia o pássaro. "-- Eu também vou chorar.

Mas eu vou lhe contar um segredo: As plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam dos rios... E o meu encanto precisa da saudade. É aquela tristeza, na espera da volta, que faz com que minhas penas fiquem bonitas.

Se eu não for, não haverá saudades. Eu deixarei de ser um pássaro encantado e você deixará de me amar.

Assim ele partiu. A menina sozinha, chorava de tristeza à noite, imaginando se o pássaro voltaria. E foi numa destas noites que ela teve uma idéia malvada.

"- Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá; será meu para sempre. Nunca mais terei saudades, e ficarei feliz".
Com estes pensamentos comprou uma linda gaiola, própria para um pássaro que se ama muito. E ficou à espera. Finalmente ele chegou, maravilhoso, com suas novas cores, com
estórias diferentes para contar.

Cansado da viagem, adormeceu. Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz. Foi acordar de madrugada, com um gemido triste do pássaro.

"- Ah! Menina... Que é que você fez? Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias...".

Sem a saudade, o amor irá embora...
A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas isto não aconteceu. O tempo ia passando, e o pássaro ia ficando diferente. Caíram suas plumas, os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio; deixou de cantar.

Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava.

E de noite ela chorava pensando naquilo que havia feito ao seu amigo... Até que não mais agüentou. Abriu a porta da gaiola.

"- Pode ir, pássaro, volte quando quiser...".
"- Obrigado, menina. É, eu tenho que partir. É preciso partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro da gente. Sempre que você ficar com saudades, eu ficarei mais bonito. Sempre que eu ficar com saudades, você ficará mais bonita. E você se enfeitará para me esperar...

E partiu. Voou que voou para lugares distantes. A menina contava os dias, e cada dia que passava a saudade crescia.
"- Que bom, pensava ela, meu pássaro está ficando encantado de novo...".

E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos; e penteava seus cabelos, colocava flores nos vasos...

"- Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje...

Sem que ela percebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado como o pássaro. Porque em algum lugar ele deveria estar voando. De algum lugar ele haveria de voltar.
AH! Mundo maravilhoso que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama...

E foi assim que ela, cada noite ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com o pensamento.

- Quem sabe ele voltará amanhã...

E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro.

Conto : A menina e o pássaro

Conto

A menina e o Pássaro

Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo. Ele era um pássaro diferente de todos os demais: Era encantado. Os pássaros comuns, se a porta da gaiola estiver aberta, vão embora para nunca mais voltar.

Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades...

Suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava.

Certa vez, voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão.

"- Menina, eu venho de montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores. Trouxe, nas minhas penas, um pouco de encanto que eu vi, como presente para você...".

E assim ele começava a cantar as canções e as estórias daquele mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro.

Outra vez voltou vermelho como fogo, penacho dourado na cabeça.

"... Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga.
Minhas penas ficaram como aquele sol e eu trago canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes.

E de novo começavam as estórias.

A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia.

E o pássaro amava a menina, e por isso voltava sempre.

Mas chegava sempre uma hora de tristeza.

"- Tenho que ir", ele dizia.
"- Por favor não vá, fico tão triste, terei saudades e vou chorar....".

"- Eu também terei saudades", dizia o pássaro. "-- Eu também vou chorar.

Mas eu vou lhe contar um segredo: As plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam dos rios... E o meu encanto precisa da saudade. É aquela tristeza, na espera da volta, que faz com que minhas penas fiquem bonitas.

Se eu não for, não haverá saudades. Eu deixarei de ser um pássaro encantado e você deixará de me amar.

Assim ele partiu. A menina sozinha, chorava de tristeza à noite, imaginando se o pássaro voltaria. E foi numa destas noites que ela teve uma idéia malvada.

"- Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá; será meu para sempre. Nunca mais terei saudades, e ficarei feliz".
Com estes pensamentos comprou uma linda gaiola, própria para um pássaro que se ama muito. E ficou à espera. Finalmente ele chegou, maravilhoso, com suas novas cores, com
estórias diferentes para contar.

Cansado da viagem, adormeceu. Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz. Foi acordar de madrugada, com um gemido triste do pássaro.

"- Ah! Menina... Que é que você fez? Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias...".

Sem a saudade, o amor irá embora...
A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas isto não aconteceu. O tempo ia passando, e o pássaro ia ficando diferente. Caíram suas plumas, os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio; deixou de cantar.

Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava.

E de noite ela chorava pensando naquilo que havia feito ao seu amigo... Até que não mais agüentou. Abriu a porta da gaiola.

"- Pode ir, pássaro, volte quando quiser...".
"- Obrigado, menina. É, eu tenho que partir. É preciso partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro da gente. Sempre que você ficar com saudades, eu ficarei mais bonito. Sempre que eu ficar com saudades, você ficará mais bonita. E você se enfeitará para me esperar...

E partiu. Voou que voou para lugares distantes. A menina contava os dias, e cada dia que passava a saudade crescia.
"- Que bom, pensava ela, meu pássaro está ficando encantado de novo...".

E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos; e penteava seus cabelos, colocava flores nos vasos...

"- Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje...

Sem que ela percebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado como o pássaro. Porque em algum lugar ele deveria estar voando. De algum lugar ele haveria de voltar.
AH! Mundo maravilhoso que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama...

E foi assim que ela, cada noite ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com o pensamento.

- Quem sabe ele voltará amanhã...

E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro.

Texto Complementar para os Terceiros Anos quarto bim.

Texto Complementar – ESTÉTICA E FILOSOFIA DA ARTE
ESTÉTICA E FILOSOFIA DA ARTE
O conhecimento através dos sentidos e do belo
"Os filósofos são homens doidos (...) pensar é estar doente dos olhos". (Fernando Pessoa)
"Através da obra de arte, tanto o indivíduo como a sociedade percorrem o caminho em direção à cultura e realizam seu encontro com a eternidade". (Gilberto Cotrim)
Origem da palavra estética - em sua origem, o termo "estética" vem da palavra grega aisthetiké, que se refere a tudo aquilo que pode ser percebido pelos sentidos.
Conceito Kantiano - baseado nessa etimologia, Kant definiu estética, tempos depois, como: "A ciência que trata das condições da percepção pelos sentidos".
Conceito de Baumgarten - no entanto, foi o alemão Alexander Baumgarten (1714-1762) quem utilizou pela primeira vez o sentido de estética como adotamos hoje como: "Teoria do belo e das suas manifestações através da arte".
A estética como ciência - como ciência e teoria do belo, a estética pretende alcançar um tipo específico de conhecimento: "Aquele que é captado pelos sentidos". Por esse motivo ela contrapõe a lógica e a matemática por exemplo.
Razão X Sentidos - o que difere esse padrão de visão é que as ciências lógicas operam pela razão enquanto as humanas consideram a atuação dos sentidos como vertente máxima.
Sentidos e Estética - a estética parte da experiência sensorial, da sensação, da percepção sensível que não apresenta a mesma clareza lógica-racional.
Objeto de investigação da estética (filosofia do belo) - é a obra de arte. A estética teoriza princípios pertinentes ao belo.
Filosofia da Arte (ciência geral da arte) - todavia, encontramos ainda a filosofia da arte, que procura investigar o desenvolvimento artístico em busca do "sentido" da história da arte. A Filosofia da Arte analisa os aspectos histórico-culturais presentes nas obras artísticas.
O BOM E O BELO - A ESTÉTICA NA EDUCAÇÃO
Por diversos ângulos e com diferentes enfoques, as discussões sobre a beleza e os estético tiveram uma presença marcante no pensamento de vários autores, desde a Antigüidade grega até os nossos dias. Muitas dessas especulações tomaram o rumo de associar o belo e o bom, entrelaçando os campos filosóficos da estética e da moral.
Sócrates e Platão - diziam que o que é bom é belo, e o que é belo é bom.
O belo e o senso comum - o que é complicado em vista de frases comuns ao nosso dia a dia em foco do senso comum: Exemplo "Quando um indivíduo age mal, costuma-se dizer: "Que feio", já se age de maneira ética, corretamente, fala-se que teve uma atitude bonita".
O belo e a educação - o escritor e pensador alemão Schiller (1759-1805) propôs a educação estética como forma de harmonizar e aperfeiçoar o mundo e de o indivíduo alcançar a sua liberdade: "Para chegar a uma solução, mesmo em questões políticas, o caminho da estética deve ser buscado, porque é pela beleza que chegamos à liberdade".
Missão da arte - através do belo, o mundo material se reconcilia com a forma superior de moralismo.
A ARTE E SEU FASCÍNIO
Desde os primórdios, o homem constrói no mundo sua próprias coisas, demonstrando através dos tempos maior ou menor habilidade. Logo:
Arte - é o conjunto de coisas feitas pelo homem e que se distinguem, se sobressaem por revelarem dedicação, capricho, talento, perícia, beleza e eficiência.
Os Sentidos e a Arte - em nossas vidas, já nos encontramos em estado de contemplação na música, na pintura, na dança, na poesia, todavia, é difícil explicar as vezes o que realmente nos encanta em uma obra de arte ou mesmo entender as razões que levam os humanos a serem atraídos pela arte.
Arte segundo Susanne Langer - a pensadora norte-americana Susanne Langer define a arte como: "A prática de criar formas perceptíveis expressivas do sentimento humano". A função primordial da arte para Susanne é "Objetivar o sentimento de modo que possamos contemplá-lo e entendê-lo. É a formulação da chamada "experiência interior", da "vida interior", que é impossível atingir pelo pensamento discursivo".
Prática de Criar - a arte é produto do fazer humano. Deve combinar a habilidade desenvolvida no trabalho (prática) com a imaginação (criação).
Formas Perceptíveis - a arte se concretiza em formas capazes de serem percebidas por nossa mente e que carregam identidade própria. Essas obras podem ser:
1. Estáticas - obra arquitetônica, uma escultura.
2. Dinâmica - uma música, uma forma de dança.
Conceito de Perceptível - a palavra perceptível não se refere às formas captadas apenas pelos sentidos exteriores, mas também pela imaginação.
Expressão do Sentimento Humano - a arte é sempre a manifestação (expressão) dos sentimentos humanos. Esses sentimentos podem revelar a emoção diante daquilo que amamos, ou a revolta que envolve nossos problemas e dissabores sociais.
TIPOS DE OBRA OU CRIAÇÃO
"Uma tentativa de distinguir a arte da técnica".
Ao criar uma obra, o homem pode estar preocupado, de modo mais ou menos intenso, com a produção de objetos úteis ou de objetos belos.
Obra Útil - quando a intenção é a produção de uma obra útil, temos as realizações técnicas, que se desenvolvem pela aplicação prática de um conhecimento.
Obra Bela - quando a intenção de produção de obra bela é dominante temos as chamadas belas-artes e as belas letras, ou simplesmente artes - embora toda arte dependa de uma técnica.
Técnica - é o domínio de uma habilidade prática.
Então conclui-se:
A Arte - enfatiza o belo.
A Realização Técnica - enfatiza a utilidade e a aplicação prática.
Diversidade Artística - desde a Antigüidade o homem vem desenvolvendo vários tipos de arte: artes plásticas (arquitetura, escultura, pintura), música, dança, literatura, teatro, cinema, fotografia etc.
ARTE E SOCIEDADE
Há estudiosos que vêem na obra de arte uma manifestação pura e simples dos sentimentos individuais do artista. Outros a encaram como uma atividade plenamente lúdica, gratuita, livre que quaisquer preocupações utilitárias ou condicionamentos exteriores à sua própria criação.
Fenômeno Social - a atividade artística vai muito mais além disso, a arte é um fenômeno social, pois é impossível situar uma obra de arte sem estabelecer um vínculo com uma determinada sociedade.
Arte é um fenômeno social porque:
1. O artista é um ser social - como ser social, o artista reflete na obra de arte sua própria maneira de sentir o mundo em que vive, as alegrias e as angústias, os problemas e esperanças de seu momento histórico. Para Georg Lukács: "O artista vive em sociedade e - queira ou não - existe uma influência recíproca entre ele e a sociedade. O artista - queira ou não - se apóia numa determinada concepção do mundo, que ele exprime igualmente em seu estilo".
2. A obra de arte é percebida socialmente pelo público - por mais íntima e subjetiva que seja a experiência do artista deixada em sua obra, esta será sempre percebida de alguma maneira pelas pessoas. A obra de arte será então um elemento social de comunicação da mensagem do seu criador. Afirma ainda Georg Lukács: "Uma arte que seja por definição sem eco, incompreensível para os outros - uma arte que tenha o caráter de puro monólogo - só seria possível num asilo de loucos (...) A necessidade de repercussão, tanto do ponto de vista da forma, quanto ao conteúdo, é a característica inseparável, o traço essencial de toda obra de arte autêntica em todos os tempos".
A Arte como Fenômeno Social - como fenômeno social, a arte possui relação direta com a sociedade, essa relação não é estática e imutável, mas ao contrário, é dinâmica e modifica-se no decorrer da história.
Relação Arte e Sociedade - no que diz respeito ao artista, as relações da sua arte para com a sociedade podem ser de paz e harmonia, de fuga e ilusão, de protestos e revolta.
A Censura e o Incentivo - já da relação da sociedade com a arte, poderá ser através da ajuda, do incentivo, ou será de censura, limitação, de opressão.
OBRA DE ARTE
"O fascínio do eterno e do universal"
Afirmar que a arte é um fenômeno social não significa reduzi-la a mero produto de condicionamentos históricos e ideológicos. Não há dúvida de que esses condicionamentos existem e atuam sobre o artista. Mas, na realização da obra de arte, todos os elementos que envolvem precisam ser resolvidos artisticamente, isto é, precisam ser traduzidos em termos de criação estética. Nessa criação é que reside o valor essencial de toda grande obra de arte. Ocorre nela um rompimento com o tempo e um encontro do homem com a eternidade.
Criação Estética - pela criação estética, a obra tende a se universalizar, a permanecer viva através dos tempos, anunciando uma mensagem artística que, independentemente de seu conteúdo ideológico, expressa profunda sensibilidade.
Ernst Fischer - a Arte - "Toda arte é condicionada pelo seu tempo e representa a humanidade em consonância com idéias e aspirações, as necessidades e esperanças de uma situação histórica particular. Mas ao mesmo tempo, a arte supera essa limitação e, dentro do momento histórico, cria também um momento de humanidade que promete constância no desenvolvimento" (Ernst Fischer - A necessidade da arte).
Criação Artística - as circunstâncias particulares que estão presentes na criação artística se unem, harmoniosamente, a elementos de universalidade, que penetram profundamente no espírito humano, gerando um sentido de permanente fascínio.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Texto complenentar: primeiros anos 4bim

Texto complementar – filosofia
De origem grega, a palavra filosofia significa amor à sabedoria. Desde a Antiguidade, a surpresa e o espanto perante o mundo levam o homem a formular questões sobre a origem e a razão do Universo e a buscar o sentido da própria existência.

Todos os aspectos da cultura humana podem ser objeto de reflexão.
A questão central de cada corrente filosófica está inserida na estrutura econômica, social e política de determinado momento histórico.

A palavra filosofia é utilizada pela primeira vez por Pitágoras, por volta do século VI a.C., quando se dá a passagem do mundo mítico para a consciência racional.

Nessa época surgem os primeiros sábios (sophos, em grego), principalmente nas cidades jônicas que estabeleceram relações comerciais com o Oriente.


Etimologia:
FILOSOFIA→ palavra de origem grega cunhada por Pitágoras ( philos = amigo; sophia = sabedoria )
O pensamento filosófico tem sua origem no THAUMA (espanto, admiração, perplexidade)
Características da reflexão Filosófica:
a) é radical: vai a raiz de todas as coisas, busca a origem;
b) é rigorosa: possui um método, caminho;
c) é de conjunto: dialoga com as outras áreas do conhecimento, totalidade, abrangência.
Origem da Filosofia:
A Filosofia nasce no berço do mundo grego como inauguração da razão que expressa a realidade. Foram fatores relevantes para o seu surgimento na Grécia:
1- os gregos tinham uma situação geográfica favorável;
2- surgimento da polis (organização social);
3- a filosofia grega nasceu procurando desenvolver o logos em contraste com os mitos;
4- ágora lugar de reuniões, reflexões;
5- navegação e comércio
Filosofia Antiga
a) Pré- socráticos: cosmos / physis.
b) Sofistas: “o homem é a medida de todas as coisas”(Protágoras). A verdade é relativa.
c) Sócrates, Platão e Aristóteles: O Homem, Episteme, Ética, Política, Lógica.
d) Pré- socráticos:
Como surgiu o mundo? Qual a verdadeira origem do ser humano e da natureza?
Por que existe uma determinada harmonia física entre o ser humano e a natureza?
Estas e outras tantas perguntas também foram feitas pelos filósofos pré-socráticos, ou seja, os filósofos da natureza, os quais,contribuíram significativamente para com o pensamento ocidental. As principais características do pensamento pré-socrático:
1. Para Heráclito de Héfeso tudo está em constante movimento.
2. Segundo Tales de Mileto a água é o princípio primordial de todas as coisas.
3. No pensamento de anaximandro o “apeíron é o ilimitado, indefinível e em movimento perpétuo, o princípio do processo cosmológico”.
4. Para Pitágoras o princípio de todas as coisas é o número.
5. No entendimento de Demócrito todas as coisas que formam a realidade são constituídas por partículas invisíveis e indivisíveis, chamadas de
átomos.
6. Anaxímenes defendia a teoria de que o ar é o elemento originante de todas as coisas: elemento vivo, que constitui as coisas através da condensação ou rarefação.
Filosofia Pré-Socrática

Pré-socráticos são os filósofos anteriores a Sócrates que viveram na Grécia por volta do século VI a.C., considerados os criadores da filosofia ocidental.

Essa fase, que corresponde à época de formação da civilização helênica, se caracteriza pela preocupação com a natureza e o cosmo. Ela inaugura uma mentalidade baseada na razão e não mais no sobrenatural e na tradição mítica.

As escolas jônica, eleática, atomista e pitagórica são as principais do período.

Os físicos da Jônia, como Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímenes e Heráclito, procuram explicar o mundo pelo desenvolvimento de uma natureza comum a todas as coisas e em eterno movimento. Heráclito afirma a estrutura contraditória e dinâmica do real. Para ele, tudo está em constante modificação.

Daí sua frase "Não nos banhamos duas vezes no mesmo rio", já que nem o rio nem quem nele se banha são os mesmos em dois momentos diferentes da existência.

Os pensadores de Eléa, como Parmênides e Anaxágoras, ao contrário, dizem que o ser é unidade e imobilidade e que a mutação não passa de aparência. Para Parmênides, o ser é ainda completo, eterno e perfeito.

Os atomistas, como Leucipo e Demócrito, sustentam que o Universo é constituído de átomos eternos, indivisíveis e infinitos reunidos aleatoriamente.

Pitágoras afirma que a verdadeira substância original é a alma imortal, que preexiste ao corpo e no qual se encarna como em uma prisão, como castigo pelas culpas da existência anterior.

O pitagorismo representa a primeira tentativa de apreender o conteúdo inteligível das coisas, a essência, prenúncio do mundo das idéias de Platão.
Pré-socrático

Denominação por ter vivido antes de Sócrates, que desloca o foco da reflexão filosófica da natureza para o homem e o mundo das idéias.

A característica comum aos pré-socráticos é a preocupação com o mundo natural (physis, em grego), daí serem também chamados de fisiólogos.

Ao tentar explicar a natureza das coisas reduzindo sua multiplicidade a um único princípio, eles rompem com a forma de pensamento do mundo antigo.
Inauguram uma nova mentalidade baseada na razão e não mais no sobrenatural e na tradição mítica.

Tales de Mileto, Anaximandro (611 a.C.?-547 a.C.) e Anaxímenes (570 a.C.?-500 a.C.), da escola de Mileto, colônia grega na Ásia Menor, estão entre os primeiros pré-socráticos.

Para Tales, a água é a origem de todas as coisas. Anaximandro acha que a substância primeira é o infinito ou a matéria ilimitada, da qual provêm todos os seres finitos e limitados.

Já Anaxímenes acredita que é do ar que derivam todas as coisas, por causa de seu movimento duplo de rarefação e condensação.

Nascido em Éfeso, outra colônia grega, Heráclito (544 a.C.?-480 a.C.?) defende que as coisas se produzem a partir da estrutura contraditória e movediça do real e do logos (a razão).

Daí elas existirem em permanente contradição e fluência. A escola de Eléia opõe-se a essa tese e, com Parmênides (530 a.C.?-460 a.C.?) e outros filósofos, identifica a existência de uma verdade imutável e um ser completo, uno e imóvel.

Discípulo dessa escola, Empédocles (493 a.C.?-430 a.C.?) de Agrigento nomeia como substâncias fundamentais os quatro elementos: a terra, a água, o ar e o fogo.

Sua tese e a filosofia do atomismo, de Demócrito, da escola de Abdera, procuram conciliar a mobilidade e a multiplicidade do ser, de Heráclito, com a idéia da unidade e imobilidade, de Parmênides.

No lugar dos quatro elementos, Demócrito acredita que a realidade é composta de átomos e do vazio.
O eterno movimento entre eles e suas diferentes combinações explicam a formação dos diversos mundos.

Ao apontar como verdadeira substância do mundo algo imaterial, como a alma imortal e as essências eternas, que constituem o mundo da harmonia e dos números, Pitágoras (582 a.C.?-500 a.C.?) encerra essa fase, tornando-se o primeiro pensador do século VI a antecipar o mundo platônico das idéias.
Filosofia Clássica

De 470 a.C. a 320 a.C., a filosofia da Grécia antiga teve seus principais expoentes nos sofistas e em Sócrates.

Distinguem-se pela preocupação metafísica, ou procura do ser, e pelo interesse político em criar a cidade harmoniosa e justa que tornasse possível a formação do homem e da vida de acordo com a sabedoria.

Período que corresponde ao apogeu da democracia e é marcado pela hegemonia política de Atenas.

Nascido em Atenas, Sócrates (469-399 a.C.) é tradicionalmente considerado um marco divisório da história da filosofia grega.

Por isso, os filósofos que o antecederam são chamados pré-socráticos e os que o sucederam, de pós-socráticos.
O próprio Sócrates não deixou nada escrito, e o que se sabe dele e de seu pensamento vem dos textos de seus discípulos e de seus adversários.

Os sofistas, como Protágoras de Abdera e Górgias de Leontinos, são educadores pagos pelos alunos. Pretendem substituir a educação tradicional, destinada a preparar guerreiros e atletas, por uma nova pedagogia, preocupada em formar o cidadão da nova democracia ateniense.

Com eles, a arte da retórica — falar bem e de maneira convincente a respeito de qualquer assunto — alcança grande desenvolvimento.

Etimologicamente, o termo sofista significa sábio. Entretanto, com o decorrer do tempo, ganhou o sentido de impostor, devido, sobretudo, às críticas de Platão.

Conhecido somente pelo testemunho de Platão, já que não deixou nenhum documento escrito, Sócrates desloca a reflexão filosófica da natureza para o homem e define, pela primeira vez, o universal como objeto da ciência.

Dedica-se à procura metódica da verdade identificada com o bem moral. Seu método se divide em duas partes.

Pela ironia (do grego eironéia, perguntar) ele força seu interlocutor a reconhecer que ignora o que pensava saber. Descoberta a ignorância, tenta extrair do interlocutor a verdade contida em sua consciência (método denominado maiêutica).

Discípulo de Sócrates, Platão afirma que as idéias são o próprio objeto do conhecimento intelectual, a realidade metafísica. Para melhor expor sua teoria, utiliza-se de uma alegoria, o mito da caverna, no qual a caverna simboliza o mundo sensível, a prisão, os juízos de valor em que só se percebem as sombras das coisas.

O exterior é o mundo das idéias, do conhecimento racional ou científico. Feito de corpo e alma, o homem pertenceria simultaneamente a esses dois mundos.

A tarefa da filosofia seria libertar o homem da caverna, do mundo das aparências para o mundo real, das essências.
Sócrates
Nascido em Atenas, Sócrates (469-399 a.C.) é tradicionalmente considerado um marco divisório da história da filosofia grega. Por isso, os filósofos que o antecederam são chamados pré-socráticos e os que o sucederam, de pós-socráticos. O próprio Sócrates não deixou nada escrito, e o que se sabe dele e de seu pensamento vem dos textos de seus discípulos e de seus adversários. O estilo de vida de Sócrates assemelhava-se ao dos sofistas, embora não vendesse seus ensinamentos. Desenvolvia o saber filosófico em praças públicas, conversando com os jovens, sempre dando demonstrações de que era preciso unir a vida concreta ao pensamento. Unir o saber ao fazer, a consciência intelectual à consciência prática ou moral. O autoconhecimento era um dos pontos fundamentais da filosofia socrática. “Conhece-te a ti mesmo”, frase inscrita no templo de Apolo, era a recomendação básica feita por Sócrates a seus discípulos.
Sócrates percebe que a sabedoria começa pelo reconhecimento da própria ignorância. “Só sei que nada sei” é, para Sócrates, o princípio da sabedoria, atitude em que se assume a tarefa verdadeiramente filosófica de superar o enganoso saber baseado em idéias pré-concebidas. Sua filosofia era desenvolvida mediante diálogos críticos com seus interlocutores. Esses diálogos podem ser divididos em dois momentos básicos: a ironia (do grego eironeia, perguntar fingindo ignorar) e a maiêutica (de maieutiké, relativo ao parto).
Na linguagem cotidiana, a ironia tem um significado depreciativo, sarcástico ou de zombaria. Mas não é esse o sentido de ironia socrática. No grego, ironia quer dizer interrogação. Sócrates interrogava seus interlocutores sobre aquilo que pensavam saber. O que é o bem? O que é a justiça? São exemplos de algumas perguntas feitas por ele. Com habilidade de raciocínio, procurava evidenciar as contradições afirmadas, os novos problemas que surgiam a cada resposta. Seu objetivo inicial era demolir, nos discípulos, o orgulho, a ignorância e a presunção do saber. A ironia socrática tinha um caráter purificador na medida em que levava os discípulos a confessarem suas próprias contradições e ignorâncias, onde antes só julgavam possuir certezas e clarividências.
Libertos do orgulho e da pretensão de que tudo sabiam, os discípulos podiam iniciar o caminho da reconstrução das próprias idéias.
Nesta segunda fase do diálogo, o objetivo de Sócrates era ajudar seus discípulos a conceberem suas próprias idéias. Essa fase do diálogo socrático, destinada à concepção de idéias, era chamada de maiêutica, termo grego que significa arte de trazer à luz.
Sofistas:
A carreira mais popular na Grécia naquela época era a habilidade na política. Assim, os sofistas concentraram seus esforços no ensino da retórica. Os objetivos dos jovens políticos que eles treinavam eram o de persuadir as multidões de tudo o que quisessem que elas acreditassem. A busca da verdade não era a sua prioridade.
Consequentemente os sofistas se empenhavam em providenciar um estoque de argumentos sobre qualquer que fosse o assunto, ou ainda para provar qualquer posição. Vangloriavam-se de sua habilidade de fazer com que o pior parecesse melhor, de provar que preto era branco.
Alguns sofistas como Górgias garantiam que não era necessário ter nenhum conhecimento sobre um determinado assunto para dar respostas satisfatórias em respeito a ele. Portanto, Górgias respondia com ostentação a qualquer questionamento que lhe faziam sobre qualquer assunto. Para obter seus fins, utilizava de linguagem evasiva.
Dessa maneira, os sofistas tentavam envolver, enredar e confundir seus oponentes e até mesmo, se isso não fosse possível, derrotá-los por mera força e violência. Buscavam também sobrepujar-se por intermédio de metáforas rebuscadas, figuras de linguagem inusitadas, epigramas e paradoxos, isto é, sendo em geral mais astutos e sagazes ao invés de sinceros e verdadeiros.
Através de Platão ficamos sabendo que havia um certo preconceito sobre o título de "sofista". Na época de Aristóteles esse título sustenta um significado de insolência à medida que define "sofista" como uma pessoa que faz uso da razão de maneira falsa para obter lucros. Protágoras de Abdera, nascido em cerca de 445 a.C. é considerado como o primeiro Sofista. Outros que se destacaram foram Górgias de Leontini, Pródico de Ceos e Hípias de Elis. Onde quer que eles aparecessem, especialmente em Atenas, eram recebidos com entusiasmo e muitos se ajuntavam para ouvi-los.

Diferenças ente Sócrates e os sofistas:
- o sofista é um professor ambulante. Sócrates é alguém ligado aos destinos de sua cidade.

- O sofista cobra para ensinar. Sócrates vive sua vida e essa confunde-se com a vida filosófica: “
Filosofar não é profissão, é atividade do homem livre”

- O sofista “sabe tudo”, e transmite um saber pronto, sem crítica ( que Platão identifica com uma mercadoria, que o sofista exibe e vende). Sócrates diz nada saber e, colocando-se no nível de seu interlocutor, dirige uma aventura dialética em busca da verdade, que está no interior de cada um

- O sofista faz retórica. Sócrates faz dialética. Na retórica o ouvinte é levado por uma enxurrada de palavras que, se adequadamente compostas, persuadem sem transmitir conhecimento algum.
Na dialética, que opera por perguntas e respostas, a pesquisa procede passo a passo, e não é possível ir adiante sem deixar esclarecido o que ficou para trás.

Aristóteles aperfeiçoa e sistematiza as descobertas de Platão e Sócrates.
Desenvolve a lógica dedutiva clássica, que postula o encadeamento das proposições e das ligações dos conceitos mais gerais para os menos gerais.

A lógica, segundo ele, é um instrumento para atingir o conhecimento científico, ou seja, aquilo que é metódico e sistemático.
Ao contrário de Platão, afirma que a idéia não possui uma existência separada - ela só existe no ser real e concreto.
Filosofia Pós-Socrática

De 320 a.C. até o início da Era Cristã, as correntes filosóficas do ceticismo, epicurismo e estoicismo traduzem a decadência política e militar da Grécia.

Primeira grande corrente filosófica após o aristotelismo, o ceticismo afirma que as limitações do espírito humano não permitem conhecer nada seguramente.

Assim, conclui pela suspensão do julgamento e permanência da dúvida. Ao recusar toda afirmação dogmática, prega que o ideal do sábio é o total despojamento, o perfeito equilíbrio da alma, que nada pode perturbar.

Epicuro e seus seguidores, os epicuristas, viam no prazer, obtido pela prática da virtude, o bem.

O prazer consiste no não-sofrimento do corpo e na não-perturbação da alma.
Os estóicos, como Sêneca e Marco Aurélio, pregam que o homem deve permanecer indiferente a circunstâncias exteriores, como dor, prazer e emoção. Procuram submeter sua conduta à razão, mesmo que isso traga dor e sofrimento, e não prazer.

No século III da Era Cristã, Plotino pensa o platonismo na perspectiva histórica do Império Romano.

As doutrinas neoplatônicas têm grande influência sobre os pensadores cristãos.
Período Clássico
Séculos V e IV a.C.

Foi o período das hegemonias e imperialismos no mundo grego.

Começou com uma ofensiva contra os bárbaros persas e só terminou numa guerra fratricida entre os próprios gregos.

Os confrontos armados demarcaram a sucessão de uma hegemonia sobre a outra.

A primeira potência dominante foi Atenas, seguida por Esparta e, finalmente, por Tebas.

As guerras pérsicas, projetaram a hegemonia ateniense, essa hegemonia durou até a guerra de Peloponeso, quando começou a hegemonia Espartana.

Seguiu-se um curto período de hegemonia Tebana, até que as guerras enfraqueceram as cidades gregas a tal ponto que nenhuma delas conseguia assumir a liderança do mundo grego.

Esta situação permitiu a intervenção de Felipe da Macedônia.

A guerra de Peloponeso, durou 27 anos e provocou grande enfraquecimento dos Estados em luta.

Atingida pela peste e num esforço desesperado, Atenas tentou uma expedição a Siracusa, perdendo milhares de barcos e homens.

Terminada a guerra de Peloponeso, começou a hegemonia de Esparta, que passou a dominar seus antigos aliados como fazia Atenas.

Conteúdo e Teatro
Conteúdo:
- Apogeu Filosófico - Filósofos:
- Tales de Mileto 600 a.C.: Foi o iniciador da filosofia, calculou o eclipse de 585 aC. e criou o Teorema de Tales;
- Sócrates 470-399 aC.: não deixou nada por escrito, o que se sabe do seu pensamento é o que foi registrado por seus discípulos.
Fundou a Escola Socrática contrária aos sofistas.
- Platão 429-348 a.C.: continuou a Escola Socrática. Fundou a Academia de Atenas e escreveu A República, Apologia de Sócrates, O banquete, entre outras obras.
Foi considerado filosofo do ideal;
- Aristóteles 384-322 a.C.: foi discípulo de Platão e continuou com a escola Socrática. Foi considerado o “pai da lógica” e auto de Política.
Ao contrario de Platão, Aristóteles se concentrava no estudo das mutações do mundo material, nascimento, transformação e destruição.

Teatro:
- Nasce das festas dionisíacas- Dionísio (deus do Vinho, do prazer material, representa o prazer, os valores carnais);
- Culto aos deuses, homens e polis;

- Gêneros: Comédia e Tragédia;
- Trágicos: Sófocles 459 a.C. obra: Édipo; Ésquilo 525-456 a.C. obra: Orestia, Prometeu; Eurípedes 480-406 a.C. obra: Medeia, Hipólito;
- Comediógrafos: Aristófanes obra: A paz, Lisístrata, A assembléia das mulheres; Menandro obra: o intratável.
PLATÃO
Platão parte do pressuposto que existem dois mundos. O primeiro é constituído por idéias eternas, invisíveis e dotadas de uma existência diferente das coisas concretas. O segundo é constituído por cópias das idéias (coisas sensíveis). Com base neste pressuposto afirmou que os sentidos estão permanentemente a enganar-nos. A verdadeira realidade não nos é dada pelos sentidos, mas só pode ser intuída através da razão, e está no mundo das idéias.
Em resumo, para Platão a realidade se dividia em duas partes. A primeira parte é o mundo dos sentidos, do qual não podemos ter senão um conhecimento aproximado ou imperfeito, já que para tanto fazemos uso de nossos cinco (aproximados e imperfeitos) sentidos. Neste mundo dos sentidos, tudo "flui" e, consequentemente, nada é perene.
Nada é no mundo dos sentidos; nele, as coisas simplesmente surgem e desaparecem. A outra parte é o mundo das idéias, do qual podemos chegar a ter um conhecimento seguro, se para tanto fizermos uso de nossa razão. Este mundo das idéias não pode, portanto, ser conhecido através dos sentidos.
- A Alegoria da Caverna
Um dos principais escritos de Platão. Alguns dos possíveis temas/problemas abordados na Alegoria: conhecimento, amor, educação, ética, corporeidade e política
Filosofia Medieval
Ao retomar o platonismo, o teólogo romano Santo Agostinho identifica o mundo das idéias com o mundo das idéias divinas. Pela iluminação, o homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas.

Essa corrente é conhecida como patrística por ser elaborada pelos padres da Igreja Católica.

Entre os séculos V e XIII predomina a escolástica, conjunto das doutrinas oficiais da Igreja, influenciadas pelos pensamentos de Platão e Aristóteles.

Os representantes da escolástica estão preocupados em conciliar razão e fé e desenvolver a discussão, a argumentação e o pensamento discursivo.

Uma das principais correntes filosóficas da época é o tomismo, doutrina escolástica do teólogo italiano Santo Tomás de Aquino.
FILOSOFIA MEDIEVAL
Durante a Idade Média a Igreja, grande detentora do poder ideológico, explicava através da fé todos os fenômenos e acontecimentos. Na grande maioria das vezes estes eram castigos divinos ou milagres, verdades inquestionáveis escritas na Bíblia. O bom homem na Idade Média era aquele que não questionava, submisso a Deus, aceitava todas essas verdades e por elas, se preciso fosse, lutaria e morreria bravamente.
- Fé x Razão ( teologia x filosofia) – (teocentrismo)
- Duas correntes: patrísitica e escolástica
- Patrística (padres da Igreja): maior representante é Sto. Agostinho.
- Escolástica (escola): maior representante São Tomás de Aquino.
Escola Escolástica
Conjunto de doutrinas filosóficas e teológicas desenvolvidas em escolas eclesiásticas e universidades da Europa entre o século XI e o Renascimento.

Caracteriza-se pela tentativa de conciliar a fé cristã com a razão, representada pelos princípios da filosofia clássica grega, em especial os ensinamentos de Platão e Aristóteles.

Desenvolve-se a partir da filosofia patrística (elaborada pelos padres da Igreja Católica), que faz a primeira aproximação entre o cristianismo e uma forma racional de organizar a fé e seus princípios, baseada no platonismo.

Com a escolástica, a filosofia medieval continua ligada à religião, uma vez que são as questões teológicas que suscitam a discussão filosófica.
Um dos principais pensadores escolásticos é São Tomás de Aquino (1224/25?-1274).

A fase inicial é profundamente influenciada pelo pensamento de Santo Agostinho (354-430), o mais importante nome da filosofia patrística.

Retomando os princípios do platonismo, entre eles o de que há uma verdade absoluta acima das verdades particulares, Santo Agostinho vê na revelação divina o meio pelo qual a verdade é introduzida no espírito humano.

O período mais importante da escolástica corresponde ao do desenvolvimento do tomismo, doutrina cristã criada no século XIII por São Tomás de Aquino com base na filosofia aristotélica.

Para ele e para seus seguidores, há duas ordens de conhecimento: o sensível e o intelectual, sendo que o intelectual pressupõe o sensível.

A impressão que um objeto deixa na alma é chamada de conhecimento sensível. O conhecimento intelectual considera apenas as características comuns entre os objetos e elabora o conceito.
O PENSAMENTO CRISTÃO: A PATRÍSTICA E A ESCOLÁSTICA


Igreja Católica : domínio do pensamento
Conflitos: Fé X Razão Religião X Ciência

• A PATRÍSTICA (SÉC. VIX)
- Santo Agostinho ( 354-430);
- "Compreender para crer, crer p/ compreender.";
- A Alma/ Espírito é superior ao corpo/matéria;
- TEORIA DA GRAÇA DIVINA: combinação entre o esforço pessoal e a concessão da graça de Deus;
Obs: Essa graça é só p/ os eleitos
• A ESCOLÁSTICA (SÉC.IX/XIV)
- São Tomás de Aquino (1226- 2274);
- Racionalização da fé;
- Elaborou princípios filosóficos ;
- Elaborou 5 provas da existência de Deus ;

Filosofia Moderna

A desintegração das estruturas feudais, as grandes descobertas da ciência e a ascensão da burguesia assinalam a emergência do Renascimento.

Em contraste à filosofia medieval, dogmática e submissa à Igreja, a filosofia moderna é profana e crítica.

Representada por leigos que procuram pensar de acordo com as leis da razão e do conhecimento científico, caracteriza-se pelo antropocentrismo — que considera o homem o centro do Universo - e pelo humanismo.

O único método aceitável de investigação filosófica é o que recorre à razão. René Descartes, criador do cartesianismo, é considerado o fundador da filosofia moderna.

Ele inaugura o racionalismo, doutrina que privilegia a razão, considerada alicerce de todo o conhecimento possível.

Ao contrário dos antigos pensadores que partiam da certeza, Descartes parte da dúvida metódica, que põe em questão todas as supostas certezas.

Ocorre a descoberta da subjetividade, ou seja, o conhecimento do mundo não se faz sem o sujeito que conhece. O foco é deslocado do objeto para o sujeito, da realidade para a razão ("Penso, logo existo").

Além do racionalismo, as principais correntes da filosofia moderna são o empirismo e o idealismo, movimentos que têm relação com a ascensão da burguesia e com a Revolução Industrial.

No século XVII, o inglês Francis Bacon esboça as bases do método experimental, o empirismo, que considera o conhecimento como resultado da experiência sensível.
Na mesma linha estão Thomas Hobbes, John Locke e David Hume.
Filosofia de Descartes
A Idade Moderna é marcada por uma série de transformações tanto na área cultural, religiosa, política e social quanto na área econômica. Tais transformações possibilitaram um novo modo do homem europeu conceber o mundo. O Período Moderno da história do pensamento filosófico marca uma reviravolta, tanto na maneira de se produzir o conhecimento e as técnicas, quanto na maneira de as nações se organizarem comercial e socialmente. Com a dúvida metódica, Descartes, em o “Discurso do Método”, procura estabelecer os princípios de um método, de análise e de desenvolvimento do conhecimento, que não esteja apoiado nas orientações flutuantes dos sentidos, mas que se apóiem no uso ordenado da razão ( cogito ).
As regras:
1° regra da evidência: “Jamais admitir coisa alguma como verdadeira se não reconheço evidentemente como tal”; a não ser que se imponha a mim como evidente, de modo claro e distinto, não me permitindo a possibilidade de dúvida. Em outras palavras, precisamos evitar toda precipitação e todos os preconceitos. Só devo aceitar o que for evidente, quer dizer, aquilo do qual não posso duvidar.
2° regra da análise: “Dividir cada uma das dificuldades em tantas parcelas quantas forem possíveis”.
3° regra da síntese: “Concluir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos para, aos poucos, como que por degraus, chegar aos mais complexos”.
4° regra do desmembramento/inventariar: “Para cada caso, fazer enumerações o mais exatas possíveis... a ponto de estar certo de nada ter omitido” (Cf. Discurso do Método, II Parte).
As partes da obra “Discurso do Método” – seis partes.
Na primeira, encontrar-se-ão diversas considerações atinentes às ciências. Na segunda, as principais regras do método. Na terceira, algumas das regras da moral que tirou desse método. Na quarta, as razões pelas quais prova a existência de Deus e da alma humana, que são o fundamento de sua metafísica.
Na quinta, a ordem das questões de física que investigou, e, particularmente, a explicação do movimento do coração e algumas outras dificuldades que concernem à Medicina, e depois, também a diferença que há entre nossa alma e a dos animais. E, na última, que coisas crê necessárias para ir mais adiante do que foi na pesquisa da natureza e que razões o levaram a escrever.
A questão do corpo e da alma:
- A essência do homem está no pensamento. Descartes considera, pelo Cogito ( o pensamento), a natureza do SUM ( a existência ). Dualismo de espírito e matéria.
- O animal possui como o homem o corpo… o homem, porém, possui a alma (linguagem e liberdade ).
- Funcionamento do corpo ( máquina ) – coração.
- Um aspecto importante na filosofia de Descartes é sua concepção de homem em dualidade corpo-espírito. O universo consiste de duas diferentes substâncias: as mentes, ou substância pensante, e a matéria, a última sendo basicamente quantitativa, teoreticamente explicável em leis científicas e fórmulas matemáticas.
A dúvida cartesiana:
- Não é qualquer tipo de dúvida, ela é metódica; bem diferente das dos céticos.
- A dúvida é o método de sua filosofia.
- É preciso por em dúvida todas as coisas, pelo menos uma vez na vida, diz Descartes.
Cartesianismo
Movimento filosófico cuja origem é o pensamento do francês René Descartes (1596-1650), considerado o fundador da filosofia moderna.

Para Descartes, nem os sentidos, que podem enganar-nos, nem as idéias, que são confusas, podem nos dar certezas e, portanto, nos conduzir ao entendimento da realidade. Por isso, com a finalidade de estabelecer um método de pensamento que permita chegar à verdade, desenvolve um sistema de raciocínio que se baseia na dúvida metódica e não pressupõe certezas e verdades, como era tradição entre os pensadores que o antecederam.

O método cartesiano põe em dúvida tanto o mundo das coisas sensíveis quanto o das inteligíveis, ou seja, o que pode ser apreendido por meio das sensações ou do conhecimento intelectual.

A evidência da própria existência, o "Penso, logo existo", traz uma primeira certeza. A razão seria a única coisa verdadeira da qual se deve partir para alcançar o conhecimento.

"Eu sou uma coisa que pensa, e só do meu pensamento posso ter certeza ou intuição imediata", diz Descartes.

Para reconhecer algo como verdadeiro, ele considera necessário usar a razão como filtro e decompor esse algo em partes isoladas, em idéias claras e distintas.

Para garantir que a razão não se deixe enganar pela realidade, tomando como evidência o que de fato pode não passar de um erro de pensamento ou ilusão dos sentidos, Descartes formula sua segunda certeza: a existência de Deus.

Entre outras provas, usa a idéia de Deus como o ser perfeito. A noção de perfeição não poderia nascer de um ser imperfeito como o homem, mas de outro ser perfeito, argumenta.

Logo, se um ser é perfeito, deve ter a perfeição da existência. Caso contrário, lhe faltaria algo para ser perfeito. Portanto, Deus existe.

O método cartesiano revoluciona todos os campos do pensamento de sua época, possibilitando o desenvolvimento da ciência moderna e abrindo caminho para o homem dominar a natureza.

A realidade das idéias claras e distintas, que Descartes apresenta a partir do método da dúvida e da evidência, transforma o mundo em algo que pode ser quantificado.

Com isso, a ciência, que até então se baseava em qualidades obscuras e duvidosas, a partir do início do século XVII torna-se matemática, capaz de reduzir o Universo a coisas e mecanismos mensuráveis, que a geometria pode explicar. Espero o dia passar ............ espero o dia passar

Filosofia - Século XVIII

O racionalismo cartesiano e o empirismo inglês preparam o surgimento do iluminismo no século XVIII. Immanuel Kant deseja fazer a síntese do racionalismo e do empirismo a partir de uma análise crítica da razão.

Supera esses dois movimentos ao afirmar que o conhecimento só existe a partir dos conceitos de matéria e forma: a matéria vem da experiência sensível e a forma é dada pelo sujeito que pensa.

O idealismo consiste na interpretação da realidade exterior e material a partir do mundo interior, subjetivo e espiritual.

Isso implica na redução do objeto do conhecimento ao sujeito conhecedor.
Ou seja, o que se conhece sobre o homem e o mundo é produto de idéias, representações e conceitos elaborados pela consciência humana.

Um dos principais expoentes é o alemão Friedrich Hegel. Para explicar a realidade em constante processo, Hegel estabelece uma nova lógica, a dialética.

Defende que todas as coisas e idéias morrem. Essa força destruidora é também a força motriz do processo histórico.
Filosofia - Século XIX

O positivismo do francês Auguste Comte considera apenas o fato positivo (aquele que pode ser medido e controlado pela experiência) como adequado para estudo.

O método é retomado no século XX, no neopositivismo, representado pelo austríaco Ludwig Wittgenstein.

Ainda no século XIX, Karl Marx utiliza o método dialético e o adapta à sua teoria, o materialismo histórico, que considera o modo de produção da vida material como condicionante da história.

O marxismo propõe não só pensar o mundo mas transformá-lo. Assim formula os princípios de uma prática política voltada para a revolução.

Nessa época surgem também nomes cuja obra permanece isolada, sem se filiar a uma escola determinada, como Friedrich Nietzsche.

Ele elabora uma crítica aos valores tradicionais da cultura ocidental, como o cristianismo, que considera decadente e contrário à criatividade e à espontaneidade humana.

A tarefa da filosofia seria, então, libertar o homem dessa tradição.
No fim do século XIX, o pragmatismo defende o empirismo no campo da teoria do conhecimento e o utilitarismo (busca a obtenção da maior felicidade possível para o maior número possível de pessoas) no campo da moral.

Valoriza a prática mais do que a teoria e dá mais importância às conseqüências e aos efeitos da ação do que a seus princípios e pressupostos
Positivismo

Corrente de pensamento formulada na França por Auguste Comte (1798-1857). O termo identifica a filosofia que busca seus fundamentos na ciência e na organização técnica e industrial da sociedade moderna.

O método científico é o único válido para se chegar ao conhecimento. Reflexões ou juízos que não podem ser comprovados pelo método científico, como os postulados da metafísica, não levam ao conhecimento e não têm valor.

Entre suas formulações principais, está a que considera que as sociedades humanas passam por três estágios de evolução histórica.

O primeiro é o teológico, no qual os fenômenos são apresentados como sendo produzidos pela ação de seres sobrenaturais que interferem arbitrariamente no mundo.
O segundo é o metafísico, no qual os fenômenos são engendrados por forças abstratas.

O último estágio é o positivo, em que o ser humano desiste de procurar as causas íntimas dos fenômenos para, através da observação e do método científico, estabelecer as leis gerais que os regem.

O estado positivo, portanto, corresponde à maturidade do espírito humano que não é mais enganado por explicações vagas, uma vez que pode alcançar o real, o certo e o preciso.

No século XVIII, o alemão Immanuel Kant afirma que o domínio da razão e o rigor científico podem recriar a metafísica como conjunto dos conhecimentos dados apenas pela razão, sem utilizar os dados da experiência.

Nesse sentido, a metafísica para Kant reduz-se ao estudo das condições e limites do conhecimento. No século XIX, o positivismo de Auguste Comte coloca a metafísica como uma ciência superada.

Segundo ele, a história da humanidade (e, por analogia, o conhecimento humano) passa por três períodos: o teológico, o metafísico e o positivo, ou científico, sendo que este último é superior aos anteriores.

No século XX, o filósofo alemão Martin Heidegger faz uma revisão da história da metafísica e sustenta que ela confunde o estudo do ser, o verdadeiro objeto da filosofia, com outros temas, como a idéia, a natureza e a razão.

Filosofia Contemporânea

No século XX, vários pensadores reinterpretam o marxismo, como o húngaro Gyorgy Lukács, o italiano Antonio Gramsci, os franceses Henri Lefebvre, Louis Althusser e Michel Foucault e os filósofos ligados à Escola de Frankfurt.

Paralelamente, o tcheco Edmund Husserl dá início à fenomenologia, que tenta superar a cisão entre racionalismo e empirismo.

Consiste no estudo descritivo dos fenômenos, ou seja, das coisas como são percebidas pela consciência, que são diferentes das coisas em si mesmas.

Seus seguidores são Martin Heidegger, Maurice Merleau-Ponty e os filósofos do existencialismo, como Jean-Paul Sartre, que consideram a existência humana o primeiro objeto da reflexão filosófica ("a existência precede a essência").

Com o avanço da ciência e da tecnologia, e o maior domínio do homem sobre a natureza, a epistemologia, estudo crítico de princípios, hipóteses e resultados das ciências, alcança grande desenvolvimento.
O estruturalismo surge a partir da pesquisa de duas ciências humanas: a lingüística, com o suíço Ferdinand de Saussure, e a antropologia, com Claude Lévi-Strauss.

O estruturalismo parte do princípio de que há estruturas comuns a várias culturas, que precisam ser investigadas independentemente dos fatores históricos.
FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
Abrange o pensamento filosófico que vai de meados do século XIX e chega aos nossos dias. Esse período, por ser o mais próximo de nós, parece ser o mais complexo e o mais difícil de definir, pois as diferenças entre as várias filosofias ou posições filosóficas nos parecem muito grandes porque as estamos vendo surgir diante de nós.
Existencialismo
Termo usado para designar a filosofia de pensadores que se preocupam com a existência finita do homem no mundo, descartando questões metafísicas como a imortalidade e a transcendência.

Como é aplicado a filósofos muito diferentes, há quem negue sua existência como escola de pensamento.
Os nomes mais identificados com o existencialismo são os dos franceses Jean-Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty (1908-1961).

É um movimento do século XX, mas tem fortes raízes na obra de filósofos do século XIX, como Sören Kierkegaard (1813-1855) e Nietzsche.

Os existencialistas rejeitam o princípio do cartesianismo de que o homem existe porque pensa. Para eles, o ser humano pensa porque existe.

A consciência, para os existencialistas, não antecede a experiência. Ela é parte da existência, que, por sua vez, é construída com a vivência, o contato com outras pessoas e objetos.

O próprio homem cria essa existência em função de seus sentimentos, desejos e, principalmente, de suas ações. Ele se forma a partir de suas escolhas.

Por isso, os existencialistas prezam a liberdade e a responsabilidade e rejeitam o conformismo.
Para eles, essa posição estende-se à política. Depois da II Guerra Mundial, o movimento influencia a literatura.

Nos séculos XVIII e XIX, o francês Jean-Jacques Rousseau e os alemães Immanuel Kant e Friedrich Hegel (1770-1831) são os principais filósofos a discutir a ética.

Segundo Rousseau, o homem é bom por natureza e seu espírito pode sofrer aprimoramento quase ilimitado.
Para Kant, ética é a obrigação de agir segundo regras universais, comuns a todos os seres humanos por ser derivadas da razão.

O fundamento da moral é dado pela própria razão humana: a noção de dever.
O reconhecimento dos outros homens, como fim em si e não como meio para alcançar algo, é o principal motivador da conduta individual.

Hegel divide a ética em subjetiva ou pessoal e objetiva ou social.
A primeira é uma consciência de dever; a segunda, formada por costumes, leis e normas de uma sociedade. O Estado reúne esses dois aspectos em uma "totalidade ética".

Nietzsche critica a moral tradicional, derivada da religião judaico-cristã, pelo fato de subjugar os instintos e as paixões à razão.

Essa é a "moral dos escravos", que nega os valores vitais e promove a passividade e o conformismo, resultando no ressentimento. Em oposição a ela, propõe a "transvaloração de todos os valores", que funda a "moral dos senhores", preconizando a capacidade de criação, de invenção, de potência.

O ser humano que assim consegue superar-se é o super-homem, o que transpõe os limites do humano.

Ética contemporânea – A valorização da autonomia do sujeito moral leva à busca de valores subjetivos e ao reconhecimento do valor das paixões, o que acarreta o individualismo exacerbado e a anarquia dos valores.

Resulta ainda na descoberta de várias situações particulares com suas respectivas morais: dos jovens, de grupos religiosos, de movimentos ecológicos, de homossexuais, de feministas, e assim por diante.

Essa divisão leva ao relativismo moral, que, sem fundamentos mais profundos e universais, baseia a ação sobre o interesse imediato.

É dentro dessa perspectiva que o filósofo inglês Bertrand Russell (1872-1970) afirma que a ética é subjetiva, não contendo afirmações verdadeiras ou falsas.

Defende, porém, que o ser humano deve reprimir certos desejos e reforçar outros se pretende atingir a felicidade ou o equilíbrio.

Como reação a essas posições, o novo iluminismo, representado por Jürgen Habermas (1929-), desenvolve a Teoria da Ação Comunicativa, dentro da qual fundamenta a ética discursiva, baseada em diálogo, por sujeitos capazes de se posicionar criticamente diante de normas.

É pelo uso de argumentos racionais que um grupo pode chegar ao consenso, à solidariedade e à cooperação
Fenomenologia
Corrente filosófica iniciada pelo filósofo e matemático alemão Edmund Husserl (1859-1938) que pretende estabelecer um método de fundamentação da ciência e da filosofia, esta última como ciência rigorosa. Baseia-se no conceito de fenômeno (aquilo que é percebido pela consciência) para investigar a vida perceptiva: como a percepção torna possível a consciência dos objetos do mundo; como atos subjetivos, o juízo e a memória, por exemplo, podem ser examinados por uma faculdade superior da própria consciência, chamada de eu transcendental, responsável pela síntese que torna possível a apreensão de objetos.

A primeira grande obra em que aparecem os frutos do método fenomenológico é Investigações Lógicas (1900-1901).

Hegel pensa sobretudo na vida mais viva, a que não tolera a fixação, o endurecimento, nem a repetição monótona.

A sua obra Fenomenologia do espírito é um projeto completamente inédito: descreve o processo típico da formação da consciência.

Trata-se de expor a seqüência das experiências indispensáveis que, a partir de um primitivo estado de torpor, fazem ascender o homem ao pensamento filosófico moderno.

A investigação deve ater-se ao modo como as coisas aparecem ao homem, como ele unifica a multiplicidade de aparições e como projeta significações sobre os objetos percebidos.

Para o fenomenólogo, não existe a consciência pura, mas sempre a "consciência de alguma coisa".
Esse conceito, fundamental para a fenomenologia, é chamado de intencionalidade.

Os grandes temas da fenomenologia são questões clássicas da filosofia desde Descartes. Por isso uma das principais obras de Husserl é uma discussão da obra do filósofo francês: Meditações Cartesianas.

A fenomenologia serve de fonte a vários filósofos, em especial aos ligados ao existencialismo.

O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) utiliza a fenomenologia em sua maior obra, Ser e Tempo (1927), para estudar a essência do ser, a temporalidade e o sujeito sempre em um contexto.

É na França, porém, que a fenomenologia alcança maior sucesso, por causa dos existencialistas.
Filósofos como Jean-Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) usam o método para o estudo das estruturas da percepção, da consciência e da imaginação.

A atenção dispensada ao olhar, à percepção, à imaginação, às coisas e ao outro faz o método fenomenológico ir além das fronteiras da filosofia.

Fala-se hoje de uma sociologia, uma psicologia e uma teoria literária fenomenológicas.
O método volta-se principalmente para as artes, nas quais proporciona um novo modo de consideração das obras artísticas.

O percurso da Fenomenologia nos conduz a 3 níveis de expansão da consciência:

1. da indistinção à razão: toda a consciência surge de uma confusão primeira com a coisa sentida, erguendo-se contra ela e negando-a – a consciência percebe então coisas, representações compostas de sensação e de pensamento. Eleva-se, em seguida, a um grau mais elevado, ao determinar conceptualmente as coisas.

Descobrirá mais tarde as leis que a regem. O gênero humano, seja num empreendimento original, seja numa revisão, efetua sempre esta ascensão que, segundo Hegel, o conduz da certeza sensível ao entendimento.

2. a experiência da vida social: O desejo esbarra noutro desejos.
A consciência encontra outras consciências, entra em conflito com elas, luta para se fazer reconhecer e, no termo do combate, cai na servidão ou conquista o domínio. A atenção de Hegel volta-se agora para a sociedade.

3. As superestruturas: designamos desta forma o florescimento de formas espirituais que desabrocham no fim da Fenomenologia.

O homem culto — a consciência filosófica — ressuscita em pensamento e congrega sob a sua autoridade os espíritos de todos os povos, dispersos no tempo e no espaço.

A Fenomenologia do espírito é a descrição minuciosa deste constante movimento da consciência: estar voltada para fora de si mesma, para aquilo que ela supõe estar além do saber, enquanto penosamente vai percebendo que este tão almejado lado de fora só é acessível dentro do saber, enquanto vai reencontrando o outro como o outro dela mesma.
Escola Frankfurt
Grupo de filósofos e pesquisadores alemães que, na década de 20, se dedica a reflexões e críticas sobre a razão, a ciência e o avanço do capitalismo.

Consideram a racionalidade tecnológica do mundo moderno uma nova forma de dominação cultural.

O grupo desenvolve várias teorias e conceitos, como a Teoria da Manipulação, elaborada para explicitar os mecanismos de dominação na Alemanha.

Influenciado pelas idéias de Karl Marx e Max Weber (1864-1920), contrapõe-se ao iluminismo e ao funcionalismo de Émile Durkheim (1858-1917), que concebe a sociedade como um organismo com funções específicas, desconsiderando o processo histórico.

Expressão da crise teórica e política do século XX, a Escola de Frankfurt está inserida na conjuntura política dos anos 30, quando surgem a República de Weimar, o nazismo e o stalinismo.

Com a ascensão do nazismo na Alemanha, a Escola de Frankfurt muda-se para Genebra, depois para Paris e, finalmente, para Nova York.

Após a vitória dos aliados na II Guerra Mundial, os principais filósofos retornam à Alemanha. Entre os pensadores vinculados ao grupo de Frankfurt destacam-se Walter Benjamin (1892-1940), Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973).

Junta-se a eles, mais tarde, Jürgen Habermas (1929-), responsável pela difusão da Teoria Crítica (conjunto de textos dos principais filósofos frankfurtianos).

A idéia de deixar a ciência mais acessível à sociedade e, assim, favorecer a reflexão coletiva marca o trabalho desses filósofos. Suas idéias influenciam os movimentos estudantis alemão e norte-americano no final dos anos 60.

Walter Benjamin discute a arte e a cultura do século XX. Em A Obra de Arte na Época de Sua Reprodutibilidade Técnica reflete sobre a perda da aura, aquilo que faz do objeto de arte algo único e irreproduzível.

Horkheimer volta-se para a investigação das características da sociedade capitalista e para as questões como a legitimidade do Estado e a luta de classes.

Entre seus escritos estão Um Novo Conceito de Ideologia e Teoria Tradicional e Teoria Crítica.

Theodor Adorno, autor de Idéias para a Sociologia da Música, dissemina o conceito de indústria cultural, que diz respeito aos bens (produtos) culturais difundidos pelos meios de comunicação de massa, que impõem formas de comportamento e consumo.

Segundo Adorno, a indústria cultural caracteriza-se pela exploração comercial e pela vulgarização da cultura, produzindo entretenimento e não reflexão.

Uma de suas principais obras é Dialética do Esclarecimento, em co-autoria com Horkheimer.

Nietzsche
Principais obras: Assim falou Zaratustra – 1883-85 ( onde expõe a idéia do eterno retorno e da derrota da moral cristã pelo super-homem ); A Origem da Tragédia – 1872 – seu primeiro livro onde faz uma crítica a cultura grega e sua influência no desenvolvimento do pensamento ocidental. Em 1888 o Crepúsculo dos Ídolos – como filosofar a marteladas.
Para Nietzsche existem dois espíritos antagônicos: o apolíneo e o dionisíaco.
a) Dionisíaco: o deus da música e da embriaguez, o deus que não habita o Olimpo (reino do racionalismo); é a força vital, a alegria o excesso; a ação, a emoção o sentimento.
b) Apolíneo: o surgimento da filosofia representa o que Nietzsche chama o espírito apolíneo, derivado de Apolo, o severo deus da racionalidade, da medida, da regra, da lei, do método, do equilíbrio, da moralidade.
Segundo nosso filósofo, o papel da filosofia seria libertar o homem dessa tradição (apolínea) para encontrar-se com o niilismo.
Nietzsche - Niilismo
O que é niilismo?
Do latin – Nihilismus. Doutrina segundo a qual não existe qualquer verdade moral ou hierarquia de valores. Em Nietzsche é empregado como para qualificar sua oposição radical aos valores morais tradicionais e às tradicionais crenças. Os valores devem ser afirmativos da existência real do homem, de sua vontade e não da tradição.
A decadência dos valores teria surgido com Sócrates, que elevou a questão da moral ao comportamento humano, desvinculando-o do prazer que deveria ser buscado por todos.
A moral defendida por Nietzsche é radical, anticristã e o seu objetivo é o poder, a força e vê na compaixão uma fraqueza a ser combatida.

O Eterno Retorno
É a fórmula que pode sintetizar todo o pensamento de Nietzsche. Ele ataca o platonismo (dualismo platônico) e o paraíso cristão (mundo divino). Para ele só esse mundo é real com suas constantes mudanças. Há apenas perspectivas diferentes sobre um real em transformação e que se repete num eterno retorno → teste pelo qual o homem deveria passar: a vida, revivida inúmeras vezes, não trazendo nada de novo o que pode levar o homem à destruição ou exaltação, dependendo de sua capacidade para superar e admitir essa contínua repetição. Deve-se aceitar a vida como ela é.

O super-homem
Übermensche: aceitar a vida não é o mesmo que aceitar o homem. O super-homem é a vontade de poder, determinando a nova ordem de valores. É o líder guerreiro, altamente disciplinado. É o novo homem que quebrará as velhas cadeias e criará um novo sentido na terra. É o homem que vai além do homem. O cristianismo doma o espírito e enfraquece a vontade de poder, da conquista, da paixão. O santo cristão é o resultado do medo do inferno e não do amor à humanidade.
A racionalização histórica levava o homem a "perder-se ou destruir seu instinto fazendo com que ele não ouse soltar o freio do 'animal divino' quando a sua inteligência vacila e o seu caminho passa por desertos. A idéia da necessidade da formação de uma nova elite - não contaminada pelo cristianismo e pelo liberalismo - e que ao mesmo tempo os transcendesse, acometeu Nietzsche desde muito cedo. mostrou-se obcecado pela formação de uma seleta falange intelectual responsável pela transmutação de todos os valores, cuja obrigação e dever maior era a proteção de uma cultura superior ameaçada pela vulgaridade democrática.

O Crepúsculo dos Ídolos
É obra que apresenta uma crítica aniquiladora de todas as "verdades" que se entronizaram no Ocidente. Crepúsculo do Ídolos é um dos escritos centrais de Nietzsche pela violência com que fustiga a religião, a política, a razão e a ciência, ao mesmo tempo que promove a imagem do homem vitalmente liberto.
“Não sou, por exemplo, nenhum bicho-papão, nenhum monstro de moral – sou até mesmo uma natureza oposta à espécie de homem que até agora se venerou como virtuosa. Entre nós, parece-me que precisamente isso faz parte de meu orgulho. Sou um discípulo do filósofo Dionísio, preferiria antes ser um sátiro do que um santo”. (Ecce Homo, prólogo). É assim que Nietzsche se descreve em sua autobiografia. Idolatrado por alguns, menosprezado por outros, ele é, de fato, um irreverente – ou talvez, melhor seria dizer, um extemporâneo.
Ceticismo
Escola filosófica fundada pelo grego Pirro (360 a.C.-272 a.C.) que questiona as bases do conhecimento metafísico, científico, moral e, especialmente, religioso. Nega a possibilidade de se conhecer com certeza qualquer verdade e recusa toda afirmação dogmática - aquela que é aceita como verdadeira, sem provas. O termo deriva do verbo grego sképtomai, que significa olhar, observar, investigar.

Para os céticos, uma afirmação para ser provada exige outra, que requer outra, até o infinito. O conhecimento, para eles, é relativo: depende da natureza do sujeito e das condições do objeto por ele estudado. Costumes, leis e opiniões variam segundo a sociedade e o período histórico, tornando impossível chegar a conceitos de real e irreal, de correto e incorreto. Condições como juventude ou velhice, saúde ou doença, lucidez ou embriaguez influenciam o julgamento e, conseqüentemente, o conhecimento.

Por isso, os seguidores de Pirro defendem a suspensão do juízo, o total despojamento e uma postura neutra diante da realidade. Se é impossível conhecer a verdade, tudo se torna indiferente e equilibrado. Para eles, o ideal do sábio é a indiferença.

Ainda na Antiguidade, o grego Sexto Empírico (século III?) e os empiristas vêem o ceticismo como um modo de obter o conhecimento pela experiência. Não excluem a ciência, mas procuram fundamentá-la sobre representações e fenômenos encontrados de modo indiscutível e inevitável na experiência.

Esse ceticismo positivo tem papel fundamental no pensamento do escocês David Hume (1711-1776), um dos maiores expoentes da filosofia moderna. Para os empiristas modernos, na impossibilidade de conhecer as coisas em si, o homem se utiliza da crença e do hábito para poder agir.

A filosofia contemporânea, inspirada no ceticismo, discute questões da relatividade do conhecimento e dos limites da razão humana.
Dogmatismo
Termo usado pela filosofia e pela religião, dogmatismo (do grego dogmatikós, que se funda em princípios) é toda doutrina ou atitude que afirma a capacidade do homem de atingir a verdade absoluta e indiscutível.

Na religião corresponde ao conjunto de dogmas - crenças que não admitem contestação - considerado a palavra de Deus.

Na filosofia é o pensamento contrário à corrente do ceticismo, que contesta a possibilidade de conhecimento da verdade.

O dogmatismo filosófico pode ser entendido de três formas: a possibilidade de conhecer a verdade, a confiança nesse conhecimento e a submissão a essa verdade sem questionamento.

Desde a Antiguidade existem filósofos dogmáticos, como Parmênides (515 a.C.-445 a.C.), Platão e Aristóteles, e céticos, que se recusam a crer nas verdades estabelecidas.

No século XVIII o dogmatismo racionalista prega a total confiança na razão como meio de chegar a verdades seguras. Com Immanuel Kant o termo adquire novo sentido.

Em Crítica da Razão Pura o filósofo faz uma oposição entre o criticismo — doutrina que estuda as condições de validade e os limites do uso da razão —, o dogmatismo e o empirismo, que se diferencia daqueles por reduzir o conhecimento à experiência.

Para Kant, o dogmatismo é "toda atitude de conhecimento que consiste em acreditar na posse da certeza ou da verdade antes de fazer a crítica da faculdade de conhecer".

O antagonismo entre dogmatismo e ceticismo aparece também na obra de Auguste Comte (1798-1857), que considera que a vida humana existe em estado dogmático ou estado cético.

Este último, segundo ele, não é mais do que uma passagem de um dogmatismo anterior a um novo dogmatismo.

Para os filósofos de tradição marxista o termo dogmático é usado para a tendência de se manter uma teoria com fórmulas estereotipadas, tirando-a da prática e da análise concreta.

Segundo Friedrich Engels (1820-1895), "o marxismo não é um dogma, mas um guia para a ação".
Empirismo
Termo empirismo tem sua origem no grego empeiria, que significa “experiência” sensorial.

O empirismo é considerado uma doutrina relativa à natureza do conhecimento.

Restringiu-se amiúde o termo “empirismo” à filosofia clássica moderna, contrastando-se o “empirismo inglês” (Francis Bacon, Hobbes, Locke, Berkeley, Hume) com o “racionalismo continental” (Descartes, Malebranche, Spinoza, Leibniz, Wolff).

Indicou-se por muitas vezes que para os empiristas modernos a mente é como que uma espécie de receptáculo no qual se gravam as “impressões” do mundo externo.

Quando se comparam entre si as filosofias dos grandes empiristas ingleses verifica-se que isto é uma simplificação excessiva.

Entretanto, há algo comum a todos esses pensadores, que é a tendência de proporcionar uma explicação genética do conhecimento e a usar termos como “sensação”, “impressão”, “idéia”, etc..

Nome genérico das doutrinas filosóficas em que o conhecimento é visto como resultado da experiência sensível. Limita o conhecimento à vivência, só aceitando verdades que possam ser comprovadas pelos sentidos.

Rejeita os enunciados metafísicos, baseados em conceitos que extrapolam o mundo físico, devido à impossibilidade de teste ou controle.
A noção de gravidade, por exemplo, faz parte do mundo sensível; já o conceito de bem é do mundo metafísico.

O empirismo provoca revolução na ciência.
A partir da valorização da experiência, o conhecimento científico, que antes se contentava em contemplar a natureza, passa a querer dominá-la, buscando resultados práticos.

O inglês John Locke (1632-1704) funda a escola empirista, uma das mais importantes da filosofia moderna.
Apesar de partir do cartesianismo, Locke discorda de Descartes sobre a existência de idéias inatas produzidas pela capacidade de pensar da razão.

Para Locke, as idéias vêm da experiência externa, pela sensação, ou da interna, via reflexão. São também simples ou compostas.
A idéia de comprimento, por exemplo, é simples: vem da visão. A de doença, fruto da associação de idéias, é composta.

No século XVIII, o escocês David Hume (1711-1776) leva mais longe o empirismo ao negar a validade universal do princípio de causalidade, uma vez que não pode ser observado.

O que se observa é a seqüência temporal de eventos, e não sua conexão causal.
Só por uma questão de hábito pensamos que o fato atual se comportará como outros que já observamos no passado.

Para o empirismo contemporâneo, também chamado de positivismo lógico, representado pelo austríaco Ludwig ittgenstein (1889-1951), a filosofia deve limitar-se à análise da linguagem científica, expressão do conhecimento baseado na experiência.


Empirismo
Os defensores do empirismo afirmam que a razão, a verdade e as idéias racionais são adquiridos por nós através da experiência. Antes da experiência, dizem eles, nossa razão é como uma “folha em branco”, onde nada foi escrito; uma “tábula rasa”, onde nada foi gravado, como uma cera sem forma e sem nada impresso nela, até que a experiência venha escrever na folha, gravar na tábula, dar forma à cera.
- Maior representante é John Locke.
- Emperia / experiência.
- “Nada vem a mente sem antes ter passado pela experiência”
Idealismo

Tendência filosófica que reduz toda a existência ao pensamento. Opõe-se ao realismo, que afirma a existência dos objetos independentemente do pensamento.

No idealismo absoluto, o ser é reduzido à consciência. Ao longo da história da filosofia, ele aparece sob formas menos radicais — não nega categoricamente a existência dos objetos no mundo, mas reduz o problema à questão do conhecimento.

O idealismo toma como ponto de partida para a reflexão o sujeito, não o mundo exterior.

O idealismo metódico de Descartes é uma doutrina racionalista que, colocando em dúvida todo o conhecimento estabelecido, parte da certeza do pensar para deduzir, por meio da idéia da existência de Deus, a existência do mundo material.

O idealismo dogmático surge com George Berkeley (1685-1753), que considera a realidade do mundo exterior justificada somente pela sua existência anterior na mente divina ou na mente humana.

Para ele, "ser é ser percebido". Immanuel Kant formula o idealismo transcendental, no qual o objeto é algo que só existe em uma relação de conhecimento.

Ele distingue, portanto, o conhecimento que temos dos objetos, sempre submetidos a modos especificamente humanos de conhecer, como as idéias de espaço e tempo, dos objetos em si, que jamais serão
conhecidos.

Na literatura, o romantismo adota boa parte dessas idéias. Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) e Friedrich von Schelling (1775-1854) desenvolvem esse conceito e se tornam expoentes do idealismo alemão pós-kantiano.

Eles conferem às idéias de Kant um sentido mais subjetivo e menos crítico: desconsideram a noção da coisa-em-si e tomam o real como produto da consciência humana.

Friedrich Hegel (1770-1831) emprega o termo idealismo absoluto para caracterizar sua metafísica.
Ao considerar a realidade como um processo, ele discute o desenvolvimento da idéia pura (tese), que cria um objeto oposto a si — a natureza (antítese) —, e a superação dessa contradição no espírito (síntese).

Esse movimento se dá na história até que o espírito se torne espírito absoluto, ou seja, supere todas as contradições, por meio da dialética, e veja o mundo como uma criação sua.
Estruturalismo
Corrente de pensamento que adota a estrutura (um conjunto de elementos relacionados entre si e com o todo) como conceito teórico e metodológico essencial.

O estruturalismo começa no início do século XX com o trabalho do lingüista suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913), que caracteriza a linguagem como uma estrutura auto-suficiente, formada por elementos cuja existência e o valor resultam da sua disposição nos textos ou na fala.

Mais tarde torna-se uma das principais correntes das ciências humanas.

Na filosofia, o estruturalismo não chega a ser uma escola com contornos definidos, mas teve grande difusão por levar à compreensão do conjunto dos fatos de forma mais abrangente.

A idéia espalhou-se como modelo de pensamento especialmente na França.

Os estruturalistas não costumam limitar-se aos mesmos esquemas abstratos: importa a maneira particular como cada contexto estudado se organiza e como as estruturas são percebidas por dentro.

Michel Foucault (1926-1984), por exemplo, em muitas ocasiões foi considerado estruturalista, embora ele mesmo o negasse.

Nesses esquemas - que algumas vezes tendem para uma forma matemática, mas geralmente têm mais semelhança com as estruturas da linguagem -, o fundamental é a idéia de que o objeto de estudo é um conjunto organizado de elementos, com forte sentido de unidade nessa organização.

Nas décadas de 50 e 60, a idéia de estrutura ganhou grande importância nas ciências humanas, especialmente a partir da antropologia de Claude Lévi-Strauss.

Para ele, o conjunto das relações em uma sociedade incide de algum modo sobre cada um de seus membros.
Assim, o antropólogo que quisesse estudá-la deveria viver um tempo como um de seus membros para poder percebê-la de dentro.

Mas, ao mesmo tempo, deveria imaginar-se de fora e construir um esquema abstrato de como essas relações se organizavam - que representaria a estrutura da sociedade.

Em psicologia, a Teoria da Gestalt costuma ser chamada também de estruturalista por conceber as percepções em cada momento como um todo organizado (ou estruturado), que deve ser representado de maneira que facilite sua compreensão.

Na história, os estruturalistas não se interessam por grandes fatos nem pelo seu processo de desenvolvimento no tempo como, por exemplo, a dialética materialista.

Consideram mais importante a estrutura particular de cada contexto histórico, que, dependendo do pesquisador, pode ou não se aproximar das infra-estruturas econômicas e superestruturas culturais com que o marxismo trabalha.

A tendência é pensar que as mudanças históricas ocorrem como deslocamento de uma estrutura para outra, como se uma nova estrutura começasse a ser estabelecida enquanto a anterior se fosse desmantelando.
Racionalismo

Doutrina que afirma que tudo que existe tem uma causa inteligível, mesmo que não possa ser demonstrada de fato, como a origem do Universo.

Privilegia a razão em detrimento da experiência do mundo sensível como via de acesso ao conhecimento.

Considera a dedução como o método superior de investigação filosófica. René Descartes (1596-1650), Spinoza (1632-1677) e Leibniz (1646-1716) introduzem o racionalismo na filosofia moderna.

Friedrich Hegel (1770-1831), por sua vez, identifica o racional ao real, supondo a total inteligibilidade deste último.

O racionalismo é baseado nos princípios da busca da certeza e da demonstração, sustentados por um conhecimento a priori, ou seja, conhecimentos que não vêm da experiência e são elaborados somente pela razão.

Na passagem do século XVIII para o XIX, Immanuel Kant (1724-1804) revê essa tendência de associar o pensamento à análise pura e simples e inaugura o neo-racionalismo.

A nova doutrina aceita as formas a priori da razão, afirmando, entretanto, que elas necessariamente devem ser conjugadas aos dados da experiência para que possa haver conhecimento.
O racionalismo dos séculos XVII e XVIII influencia a religião e a ética até hoje.

Está presente nas várias seitas do protestantismo, que dispensam a autoridade e a revelação religiosa em favor dos postulados lógicos e racionais sobre a existência de Deus.

Influencia, também, a conduta moral que atribui à razão e aos princípios inatos de bondade, entre outros, a capacidade humana de se bem conduzir.

A palavra racionalismo deriva do latim ratio, que significa razão.
O termo racionalismo é empregado, na filosofia, de muitas maneiras.

Aqui, o termo está sendo empregado para designar a doutrina que deposita total e exclusiva confiança na razão humana como instrumento capaz de conhecer a verdade.

Ou, como recomendou o filósofo racionalista Descartes: nunca nos devemos deixar persuadir senão pela evidência de nossa razão.
Dialética
Originalmente, é a arte do diálogo, da contraposição de idéias que leva a outras idéias.
O conceito de dialética, porém, é utilizado por diferentes doutrinas filosóficas e, de acordo com cada uma, assume um significado distinto.

Para Platão, a dialética é sinônimo de filosofia, o método mais eficaz de aproximação entre as idéias particulares e as idéias universais ou puras.

É a técnica de perguntar, responder e refutar que ele teria aprendido com Sócrates (470 a.C.-399 a.C.).

Platão considera que apenas através do diálogo o filósofo deve procurar atingir o verdadeiro conhecimento, partindo do mundo sensível e chegando ao mundo das idéias.

Pela decomposição e investigação racional de um conceito, chega-se a uma síntese, que também deve ser examinada, num processo infinito que busca a verdade.

Aristóteles define a dialética como a lógica do provável, do processo racional que não pode ser demonstrado. "Provável é o que parece aceitável a todos, ou à maioria, ou aos mais conhecidos e ilustres", diz o filósofo.

O alemão Immanuel Kant retoma a noção aristotélica quando define a dialética como a "lógica da aparência". Para ele, a dialética é uma ilusão, pois baseia-se em princípios que, na verdade, são subjetivos.

Dialética e história – No início do século XIX Georg Wilhelm Hegel (1770-1831), desejando solucionar o problema das transformações às quais a realidade está submetida, apresenta a dialética como um movimento racional que permite transpor uma contradição.

Uma tese inicial contradiz-se e é ultrapassada por sua antítese. Essa antítese, que conserva elementos da tese, é superada pela síntese, que combina elementos das duas primeiras, num progressivo enriquecimento.

A dialética hegeliana não é um método, mas um movimento conjunto do pensamento e da realidade.

Segundo Hegel, a história da humanidade cumpre uma trajetória dialética marcada por três momentos: tese, antítese e síntese.

O primeiro vai das civilizações orientais antigas até o surgimento da filosofia na Grécia. Hegel o classifica como objetivo, porque considera que o espírito está imerso na natureza.

O segundo é influenciado pelos gregos, mas começa efetivamente com o cristianismo e termina com Descartes. É um momento subjetivo, no qual o espírito toma consciência de sua existência e surge o desejo de liberdade.

O terceiro, ou a síntese absoluta, acontece a partir da Revolução Francesa, quando o espírito consciente controla a natureza e o desejo de liberdade concretiza-se na concepção do Estado moderno.

Dialética marxista – Karl Marx e Friedrich Engels (1820-1895) reformam o conceito hegeliano de dialética: utilizam a mesma forma, mas introduzem um novo conteúdo.
Chamam essa nova dialética de materialista, porque o movimento histórico, para eles, é derivado das condições materiais da vida.

A dialética materialista analisa a história do ponto de vista dos processos econômicos e sociais e a divide em quatro momentos: Antiguidade, feudalismo, capitalismo e socialismo.

Cada um dos três primeiros é superado por uma contradição interna, chamada "germe da destruição".

A contradição da Antiguidade é a escravidão; do feudalismo, os servos; e do capitalismo, o proletariado. O socialismo seria a síntese final, em que a história cumpre seu desenvolvimento dialético.
Metafísica

Parte mais central da filosofia que busca o princípio e as causas fundamentais de tudo, tratando de questões que, em geral, não podem ser confirmadas pela experiência direta.

Constitui a filosofia primeira, o ponto de partida do sistema filosófico.
O termo surge por volta de 50 a.C., quando Andronico de Rodes (século I a.C.), ao organizar a coleção da obra de Aristóteles, dá o nome de ta metà ta physiká ao conjunto de textos que se seguiam aos da física ("metà" quer dizer além).

Historicamente, a palavra passa a significar tudo o que transcende à física, porque nesses estudos Aristóteles examina a natureza do ser em geral e não de suas formas particulares, postulando a idéia de Deus como substância fundamental.

As bases do pensamento de Aristóteles podem ser encontradas no platonismo.
Para Platão, a filosofia é a única ciência capaz de atingir o verdadeiro conhecimento.

Por meio da dialética, o filósofo aproxima-se das idéias puras, como a verdade, a beleza, o bem e a justiça.

Na Idade Média, a metafísica confunde-se com a teologia. O italiano santo Tomás de Aquino afirma que a metafísica estuda a causa primeira, e, como a causa primeira é Deus, ele é o objeto da metafísica.

Na Idade Moderna a experiência passa a ser extremamente valorizada e a metafísica deixa de ser considerada a base do conhecimento filosófico.

O escocês David Hume diz que o homem está completamente submetido aos sentidos, portanto não pode criar idéias, e não é possível formular nenhuma teoria geral da realidade.

Para ele, ciência alguma é capaz de atingir a verdade, seus conhecimentos são sempre probabilidade.

No século XVIII, o alemão Immanuel Kant afirma que o domínio da razão e o rigor científico podem recriar a metafísica como conjunto dos conhecimentos dados apenas pela razão, sem utilizar os dados da experiência.

Nesse sentido, a metafísica para Kant reduz-se ao estudo das condições e limites do conhecimento.
No século XIX, o positivismo de Auguste Comte coloca a metafísica como uma ciência superada.

Segundo ele, a história da humanidade (e, por analogia, o conhecimento humano) passa por três períodos: o teológico, o metafísico e o positivo, ou científico, sendo que este último é superior aos anteriores.

No século XX, o filósofo alemão Martin Heidegger faz uma revisão da história da metafísica e sustenta que ela confunde o estudo do ser, o verdadeiro objeto da filosofia, com outros temas, como a idéia, a natureza e a razão.
Marxismo

Entendida popularmente como o estudo do raciocínio correto, a lógica surge no Ocidente com o filósofo grego Aristóteles. Para mostrar que os sofistas (mestres da retórica e da oratória) podem enganar os cidadãos utilizando argumentos incorretos, Aristóteles estuda a estrutura lógica da argumentação.

Revela, assim, que alguns argumentos podem ser convincentes, embora não sejam corretos.

A lógica, segundo Aristóteles, é um instrumento para atingir o conhecimento científico. Só se pode chamar de ciência aquilo que é metódico e sistemático, ou seja, lógico.

Na obra Organon, Aristóteles define a lógica como um método do discurso demonstrativo, que utiliza três operações da inteligência: o conceito, o juízo e o raciocínio.

O conceito é a representação mental dos objetos. O juízo é a afirmação ou negação da relação entre o sujeito (neste caso, o próprio objeto) e seu predicado.

E o raciocínio é o que leva à conclusão sobre os vários juízos contidos no discurso. Os raciocínios podem ser analisados como silogismos, nos quais uma conclusão decorre de duas premissas.

"Todo homem é mortal. Sócrates é homem, logo, Sócrates é mortal", diz ele, para exemplificar. "Sócrates", "homem" e "mortal" são conceitos. "Sócrates é mortal" e "Sócrates é homem" são juízos.

O raciocínio é a progressão do pensamento que se dá entre as premissas "Todo homem é mortal", "Sócrates é homem" e, a conclusão, "Sócrates é mortal".

O matemático e filósofo alemão G.W. Leibniz (1646-1716) critica a lógica aristotélica por demonstrar verdades conhecidas, mas não revelar novas verdades.

Além disso, a lógica tradicional sistematiza apenas juízos do tipo sujeito e predicado, como "Sócrates é mortal".

Já os modernos sentem necessidade de um método capaz de estudar também relações entre objetos, como "A Terra é maior do que a Lua".

No final do século XIX, o alemão Gottlob Frege (1848-1925) cria uma lógica baseada em símbolos matemáticos e na análise formal do discurso, lançando as bases da lógica moderna, que formaliza os raciocínios, organizando-os numa espécie de gramática, que pode ser empregada em diversas linguagens, como a proposicional, que estuda a relação dos juízos entre si, e a de predicados, que analisa a estrutura interna das sentenças.

Como a matemática, ambas se utilizam de símbolos lógicos (de negação, conjunção e implicação, por exemplo) e não-lógicos (que representam proposições, funções, relações etc.) para criar cálculos ou sistemas de dedução.

A validade de um argumento depende exclusivamente de sua fórmula lógica e não do conteúdo das afirmações. Então, se no exemplo aristotélico o conceito "mortal" for substituído pelo conceito "verde" ("Todo homem é verde.

Sócrates é homem, logo, Sócrates é verde."), o argumento permanece válido, ou correto, embora não existam homens verdes. Válido, porém, não quer dizer verdadeiro.

Para que a conclusão de um argumento válido seja verdadeira, as premissas têm de ser verdadeiras.

Ao estudar a estrutura e a natureza do raciocínio humano e reproduzi-las em fórmulas matemáticas, torna-se possível, por exemplo, a criação de uma linguagem binária, que é a base de funcionamento dos softwares para computadores.
Estética
Estética é a área da filosofia que estuda racionalmente o belo – aquilo que desperta a emoção estética por meio da contemplação – e o sentimento que ele suscita nos homens.

A palavra estética vem do grego aesthesis, que significa conhecimento sensorial ou sensibilidade, e foi adotada pelo filósofo alemão Alexander Baumgarten (1714-1762) para nomear o estudo das obras de arte como criação da sensibilidade, tendo por finalidade o belo.

Embora a expressão "estética" tenha uso recente para designar essa área filosófica, ela já era abordada sob outros nomes desde a Antiguidade.

Entre os gregos usava-se freqüentemente o termo poética (poeisis) - criação, fabricação -, que era aplicado à poesia e a outras artes.

Aos poucos, a estética passou a abranger toda a reflexão filosófica que tem por objeto as artes em geral ou uma arte específica.

Engloba tanto o estudo dos objetos artísticos quanto os efeitos que estes provocam no observador, abrangendo os valores artísticos e a questão do gosto.

Contemporaneamente, sob uma perspectiva fenomenológica, não existe mais a idéia de um único valor estético (o belo) a partir do qual julgamos todas as obras de arte.

Cada objeto artístico estabelece seu próprio tipo de beleza, ou seja, o tipo de valor pelo qual será julgado.

Os objetos artísticos são belos porque são autênticos segundo seu modo de ser singular, sensível, carregando significados que só podem ser percebidos por meio da experiência estética.
Absoluto
A determinação do conceito de absoluto e o estabelecimento de sua relação com a realidade sensível é um dos problemas fundamentais da história da filosofia.

Do ponto de vista metafísico, o absoluto seria, segundo Aristóteles, "o que existe e subsiste em si e por si", ou seja, o motor imóvel aristotélico, causa de todas as causas, que, como fundamento último da realidade, não é afetado pelas leis desta.

O absoluto, assim concebido como pura transcendência, não pode ser definido positivamente.
Pode-se dizer que o absoluto não tem causas, pois se as tivesse dependeria de outra coisa; não tem forma, pois seria determinado por ela; e que nada existe fora dele, pois nesse caso não seria absoluto.

Essa concepção de absoluto se encontra nos fundamentos do pensamento medieval e, mais especificamente, na teologia negativa, que identifica o absoluto com Deus, de quem só se pode saber o que não é e não o que é.

Nicolau de Cusa afirmava, no século XV, que "o conhecimento da verdade absoluta transcende nosso entendimento finito" e que "Deus se entende incompreensivelmente".

A concepção de absoluto como entidade substantiva diferente de Deus aparece no idealismo alemão, em fins do século XVIII e começo do seguinte.

Para os filósofos do período, o absoluto é o fundamento último da razão e esta, da realidade. Kant afirma que o fundamento último da razão tem que ser absolutamente incondicionado.

Fichte levou a idéia de absoluto ao extremo subjetivismo, identificando-o com o eu universal. Friedrich Schelling entendia o absoluto como fundamento universal da realidade, que contém em si mesmo seu princípio espiritual.

A unidade entre sujeito e objeto proposta por Schelling, que Hegel qualificou de "indiscriminada", foi a base da crítica hegeliana a sua concepção de absoluto.

Nenhuma dessas concepções metafísicas sobre o absoluto conseguiu solucionar o problema de sua relação com o intelecto.
Hegel tentou resolvê-lo concebendo a razão humana como um capítulo ou espécie de outra razão superior, a do espírito absoluto, que se realiza a si mesmo no tempo, mediante um processo dialético, de natureza lógica, que é também histórico.

Em última instância, o protagonista do processo é o próprio espírito absoluto, que pensa a si mesmo e faz culminar o processo com a consciência absoluta de si mesmo.

As idéias de Hegel sobre o absoluto foram o ponto de partida para a obra de outros pensadores, como o britânico F. H. Bradley e o americano Josiah Royce.

Com uma abordagem idealista ou materialista, a noção de absoluto foi tentada pelas mais diversas correntes de pensamento filosófico, desde os pré-socráticos, com seu princípio monista, até Schopenhauer, com o conceito de vontade cega, passando pela idéia de substância, formulada por Spinoza, e pelo materialismo dialético, próprio da filosofia marxista.

Na filosofia moderna, a noção de absoluto confunde-se com a de totalidade e de fundamento do real, seja ela concebida de um ponto de vista idealista ou materialista.

A reflexão sobre o absoluto tem constituído a tarefa básica de todas as filosofias, seja para tomá-lo como postulado ou, como acontece na analítica contemporânea, para afirmar a impossibilidade de emitir juízo algum sobre ele.
Absurdo
A noção do absurdo da existência, subjacente em alguns precursores da filosofia existencial (SØren Kierkegaard, Miguel de Unamuno e outros), foi convertida em núcleo básico de importantes expressões filosóficas e artísticas do século XX.

O grande marco do absurdo moderno foi a obra de ficção de Franz Kafka.
Nos romances e contos desse autor, que não apontam saídas, a ação dos personagens parece desprovida de significação, pois está condicionada a potências que, além de imprevisíveis, são também invisíveis.

Tais personagens ignoram os crimes de que são acusados e suas tentativas de defesa revelam-se assim grotescas e destinadas de antemão ao fracasso.

A tese do absurdo existencial foi explicitada por Albert Camus em Le Mythe de Sisyphe, essai sur l`absurde, (1942; O mito de Sísifo, ensaio sobre o absurdo), onde o personagem mitológico Sísifo, rolando montanha acima uma pedra que sempre volta a cair, encarna a inutilidade do esforço humano.

Ao lado da expressão filosófica, a obra ficcional e dramática de Jean-Paul Sartre e Camus revelaria também, por meio de situações típicas, a problematização do absurdo.

As mais características, nesse sentido, seriam Le Mur (1939; O muro), contos de Sartre em que os personagens decidem sobre seus destinos contra as leis da razão social; e Caligula (1944) e La Peste (1947; A peste), drama e romance de Camus em que os personagens se rebelam contra a própria condição humana, reduzida a sua impotência individual ou coletiva.

Marcados pelo clima de desespero associado às duas guerras em que a Europa mergulhou na primeira metade do século XX, os existencialistas rejeitaram as hipóteses metafísicas e teológicas para a explicação da existência.

Em seu lugar, introduziram a noção do fracasso ontológico do homem, cuja vida seria uma "paixão inútil" (Sartre).

Os existencialistas procuram uma saída para o dilema da condição humana, propondo a escolha lúcida do próprio destino (Sartre) ou a revolta (Camus).

Esta saída foi negada pelos representantes do teatro do absurdo (Samuel Beckett, Eugène Ionesco), que não admitem sequer a possibilidade de explicação para o real, proclamando a impotência dos atos humanos.

Neles, ao contrário dos existencialistas, de expressão quase sempre realista, o absurdo emerge funcionalmente na própria representação cênica, com a mímica grotesca, o nonsense, o humor negro e as expressões parabólicas.

No passado mais remoto, a noção do absurdo esteve latente nas filosofias irracionalistas ou nas que se recusavam a encontrar uma explicação racional para a existência.

Paralelamente a essas filosofias, tal noção encontrava-se também subjacente em muitas expressões artísticas, sobretudo nas manifestações do nonsense, do fantástico, da literatura dos sonhos, do humor negro etc.

O nonsense, o fantástico e o humor negro são conceitos afins ao de absurdo no sentido moderno, mas distintos.

O nonsense seria o disparate puro e simples, enquanto o absurdo teria sempre um sentido, embora inexplicável e recôndito; o fantástico se situaria numa fronteira indefinida entre a realidade e a irrealidade, ou seria um modo peculiar de ver a existência, por meio de fantasias individuais, enquanto o
sentimento do absurdo estaria ligado ao real em si mesmo, independentemente das projeções subjetivas.

Já o humor negro se caracterizaria como expressão essencialmente gratuita, não comprometida com a busca de significações para o real.

Apesar dessas diferenças, a afinidade de tais manifestações com o absurdo evidenciou-se em autores do século XX que utilizaram o nonsense e o fantástico como elementos de uma nova indagação sobre a existência.

Mesmo o humor negro, caracterizado pela gratuidade em autores de um passado recente (os surrealistas, por exemplo), revelou-se carregado de novas conotações nas obras de Kafka ou Beckett.
Lógica

Entendida popularmente como o estudo do raciocínio correto, a lógica surge no Ocidente com o filósofo grego Aristóteles. Para mostrar que os sofistas (mestres da retórica e da oratória) podem enganar os cidadãos utilizando argumentos incorretos, Aristóteles estuda a estrutura lógica da argumentação.

Revela, assim, que alguns argumentos podem ser convincentes, embora não sejam corretos.

A lógica, segundo Aristóteles, é um instrumento para atingir o conhecimento científico. Só se pode chamar de ciência aquilo que é metódico e sistemático, ou seja, lógico.

Na obra Organon, Aristóteles define a lógica como um método do discurso demonstrativo, que utiliza três operações da inteligência: o conceito, o juízo e o raciocínio.

O conceito é a representação mental dos objetos. O juízo é a afirmação ou negação da relação entre o sujeito (neste caso, o próprio objeto) e seu predicado.

E o raciocínio é o que leva à conclusão sobre os vários juízos contidos no discurso. Os raciocínios podem ser analisados como silogismos, nos quais uma conclusão decorre de duas premissas.

"Todo homem é mortal. Sócrates é homem, logo, Sócrates é mortal", diz ele, para exemplificar. "Sócrates", "homem" e "mortal" são conceitos. "Sócrates é mortal" e "Sócrates é homem" são juízos.

O raciocínio é a progressão do pensamento que se dá entre as premissas "Todo homem é mortal", "Sócrates é homem" e, a conclusão, "Sócrates é mortal".

O matemático e filósofo alemão G.W. Leibniz (1646-1716) critica a lógica aristotélica por demonstrar verdades conhecidas, mas não revelar novas verdades.

Além disso, a lógica tradicional sistematiza apenas juízos do tipo sujeito e predicado, como "Sócrates é mortal".

Já os modernos sentem necessidade de um método capaz de estudar também relações entre objetos, como "A Terra é maior do que a Lua".

No final do século XIX, o alemão Gottlob Frege (1848-1925) cria uma lógica baseada em símbolos matemáticos e na análise formal do discurso, lançando as bases da lógica moderna, que formaliza os raciocínios, organizando-os numa espécie de gramática, que pode ser empregada em diversas linguagens, como a proposicional, que estuda a relação dos juízos entre si, e a de predicados, que analisa a estrutura interna das sentenças.

Como a matemática, ambas se utilizam de símbolos lógicos (de negação, conjunção e implicação, por exemplo) e não-lógicos (que representam proposições, funções, relações etc.) para criar cálculos ou sistemas de dedução.

A validade de um argumento depende exclusivamente de sua fórmula lógica e não do conteúdo das afirmações. Então, se no exemplo aristotélico o conceito "mortal" for substituído pelo conceito "verde" ("Todo homem é verde.

Sócrates é homem, logo, Sócrates é verde."), o argumento permanece válido, ou correto, embora não existam homens verdes. Válido, porém, não quer dizer verdadeiro.

Para que a conclusão de um argumento válido seja verdadeira, as premissas têm de ser verdadeiras.

Ao estudar a estrutura e a natureza do raciocínio humano e reproduzi-las em fórmulas matemáticas, torna-se possível, por exemplo, a criação de uma linguagem binária, que é a base de funcionamento dos softwares para computadores.
Lógica

Lógica é arte que nos faz proceder, com ordem, facilmente e sem erro, no ato próprio da razão.

Distinguem-se três operações do espírito:
- a simples apreensão (formação do conceito);
- o juízo (composição e divisão) e
- o raciocínio.
No raciocínio, é necessário distinguir a matéria, ou, dito de outra forma, os materiais inteligíveis propriamente ditos com os quais o raciocínio é construído, e a forma, quer dizer, a disposição segundo a qual esses materiais são reunidos.

A simples apreensão é o ato pelo qual nós atingimos, sem nada afirmar ou negar, um objeto inteligível (natureza ou essência). Se pensamos, por exemplo, "homem", "animal racional", "inteligente" etc., fazemos um simples ato de apreensão.

O objeto material deste ato é a coisa, qualquer que ele seja, que apreendemos pelo pensamento. Seu objeto formal é aquilo que é diretamente atingido por ele, é o que chamamos de essência ou natureza, é antes de tudo e por si apresentado à inteligência.
Esse objeto inteligível é incomplexo ou complexo. Quando o objeto da simples apreensão é uma única essência, ex: homem, ele é chamado incomplexo. Porém, se há várias essências unidas, ex.:um homem vestido de roupas suntuosas, ele é chamado complexo.

Ao examinarmos um conceito, em termos lógicos, devemos considerar a sua extensão e a sua compreensão.

Por exemplo, o conceito homem. A extensão desse conceito refere-se a todo conjunto de indivíduos aos quais se possa explicar a designação homem. Isto é, você, eu, Pedro, Maria, enfim, toda a espécie humana. Já a compreensão do conceito homem refere-se ao conjunto de qualidades que um indivíduo deve possuir para ser designado pelo termo homem.

O conceito homem supõe a necessária existência de uma série de qualidades: animal, vertebrado, mamífero, bípede, racional. Assim, podemos fixar que a extensão de um conceito refere-se à quantidade de seres por ele designados, enquanto a compreensão diz respeito às qualidades que esses seres possuem para pertencerem ao referido conceito.

Considerando a extensão dos conceitos, o matemático Euler elaborou diagramas que revelam a existência de apenas cinco possibilidades de relacionarmos, em termos lógicos, um par de conceitos. Vejamos:

1. completa igualdade entre X e Y ( todos os X são Y e todos os Y são X)
2. X pertence a Y ( todos os X são Y; mas nem todos os Y são X)
3. Y pertence a X ( todos os Y são X; mas nem todos os X são Y)
4. Interação parcial entre X e Y ( alguns, mas não todos, X são Y e alguns, mas não todos, Y são X)
5. Completa diferenciação entre X e Y ( nenhum X é Y e nenhum Y é X)

Quanto a sua compreensão, os conceitos dividem-se em duas classes: concretos e abstratos. O conceito concreto apresenta ao espírito o que é isto ou aquilo e são absolutos ("o homem") ou conotativos ("branco"). O conceito abstrato apresenta aquilo pelo que uma coisa é isto ou aquilo e são sempre absolutos, ex. "a humanidade".

Quanto à sua extensão, dividem-se em coletivos e divisivos. Coletivos porque se realizam somente em um grupo tomados em conjunto ou coletivamente.("família"). Pelo contrário, os conceitos divisivos se realizam nos próprios indivíduos tomados cada um em particular. ( "soldado")

A distinção do sentido coletivo e do divisivo interessa à teoria do raciocínio: é evidente que se pode dizer, com o conceito "homem" tomado distributivamente:

Os homens são mortais;
ora, Pedro é homem;
logo Pedro é mortal.

Mas o mesmo não podemos afirmar do conceito "senador" tomado coletivamente:

Os senadores são um corpo eleito;
Ora, Pedro é senador;
Logo, Pedro é um corpo eleito.

A extensão de um conceito (comum) pode ser restringida sem ser no entanto limitada a um só sujeito individual determinado, como ao dizermos "algum homem".

O conceito denomina-se particular. Pelo contrário, quando a extensão do conceito é absolutamente restringida como quando dizemos "todo homem", o conceito é denominado distributivo ou universal.

Universal (distributivo)........................... "Todo homem..."
Conceito comum Particular...................... "Algum homem..."
Conceito singular................................... "Este homem..."

O termo é um conceito articulado que significa convencionalmente um conceito. O termo, considerado como parte da argumentação, divide-se em sujeito (que recebe uma determinação por meio do verbo ser) e predicado (que está apoiado no sujeito para determiná-lo).

O termo, considerado como parte da enunciação, divide-se em substantivo e verbo. O verbo ser significa a existência atualmente exercida (Pedro é), seja enquanto cópula, a relação do predicado com o sujeito. Em razão da extensão, o termo é singular, particular, universal ou indefinido.

O juízo é o ato pelo qual o espírito compõe afirmando ou divide negando. O ato de julgar (assentimento) recai sobre uma proposição que tem por matéria o sujeito e o predicado, e por forma a cópula.
A cópula "é" ou "não é" tem dupla função. Na medida em que exprime a composição ou a divisão, e então liga simplesmente o sujeito e o predicado, podemos dizer que tem uma função puramente copulativa, ex. "um tesouro está escondido aqui". Na medida em que exprime o ato vital de assentimento ( afirmação ou negação), interiormente realizado pelo espírito, podemos dizer que tem uma função propriamente judicativa, ex. "Pedro não é judeu".

Segundo o que seja a cópula a proposição divide-se em simples( categórica) ou composta (hipotética). A composta é ela própria aberta ou ocultamente composta. A abertamente composta divide-se em copulativa (cópula e), disjuntiva (cópula ou), e condicional (cópula se). A ocultamente composta divide-se em exclusiva (somente), exceptiva (salvo) e reduplicativa

A oposição das proposições é a afirmação e a negação do mesmo predicado em relação ao mesmo sujeito. Existem três espécies de oposição: contradição (não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo nem falsas ao mesmo tempo. Ex. "Algum homem é louro" é verdade: logo é falso que "nenhum homem é louro"), contrariedade (duas contrárias não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo, mas podem ser falsas ao mesmo tempo.
Ex. "Todo homem é justo" é falso, porém isto não prova que "nenhum homem é justo" seja verdade), subcontrariedade (duas contrárias não podem ser falsas ao mesmo tempo, mas podem ser verdadeiras ao mesmo tempo.

O raciocínio como já sabemos é a terceira operação do espírito. Podemos defini-lo como ato pelo qual o espírito, por meio do que já conhece, adquire um conhecimento novo.

Quando raciocina, o espírito está movido por duas proposições percebidas como verdadeiras, colocando a verdade numa terceira proposição. Chamamos argumentação o organismo lógico formado por antecedente e o conseqüente, ou seja, um grupamento de proposições das quais uma é significada como inferida pelas outras.

Vejamos um exemplo típico de raciocínio:

1ª premissa – O ser humano é racional
2ª premissa – Você é ser humano
Conclusão – Logo, você é racional.

O enunciado de um raciocínio através da linguagem é chamado argumento.

As questões de validade referem-se às relações lógicas entre as proposições que formam um argumento, ou seja, se o argumento é correto ou incorreto do ponto de vista da forma.

Podemos indicar a forma lógica válida de acordo com o seguinte raciocínio:

Se todo X faz parte de Y
Se em todas as partes do dia observamos o sol
E se Y faz parte de Z
E se a noite é uma das partes do dia
Logo, X faz parte de Z
Logo, à noite, observamos o sol.

Em termos lógicos, esse argumento é considerado válido, embora a hipótese expressa em uma de suas premissas seja falsa, bem como falsa é a sua conclusão.

Num argumento inválido quanto à lógica, as premissas são inadequadas, para sustentar a conclusão. Esse tipo de argumento é chamado de falácia. Vejamos um exemplo de argumento falacioso: Todos os gatos perfeitos possuem quatro patas

( premissa verdadeira) Miau possui quatro patas
(premissa verdadeira) Logo, Miau é um gato perfeito. (conclusão verdadeira)

Independentemente de serem verdadeiras as premissas desse argumento, trata-se de um argumento falacioso, pois, da 1ª premissa, não é válido concluir que Miau é um gato perfeito pelo fato de Miau possuir quatro patas. Em outras palavras, as premissas desse argumento não oferecem justificativas lógicas para validar sua conclusão.

As falácias construídas de má-fé, com a intenção de enganar, costumam ser chamadas de sofismas.

Podemos perceber que a lógica é um instrumento muito utilizado nos dias atuais, pois, a mídia, os políticos, ou até mesmo nossa família, utilizam-se desses meios argumentativos, verdadeiros ou não, para alcançar o que desejam, isto é, para convencer um outro ser ( você, eu, qualquer um) de suas premissas e conclusões.

Hoje a lógica tradicional encontra-se dividida, devido a explosão da matematização (época moderna), o que gerou o ramo da lógica simbólica ou matemática...