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segunda-feira, 25 de junho de 2012

ESTUDO DIRIGIDO PRIMEIROS ANOS

ESCOLA ESTADUAL PROFESSORA DEUZUITA PEREIRA DE QUEIROZ DISCIPLINA : FILOSOFIA / Recuperação junho/ 2012 PROFESSOR: SÉRGIO RICARDO ESTUDO DIRIGIDO 1º ANO TEMA (amor) OBSERVAÇÕES INICIAIS: a) Leia o texto todo. b) Procure entendê-lo antes de responder qualquer pergunta. c) Se alguma frase ou idéia não ficou clara, releia o texto. d) Só então procure responder ou refletir em cima do texto. NOME: ______________________________________________________Turno ________Turma_______ TEMA (AMOR) AMOR Roland Barthes já observava: o amor é um assunto mais obsceno, para nossos contemporâneos, do que o sexo. Mais incômodo. Mais íntimo. Mais difícil de dizer, de mostrar, de pensar. Digamos que a sexualidade tornou-se uma espécie de regra, à qual não há como não se submeter, O amor seria antes uma exceção. A sexualidade faz parte de nossa saúde, O amor seria antes urna doença, em todo caso um distúrbio. A sexualidade é urna força. O amor seria antes uma fraqueza, urna fragilidade, uma ferida. A sexualidade é urna evidência; o amor, um problema ou um mistério. Pode-se duvidar, inclusive, de sua existência ou, no mínimo, de sua verdade: e se fosse apenas um sonho, urna ilusão, uma mentira? Se por toda parte existisse apenas o sexo e o egoísmo? Se todo O lesto não passasse de literatura? Se o amor só existisse, como já o sugeria La Rochefoucauld, na medida cm que falássemos dele? Isso, no entanto, não seria nada, já que dele falamos, com efeito, já que dele falamos sem parar. E já que o egoísmo é um amor ainda — é o amor de si —, cuja existência e força não podemos contestar muito. Se não nos amássemos a nós mesmos, como poderíamos nos preferir, como é claro que fazemos quase sempre, e por que desejaríamos ser amados? E depois há os filhos: se não os amássemos, teríamos medo a esse ponto? E depois há os amigos: mesmo que não os amássemos senão para nós, o que é corri efeito concebível, ainda assim seriam mais preciosos a nossos olhos do que nossos inimigos, que detestamos, ou que aqueles, inumeráveis, que nos são indiferentes. É preciso, pois, que o amor não seja nada, já que introduz pelo menos, em nossas relações, esta diferença: entre aqueles que nos são caros, corno se diz, e aqueles que nada são para nós. E depois há todos aqueles amores que nos estorvam, cuja existência não podemos por isso contestar: o amor ao dinheiro, ao poder, à glória... E depois aqueles que nos regozijam: o amor à boa mesa, ao prazer, à vida... Que valeria o sexo, inclusive, se não o amássemos? Podem dizer que se trata de amores muito diferentes, que não podemos colocar no mesmo plano o amor que temos por um objeto (por urna iguaria ou um vinho, por exemplo) e aquele que sentem por um sujeito, que somente ele seria amor verdadeiramente... Talvez. Mas, enfim, só podemos distinguidos se primeiro os compararmos. E, além disso, a linguagem me dá razão, na maioria das línguas: “O amante, dizia Platão, ama a criança como um prato de que se quer saciar, ou como o lobo ama o cordeiro...” E Nietzsche, para zombar do amor pelo próximo: “Como a águia não gostaria do cordeiro, de carne tão prazerosa?”. Torno o amor em sua extensão máxima, e tenra entender o que ele é. Amo o vinho e a cerveja, Mozart e Vernier, as mulheres e esta mulher... O que há de comum entre esses diferentes amores? Um certo prazer que dele espero ou que nele encontro, urna certa alegria, até mesmo, por vezes, como uma felicidade possível. Amar é poder desfrutar ou regozijar-se de algo ou de alguém. É, portanto também poder sofrer, já que prazer e alegria dependem aqui, por definição, de um objeto exterior, que pode estar presente ou ausente, dar-se ou recusar-se... “Em relação a um objeto que não é amado, escreve Espinosa, nenhuma querela nascerá; não sentiremos tristeza se vier a perecer, nem ciúme se cair em mãos de outro, nem temor, nem ódio, nem perturbação da alma...” Estamos longe disso, e basta dizer que o amor nos prende como a ele nos prendemos. Se nada amássemos, nem nós mesmos, nossa vida seria mais tranqüila do que é. Mas é que também já estaríamos mortos. Não se pode viver sem amor, explica Espinosa, já que é o amor que faz viver: “Em razão da fragilidade de nossa natureza, sem algo de que gozemos, a que estejamos unidos e por que sejamos fortalecidos, não poderíamos existir.” O amor é uma potência — potência de gozar e de regozijar-se — mas limitada. Por isso ele marca também nossa fraqueza, nossa fragilidade, nossa finitude. Poder gozar e poder sofrer caminham juntos, como a alegria e a tristeza, e é o que significa o amor: que estamos fadados à instabilidade, à esperança e ao temor, ao gozo e à falta, enfim ao trágico e à insatisfação. Uma saída? Seria preciso amar apenas a Deus ou a tudo, o que dá no mesmo, e é o que Espinosa chama a sabedoria. Mas quem é capaz disso? O que é o amor? Espinosa dá esta bela definição: “O amor é uma alegria acompanhada da idéia de uma causa exterior.” Amar é regozijar-se de. Mas, e se a causa faltar? Resta, então, apenas a mágoa ou a falta. É onde se pode pensar a relação entre duas definições do amor, que dominam toda a história da filosofia. Há a de Espinosa, que já era, no essencial, a de Aristóteles: “Amar, dizia este último, é regozijar-se.” E há em seguida a de Platão, que parece dizer bem o contrário, O amor, para Platão, não é primeiramente urna alegria. O amor é falta, frustração, sofrimento: “O que não temos, o que não somos, o que nos falta, eis os objetos cio desejo e cio amor.” São dois amores diferentes, que os gregos designavam por duas palavras diferentes: phllia, para a alegria de amar, e eros, para a falta. A amizade, se quisermos, e a paixão (a falta insaciável do outro). Seria errado entretanto opô-las de modo demasiado estrito, demasiado simples. A maioria de nossas histórias de amor mistura ambos os sentimentos, e no fundo é feliz: já que estamos fadados à falta, pela finitude, e já que apenas a alegria nos conforta ou nos preenche... O sexo, por exemplo, pode ser vivido tanto na falta quanto na alegria, e até, quando tudo vai mais ou menos bem, não cessa de nos acompanhar desta àquela, daquela a esta, é nisso que ele se assemelha a nós ou se assemelha ao amor, é nisso que nos assemelhamos a ele quando amamos... A falta e a alegria, eras e philia, não são menos diferentes um do outro. Eras é primeiro, claro, já que a falta é primeira: vejam o recém-nascido que busca o seio, que chora quando lho retiram... É o amor que toma, o amor que quer possuir e guardar, o amor egoísta, o amor passional; e toda paixão devora. Te amo: te quero. Corno este amor seria feliz? É preciso amar o que não temos, e sofrer com essa falta; ou então ter o que não falta mais (já que o ternos) e que por isso amamos cada vez menos (já que só sabemos amar o que falta). Sofrimento da paixão, tédio dos casais. Ou então é preciso amar de outra maneira: não mais na falta mas na alegria, não mais na paixão mas na ação — não mais em Platão mas em Espinosa. Te amo: sinto-me feliz porque existes. Todo casal feliz, e apesar de tudo existem alguns, é uma refutação do platonismo. Eros é a falta e a paixão amorosa: é o amor que prende ou quer prender. Philia é a potência e a alegria duplicadas pelas do outro: é o amor que se regozija e compartilha. Olhem a mãe e o filho. O filho torna o seio: é eros, o amor que toma, é a própria vida. E a mãe dá o seio: é philia, o amor que dá, graças ao qual tudo continua e muda. Pois a mãe foi primeiro um filho: como todos, começou tomando. Mas aprendeu a dar, pelo menos a seus filhos, e é o que se chama um adulto. No início existe apenas Eros (há apenas o isso, como diz Freud), e talvez disso não escapemos: cada um começa tomando e não pára nunca. Mas, enfim, trata-se de aprender a dar, ao menos um pouco, ao menos as vezes, ao menos àqueles que amamos, àqueles que nos fazem bem ou nos regozijam... Ë ainda egoísmo? Pode ser, e por que não? Como poderíamos amar o que quer que seja se não amássemos a nós mesmos? Não se sai cio princípio de prazer: trata—se sempre de gozar o máximo possível, de sofrer o menos possível ... Não é a mesma coisa, no entanto, gozar apenas do que se toma, ou então saber gozar, às vezes, do que se dá ou se compartilha... Dar sem tomar? Regozijar-se sem querer possuir nem guardar? Seria philia liberada de eras, seria o amor liberado do eu, a alegria liberada da falta, e foi o que os primeiros cristãos — quando foi preciso traduzir para o grego a mensagem do Cristo — chamaram agapè, que pode ser traduzido indiferentemente por amor ou caridade. l o amor liberado do eu, e por isso sem fronteira, sem margem, sem limite... Que dele sejamos capazes, duvido muito. Mas, enfim, isso indica pelo menos uma direção, que é a do amor: o amor não é o contrário do egoísmo; é seu efeito, sua foz — como um rio se lança no mar —, enfim seu remédio ou, como diria Espinosa, sua salvação. Vais passar toda tua vida a buscar um seio, ou a querer guardá-lo, ou a dele sentir saudades, quando há um mundo inteiro a ser amado? Nunca se ama demais. Ama-se mal e mesquinhamente. TEXTO 02: A NECESSIDADE DO AMOR Ao tomar conhecimento de si mesmo como ser capaz de consciência e liberdade, o homem percebeu sua diferença em relação ao restante dos seres vivos. Passou a sentir a solidão que acompanha a individualidade. Ser um, tomar decisões e responder pela vida são fatos que provocam um sentimento doloroso de abandono e desamparo, só superado na relação com o outro. Veja como Erich Fromm descreve esse estado: “O homem é dotado de razão; é a vida consciente de si mesma; tem consciência de si, de seus semelhantes, de seu passado e das possibilidades de seu futuro. Essa consciência de si mesmo como entidade separada, a consciência de seu próprio o curto período do vida, do fato de haver nascido sem ser por vontade própria e de ter de morrer contra sua vontade, de ter de morrer antes daqueles que ama, ou estes antes dele, a consciência de sua solidão e separação, de sua Impotência ante as forças da natureza e da sociedade, tudo isso faz de sua existência apartada e desunida uma prisão insuportável. Ele ficaria louco se não pudesse libertar-se de tal prisão e alcançar os homens, unir-se do uma forma ou de outra com eles, com o mundo exterior.” Dessa necessidade de união nasce o amor. O amor é, pois, o meio procurado e desenvolvido pelo homem para vencer o isolamento e escapar da loucura. Sem ele, o homem torna-se árido, incapaz de encantar-se com a vida e de envolver-se com os outros. Não se sensibiliza com o abandono dos velhos, a morte das crianças , a miséria do povo, a poluição e a destruição do planeta, o roubo da cidadania, a morte dos ideais. Sem amor não há encontro, não há diferença; resta a escuridão do individualismo, do ser incapaz de relação O QUE É O AMOR Muitas pessoas confundem o amor com a paixão. Quando apaixonada, julgam estar amando. O amor , porém, é uma vivência mais ampla, é um modo de ser, de viver, que se conquista gradualmente,é uma vivência mais ampla, é um modo de ser, de viver , que se conquista gradualmente,à medida que se desenvolve a sensibilidade para com as outras pessoas. È capacidade de descentrar-se, sair de si e ir ao encontro do outro, em uma atitude de zelo e respeito. Ser amoroso é uma característica da personalidade e pressupõe toda uma vivência desde o seio materno. Amar é preservar a identidade e a diferença do outro, sem perder a sua. É estar comprometido com a realização do outro, sem perder a sua. É estar comprometido com a realização do outro, é querer seu bem. O amor é uma força de aproximação, união, envolvimento e responsabilidade. Ela dinamiza a vida que existe nas pessoas. Derruba fronteiras, estabelece contatos,partilha. A capacidade de amar pode expandir-se e atingir um envolvimento e um compromisso com todos os seres vivos e até mesmo com seres inanimados. Os movimentos ecológicos atestam gestos de amor de pessoas que lutam pela preservação da fauna, da flora,das águas e do ar. No amor há percepção da inter-ralação universal,da fraternidade humana e cósmica. FORMAS DE AMOR O amor é uma vivência que se manifesta de várias maneiras: amor materno, amor paterno, amor pela pátria, amor a si mesmo, amor erótico, amor a Deus, amizade, amor pela natureza, etc. Aqui nos limitaremos a fazer considerações sobre o amor erótico e a amizade. AMOR ERÓTICO Quando se fala em amor, pensa-se logo no amor erótico, porque essa forma de amar envolve o desejo, a busca e desenvolvimento a dois. Do ponto de vista biológico, o amor erótico consiste na relação sexual e na procriação. A energia biológica manisfesta-se psicologicamente em erotismo e exprime-se como busca de unidade, totalidade e comunicação. E o que é erotismo?É a transformação da energia sexual, biológica, em energia psíquica, ampliando consideravelmente a sexualidade. O homem é ao mesmo tempo corpo e psiquismo. As solicitações do corpo expressam-se também de maneira psíquica, produzindo um progressivo desdobramento da sexualidade, que passa a manifestar em vivência que aparentemente nada têm a ver com ela, como na arte, na ciência, no trabalho, na política e no envolvimento prazeroso com as pessoas e como mundo. O amor erótico é muito forte,porque pressupõe o retorno do sentimento vivido: é um dar e receber que se manifesta no prazer da convivência com o outro tanto no plano físico quando no psicológico. Essa forma de amor quer exclusividade,porque os amantes pretendem ser únicos um para o outro, e quer reciprocidade,pois buscam alimentar um no outro o amor que sentem. A AMIZADE. A amizade é a forma mais abrangente do amor. É um apelo e uma resposta existencial. Este apelo vai do meu eu ao outro a mim, numa dialética de cumplicidade que compreende sem palavras o que vai no coração de cada um. Os amigos partilham a vida com suas angústia e alegrias, que assinalam a condição humana. A empatia é a forma de comunicação que mais caracteriza a amizade. Colocar-se no lugar do outro minimiza os conflitos, os impulsos agressivos, apara aresta, pois na amizade a compreensão é maior que as exigências, as cobranças e as críticas. O amor em forma de amizade deveria impregnar todas as relações e estender-se à humanidade como um todo porque os amigos se aceitam em suas limitações. Esse amor possibilita a solidariedade e a compaixão, buscando o desenvolvimento integral do homem, sua libertação, sua autonomia. É próprio desse amor não haver denominador nem dominado. Sua principal característica é o compromisso como o outro e , por solidarizar-se com o outro, essa forma de amor possui uma conotação política: não permite a segregação e a discriminação por raça, cor , sexo credo, nacionalidade. É movida pelo desejo da justiça, igualdade de oportunidades e efetivação da dignidade humana: ama a todos sem exclusividade. A fraternidade constituiu-se historicamente em um ideal revolucionário ao visar à justiça e à liberdade. É temida por aqueles que fazem da exploração e da alienação os meios de manutenção de seus privilégios. Por isso, a amizade não representa um valor na sociedade neoliberal. Por sua vez, o amor erótico é empobrecido ao se limitado somente ao ato e aos órgãos sexuais. São raras as pessoas que percebem a existência dessa dominação subliminar. Percebe-la implica o desenvolvimento do espírito, a educação para a cidadania. O MACROCOSMO DO AMOR – A SOCIEDADE. A sociedade neoliberal permite que a indústria da diversão e a propaganda explorem o amor erótico. O sexo, por seu potencial de sedução, tornou-se um produto de mercado. È um instrumento como qual se tenta manipular o desejo sexual a objetos neutros, procurando erotizá-los. Por exemplo: a imagem de um mulher atraente à de uma automóvel. Ao faze-lo, mostra o produto como necessário. Por esse método, as pessoas são induzidas a perder o contato com suas necessidades reais: desejam aquilo que interessa ao mercado vender. Assim, a mídia empenha-se em exercer um poder sobre o próprio ato de desejar, contribuindo para o surgimento do homem hedonista, consumido e acrítico. A sociedade neoliberal investe no amor erótico,porque nele encontra excelente meio de atingir seu objetivo: vender. A amizade e negligenciada e até mesmo desprezada nesse tipo sociedade. Os ideais comunitários desse amor chocam-se com o individualismo consumista, despreocupado das questões sociais. O PROBLEMA DO RÓTULO O rótulo é outra dificuldade na convivência humana e afeta as relações homem-mulher. Os produtos industriais e comerciais são conhecidos por seus respectivos rótulos. Ora, “rotular uma pessoa”é vê-la sempre sob um único aspecto: Maria é bonita(não se percebem nela outras qualidades?); José é dominador ( não terá qualidades que se compensem esse defeito?; Luisa é superficial ( por que o é)... O rótulo é uma forma de opressão que torna previsível e monótona a relação a dois, impedindo, com isso, a espontaneidade e as possibilidade de crescimento pessoal. O processo de rotular ocorrer de forma inconsciente, e a pessoa rotulada tende, também de modo inconsciente, a incorporar o rótulo, inibindo, assim, suas potencialidades. Superar esse processo constitui o princípio do autoconhecimento, que devolve à pessoa a liberdade de ser ela mesma.. O MICROCOSMO DO AMOR A RELAÇÃO HOMEM-MULHER O AMOR É SUPLEMENTAR Em tudo o que se observa na natureza, pecebe-se forças de atração e repulsão. No átomo, por exemplo, a força de atração o mantém em permanente movimento em direção a outro átomo, na busca eterna de novas combinações moleculares. Nas plantas,, a força atrativa explode nas cores e perfumes das flores, preparando-se para a geração dos frutos e sementes. Entre os animais, essa força se expressa em rituais, danças e disputas que culminam no acasalamento. No animal, a função sexual é instintiva; no homem ela se transforma em erotismo. Um exemplo notável dessa transformação encontra-se no filme A guerra do fogo. Em determinado momento, o hominídeo, que tomava sua fêmea em um ritual ainda animal, é surpreendido por ela: ao girar sobre si mesma, coloca-se numa nova posição, face com seu parceiro, fitando-o nos olhos. No filme, esse gesto simboliza o primeiro passo para a humanização da relação homem-mulher. Representa a abandono da genialidade, do puro instinto, e a conquista da sexualidade erótica., do puro instinto, e a conquista da sexualidade. A mulher, com esse gesto, posiciona-se como iguala ao homem, são parceiro, companheiros que se que se enriquecem no convívio mútuo; igualdade humana e diferença de sexo. A beleza da relação homem-mulher está no encontro de seres autônomos e independentes. Muitos homens e mulheres, em função de sua imaturidade, criam relação de dependência e necessidade que fragilizam a união. Um procura no outro e que lhe falta ou o que gostaria de ser, em lugar de desenvolver ao máximo suas próprias potencialidades. Homens e mulheres ficam exigentes uns com os outros querem dos companheiros novos papéis e modos de ser, aos quais ainda não estão adaptados culturalmente. Por exemplo: a mulher espera que o homem seja ao mesmo tempo provedor, amigo, amante, que seja sensível, termo como ela e com os filhos, bem-sucedido e agressivo na luta pela vida, pela vida, o homem, por sua vez, espera que a mulher divida com ele as responsabilidades econômicas da família, ao mesmo tempo que sonha com uma parceria disponível, submissa, amante fogosa e esposa recatada. A ascensão da mulher com ser autônomo confundiu o homem , provocando insegurança na identidade masculina: estaca acostumado ao poder e à hegemonia, e de repente è solicitado a dividi-los com a mulher. Esta, por sua vez, acostumada à submissão, agora é obrigada a competir na sua luta por sua sobrevivência. Texto 03 O mito de Eros As lendas gregas, por serem transmitidas oralmente, sofreram inúmeros modificações , de que resultou variação muito grande de interpretações e sentidos. Às vezes,uma figura mítica aparece em várias versões, sempre ricas mítica aparece em várias versões, sempre ricas de significados. Na Teoogonia de Hesíodo, as entidades que saem do seio de caos – vazio da desorganização incial-surgem por segregação, por separação. Quando nasce Eros, o amor, essa força de natureza espiritual preside a partir daí a coesão, a ordem do Universo nascente. Mais tarde, no ciclo dos mitos olipianos Eros ( Cupido, para os romanos) é filho de Afrodite e Ares, representado por uma criança transversa que flecha os corações para torna-los apaixonados. Quando ele próprio se apaixonados. Quando ele próprio se apaixonados. Quando ele próprio se apaixona por Psique ( Alma), Afrotide, invejosa da beleza de Psique, afasta-a do filho e a submete às mais difíceis provas e sofrimento, dando-lhe como companheiras a Inquietude e a tristeza, até que Zeus, atendendo aos apelos de Eros, liberta-a para que o casal se uma novamente. Entre os filósofos gregos persiste essa imagem mística do amor. Os pré-socráticos Parmênides e Empédocles se referem ao princípio do amor e do ódio que persiste à combinação dos elementos entre si formarem os diversos corpos físicos. No diálogo de Platão O banquete, os convivas discursam sobre o Amor.Um dos oradores , Aristófanes, o melhor comediógrafo da época , relata omito segundo o qual, no inicio os seres erma duplo e esféricos , e os sexos eram três ,: um constituído por duas metades masculinas, outro por duas metades femininas e outra era andrógino, metade masculina e femininas. Como ousassem desafiar os deuses, Zeus cortou-os em dois para enfraquece-las. Cada um tornou-se então um ser fendido, e o amor recíproco se origina da tentativa de restauração da unidade primitiva. Como os seres inicias não eram apenas bissexuais , é valorizado o amor entre seres do mesmo sexo, sobretudo o masculino, como forma possível desse encontro. O mito significa também o anseio humano por uma totalidade do ser, representando o processo de aperfeiçoamento do próprio eu. Sócrates, o últimos dos oradores do referido diálogo, começa dizendo que Eros representa um anelo de qualquer coisa que não se tem e se deseja ter, Usa-se para ilustrar sua afirmação: Eros nasceu de Poros (expediente ou engenho) e de Pénia ( Pobreza) e aos pais deve a inquietude de procurar sair da situação de penúria e por meio de expediente, alcançar o eu deseja: é a oscilação eterna entre o possuir e o não- possuir. Segundo Sócrates, O amor é o desejo , em primeiro lugar de alguma coisa; em segundo, só de coisas que estejam faltando. O amor é capaz de desabrochar e de viver , morrer e ressuscitar no mesmo dia. Come e bebe, dá e se derrama, sem nunca estar rico ou pobre. A partir dessa discussão, pela boca de Sócrates, Platão explica a relação entre Eros e a filosofia. Assim como os deuses não filosofam nem aprendem, por já possuírem a sabedoria, os tolos e os ignorantes não aspiram adquirir conhecimento, porque, embora nada saibam, julgam saber. O filósofo ocupam o lugar intermediário entre a sabedoria e a ignorância. Dessa forma, Platão não reduz a busca apenas à procura da outra metade do nosso ser que nos completa. Para ele, Eros é ânsia de ajudar o eu autêntico e a se realizar,na medida em que a vontade humana tende para o Bem e para o belo, quando subordina a beleza espiritual e desliga-se da paixão por determinado indivíduo u atividade, ocupando-se com a pura contemplação da beleza. È importante observar que essa concepção deve ser compreendida de acordo com a relação corpo-alma,segundo a qual subordina Eros a Logos, ou seja subjuga as paixões à razão. AMOR E PERDA O risco do amor é a separação, Mergulhar na relação amorosa supõe a possibilidade da perda. Segundo o psicanalista austríaco Igor Caruso, a separação é a vivência da morte numa situação vital: a morte do outro em minha consciência e a vivência de minha morte na consciência do outro. Por exemplo, quando deixamos de amar ou não mais somos amados , ou , ainda se a circunstancias nos obrigam à separação, mesmo quando o amor recíproco permanece. Se a perda é sentida de forma intensa, a pessoa precisa de um tempo para se reestruturar, porque, mesmo quando conseguiu manter a individualidade, o tecido do seu ser passa inevitavelmente pelo ser do outro. Há um período de “luto” a ser superado após a separação, quando então , é buscado novo equilíbrio. Uma característica dos indivíduos maduros é saber integrar a possibilidade da morte no cotidiano da sua vida. Como se vê , ao falarmos em morte, não nos referimos apenas ao sentido literal da palavra, mais às diversas”mortes” ou perdas que permeiam nossas vidas. Mesmo nas relações duradouras, as pessoas mudam, e a modificação do tipo de relação significa consequentemente a perda da forma antiga de expressão do amor. Nas sociedades massificadas, porém, em que o eu não é suficiente forte, as pessoas preferem não viver a experiências amorosas para não ter de viver com a morte. Talvez por isso as relações tendam a se tornar superficiais, e é nesse sentido que o pensador francês Edgar Morin afirma: Nas sociedades burocratizadas e aburguesadas, é adulto quem se conforma em viver menos para não ter que morrer tanto. Porém, o segredo da juventude é este: vida quer dizer arriscar-se à morte e fúria de viver quer dizer viver a dificuldade”. 1º PARTE: (5 pontos) Julgue os itens abaixo e justifique as erradas. A)( ) Para Roland Barthes, o amor é antes de tudo uma exceção nas emoções humanas B)( ) Para Espinosa o amor é alegria C)( ) Para alguns autores , o amor tem um caráter pessimista D)( ) Paixão pode ser considerada a irmã do amor E)( ) O amor só é compreendido de forma racional F)( ) O amor é naturalmente construído. G)( ) A representação mitológica do amor é a Deusa Afrodite H)( ) Para amar outro ser, não é necessário amar a si próprio. I)( ) Para Espinosa o Amor é algo sofrível. J)( ) O amor está relacionado ao sentimento de posse. K)( ) Para amar outro ser, não é necessário amar a si próprio. L)( ) Não existe diferença entre o amor e a paixão. M)( ) Só existe uma forma de se amar corretamente. Platonicamente. N)( ) A amizade não pode ser considerada uma forma de amor. O)( ) Solidariedade,compaixão são as formas mais pura de se amar. P)( ) A amizade é uma forma pura de amar. PARTE 02:(5 pontos) SUBJETIVA OBS: EM MÉDIA 6 LINHAS POR QUESTÃO. A partir da leitura do texto base responda as questões a seguir: 1) Porque a razão atrapalha o discernimento sobre o amor? 2) O amor, vai além do se significado básico, ele é salvador para o homem, com ele o homem escapa do isolamento social. Dentro do contexto do texto comente a afirmação acima. 3) Diferencie o macrocosmo e microcosmo do amor. 4) O amor platônico é válido? 5) Como a ascensão da mulher na vida moderna desequilibrou a pseuda relação de equilíbrio ela os homens sobre o amor? 6) Como os gregos explicam o amor? 7) Como Platão explica a relação de Eros o amor? 8) Leia a definição de Espinosa e teça um comentário.” O amor é uma alegria acompanhada da idéia de uma causa exterior.” 9) Leia o texto de Érich Fromm e faça um comentário. 10) Após ler todos dos textos da apostila, elabore um pequeno texto,dando sua opinião sobre o que é amor. ENTREGAR EM FOLHA ANEXA OBS: Entregar este estudo dirigido até o dia, 27/06/2012 impreterivelmente 14:00hs!

ESTUDO DIRIGIDO SEGUNDOS ANOS

ESCOLA ESTADUAL PROFESSORA DEUZUITA PEREIRA DE QUEIROZ DISCIPLINA : FILOSOFIA / Recuperação PROFESSOR: SÉRGIO RICARDO ESTUDO DIRIGIDO 2º ANO TEMA (TER e SER) OBSERVAÇÕES INICIAIS: a) Leia o texto todo. b) Procure entendê-lo antes de responder qualquer pergunta. c) Se alguma frase ou idéia não ficou clara, releia o texto. d) Só então procure responder ou refletir em cima do texto. NOME: ___________________________________________________Turma:_______Turno:__________ ESTUDO DIRIGIDO: TEMA (TER e SER) TER E SER TEXTO 01 Hoje, como no passado, a criatura humana sofre as mesmas necessidades, possui os mesmos conflitos, agasalha dentro de si as mesmas inquietações, diferenciadas, é lógico, pelas circunstâncias de tempo e de condicionamento de técnica. Um dos mais constantes problemas que permeia o Espírito é a dificuldade de estabelecer uma relação harmoniosa entre o ter e o ser. Em diversas épocas da Humanidade formularam-se e discutiram-se teorias acerca da posse dos bens terrenos, sua necessidade para o Homem e sua moralidade perante as leis de Deus. Aristóteles, o eminente filósofo grego da Antigüidade (384/322 a.C.), em sua obra Política, preceituava que o ser humano, para ser virtuoso, necessitava possuir alguns Bens, que seriam os do Espírito, do corpo e das coisas exteriores, sem os quais germens criminológicos poderiam levá-lo ao desequilíbrio. A religião, em suas diversas épocas e tendências ideológicas, ora pregava que aqueles que possuíssem bens materiais não entrariam no Reino dos Céus e ainda queimariam no fogo do Inferno, fazendo apologia da escassez ou da miséria, na busca da realização pessoal; ora pregava que se reconheciam os escolhidos de Deus por serem bem sucedidos na vida sócio-econômica. "A psicologia sociológica do passado recomendava a posse como forma de segurança. A felicidade era medida em razão dos haveres acumulados, e a tranqüilidade se apresentava como sendo a falta de preocupação em relação ao presente como ao futuro. Aguardar uma velhice descansada, sem problemas financeiros, impunha-se como a grande meta a conquistar" 1 Mais recentemente, com a era tecnológica, apregoa-se a necessidade de possuir a maior quantidade possível de recursos materiais, tendo desde o essencial até ao supérfluo, sem se importar com a utilidade de tais aquisições, pois o importante é consumir e consumir. Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, assevera que os bens terrenos são poderosos elementos do progresso do Espírito, proporcionando o progresso intelectual e por conseqüência o progresso moral. A posse é, segundo a Doutrina Espírita, uma necessidade que atende objetivos próprios, que não são únicos e exclusivos. O Espiritismo, portanto, não coloca o ter como causa imediata da felicidade, e sim como um meio e instrumento para atingir tal intento, criando condições para o indivíduo se educar e transformar os sentimentos conflituosos em harmoniosos, renovando-se intimamente. Quando o indivíduo se encontra em estágio de infância psicológica, sendo egocêntrico e ególatra, cria mecanismos escapistas da personalidade, desumanizando-se e passando a categoria de semideus, desvelando caprichos infantis, irresponsáveis, que se impõem, satisfazendo as frustrações. Revertendo esse quadro através da educação, metodologia da convivência humana e situações em que a Vida impõe mudanças, estrutura-se uma consciência de ser, antes de ter; de ser, ao invés de poder; de ser, embora a preocupação de parecer. Sendo assim, o ter é elemento para ser, desde que não se abuse dele tornando-o pernicioso e prejudicial ao Espírito. Aplicando tais recursos de maneira sensata e lúcida experimenta o júbilo da realização, a imensa alegria do serviço, exteriorizada no bem estar que proporciona. Adquirindo, a pouco e pouco, a consciência de si mesmo, que é a meta existencial, consegue discernir entre o ter e o ser, vibrando o auto-amor que desdobra a bondade, a compaixão, a ação benéfica em favor do próximo. TEXTO 02 TER E SER “Está escrito: Não é só de pão que vive o homem (Lc 4,4) Este é um tema bastante discutido nos dias de hoje. Muitos estão tentando “ser”, cansados do materialismo, e, nesta busca, freqüentam seminários, fazem retiros espirituais, lêem coleções de livros, praticam meditação, etc. Outros, a grande maioria, com os corações ainda imbuídos da ambição insaciável, voltam-se, unicamente, para o “ter”. Colocam toda a sua energia em conseguirem postos e haveres que os realizem. E claro que, se vivemos num mundo material, precisamos de coisas materiais. O alimento, a saúde, o transporte, o lazer, a arte, deveriam seu um direito de todo e qualquer ser humano. Viver tranqüilo e com conforto é urna meta sadia de vida. Entretanto, temos dois lados de uma moeda triste: aqueles que são privados de tudo ou quase tudo, pela má distribuição das riquezas, fruto de sistemas sociais injustos, e aqueles que desejam ter além do necessário. Que querem mais, sempre mais. Sofrem, provavelmente, de urna neurose compulsiva. Não é preciso que se sinta culpa pelo desejo de ter. Como já afirmamos, esta é um aspiração natural e saudável no ser humano para que tenha urna vida agradável e feliz. A necessidade de “ter” passa a ser uma doença, em nível pessoal, exatamente, quando se torna um objetivo em-si. Temos, neste caso, uma neurose compulsiva ou obsessiva. E ela torna- se urna doença social, que, hoje, tomou conta do organismo coletivo, corno um câncer, quando as pessoas passam a ser valorizadas unicamente pelo que têm e toda a sociedade compele o indivíduo a-lutar, arduamente, pelo sucesso, como se a vida fosse uma maratona, em que todos almejam o primeiro lugar. Este. tipo de atitude gera os mais graves desequilíbrios, tanto a nível pessoal, como social. Depressões, estresse, doenças psicossomáticas, violência, miséria, mendicância, etc., são frutos desta triste filosofia. E preciso que façamos uma reflexão séria: O que procura-trios nesta vida? Pelo que lutamos? A que aspira o nosso coração? E corno nos comportamos nesta luta terrena? Acreditamos que os fins justificam os meios? Mesmo que estes meios signifiquem mentir, fingir, magoar, bajular, desrespeitar as necessidades, os sentimentos e a privacidade do nosso próximo? Mesmo que estes meios criem a injustiça, a desigualdade, a miséria e a violência? É claro que, se estamos aqui, ternos de nos preocupar com as questões terrenas e cotidianas! Temos de lutar com dignidade pela sobrevivência nossa e pela da humanidade. E natural que queiramos comida sobre a mesa, um teto decente sobre as nossas cabeças e mesmo conforto e beleza. Corno “nem só de pão vive o homem”, é natural que queiramos tempo livre para criar, pensar e gozar de toda a beleza da vida! Entretanto, o luxo, o acúmulo, o que nos sobra é o que falta a tantos... E, se a vida continua após a morte, o que levaremos conosco? O que acumulamos em bens materiais, ou aquilo que “somos”?... Já vimos que o homem é um projeto inacabado. Até pelo lado físico, ele é o animal que nasce mais incapaz e que tem de conquistar sua independência, dia a dia. O bebê humano, se deixado à míngua, simplesmente morre. Isto significa que ele tem que se fazer: aí está a importância do “ser”. Não importa acreditar ou não em Deus, ter ou não religião. Urna coisa, porém, é certa: o homem só é feliz quando se realiza, isto é, quando desenvolve tudo aquilo que nele existe em potencialidade: a capacidade ilimitada de amar, compreender, perdoar, acolher; a capacidade intelectual, que abrange, hoje sabemos, também, o desenvolvimento de “poderes”, antes tidos como extra-sensoriais; a capacidade de criar, de renovar, de conviver, etc. Enfim, quando ele desenvolve todas aquelas características que são nitidamente humanas. Resumindo — O homem vive num conflito entre o ter e o ser; — O ter passa a ser urna doença, quando se torna compulsão; — O homem só se realiza quando se toma plenamente humano. O texto que se segue é bem útil para discussões sobre o tema. Procure entendê-lo e, depois, debatê-lo com a turma. A árvore oca Ela era uma árvore alta e imponente. Destacava-se em toda a floresta. As outras olhavam-na com inveja, imaginando-a bela e forte. Ela, porém, sentia-se, por vezes, cansada de tanto manter-se erguida... Olhava, não sem tristeza, as suas pequenas companheiras, lá por baixo, com seus galhos se enroscando e abrigando pequenos animais e viajantes cansados. Um dia, uma tempestade horrível tomou conta da floresta. O vento uivava bravio, vergando os galhos flexíveis das peque nas árvores, e, por vezes, até seus próprios troncos. Todas pareciam empenhadas em uma dança louca e macabra. De repente, a grande árvore, que, a todos, parecia assistir impassível, parte-se e cai ao chão. E logo que a chuva passa, todos se preocupam em assistir ao triste espetáculo: aquela árvore, tão linda e orgulhosa, estava, agora, sobre o chão, com seu tronco partido em dois, deixando visível urna dura realidade: era oca, completamente oca.As pequenas árvores confabulam, estupefatas: “Ela que parecia tão forte e cheia de vida! ...Deus meu, como é possível?” Olham-na com pena, satisfeitas consigo mesmas. Depois, passam a discutir se devem abandoná-la e deixá-la morrer em paz ou se deverão protegê-la, pois, quem sabe, ainda haveria alguma seiva que a faria reviver? Lembram-se do desdém com que ela as olhava antes... E olham-na, de novo, ali, tão desvalida... Resolvem, então protegê-la. Depois, um inverno rigoroso se abate sobre a floresta. A vida parecia ter abandonado a tudo e a todos... Um belo dia, um sol radiante aparece. Pássaros cantando e voejando atarantados. Pequenos animais surgindo daqui e dali. As flores se abrindo... Os brotos rompendo a terra... Uma festa de cores e sons... E eis que, como num passe de mágica, um tímido galhinho aparece naquele tronco mutilado. Todos olham fascinados. E a árvore que revive! E o eterno milagre da vida que se renova! (Maria Luiza Silveira Teles) TEXTO 03 JEAN-LLJC MARION Por que colocar ainda e sempre a questão do ser? Não teríamos outras preocupações — não perder a vida, não ceder à infelicidade, não aumentar o sofrimento do mundo etc. — a priorizar? Se sabemos o que perguntam tais questões, ainda não sabemos muito bem respondê-las. Mas o que devemos fazer com o ser? Será que temos de nos fazer de filósofos a esse ponto (o que aqui não é nenhum elogio) para com isso nos preocupar? O que incomoda, nessa negação, é que seu bom senso se contradiz imediatamente. Pois o ser, que não queremos que seja questão nem que dele se ouça falar, já tornou a palavra na nossa. Para dizer que ele não é a questão, já foi preciso dizer E para negar esse direito à questão, será preciso logo dizer por quê, portanto dizer o que é este ser — que é absurdo, não é nada, não é um verdadeiro ente. Em suma, terá sido preciso cometer a contradição performativa que Pascal identificava: para refutar o ser, é preciso definir o ser, mas, para defini-lo, já é preciso dizer é, logo pressupô-lo. A questão do ser se propõe por si mesma, queiramos ou não. O ser já é sempre presente. Vai ser portanto dizer algo sobre ele. Ora, justamente, pode-se sempre dizer algo sobre ele, urna vez que qualquer coisa já é ainda que falte determinar seu nível de ser: pode se tratar do nada, da cópula (A é B), da existência colocada etc. Decerto, entre existir e não existir, entre a existência e a existência simples cópula, a diferença parece enorme. Entretanto, só podemos avaliá-la se admitirmos que tudo nela se deixa reduzir ao ser. Não apenas no céu das idéias, mas nas coisas no dia-a-dia. Pois de tudo o que me advém, devo, para simplesmente vê-lo (em tamanho, peso, cores, preço, utilidade etc.), acabar por reconduzi-lo ao que ele é perguntar se ele é, como é em que condições é. Devo portanto pensá-lo na medida em que em geral ele é, ou não. Aristóteles, primeira e definitivamente, estabeleceu que “existe uma ciência que estuda o que é enquanto é” — e não, como cada uma das outras ciências, enquanto é isto ou aquilo, de tal tipo ou tal domínio, de tal região ou tal época. Enquanto ele é ente. Pode-se dizê-lo em francês desde pelo menos Scipion Dupleix, trinta anos antes de O discurso do método de Descartes. Uma vez realizada essa primeira redução, começam as dificuldades. Pois como conceber esse ente, o que l? Precisamente como o que tem de ser. Mas, uma vez mais, o que é ter de ser? Primeira hipótese: “O ente ou então a enticidade-a essência” (ousia, diz Aristóteles). Nesse caso, como propriedade que faz ser esse ou aquele ente, a essência permanece singular (a do animado, do homem, de tal indivíduo etc.); ela torna possíveis ciências regionais (matemática, física, psicologia, cosmologia etc.), mas nada ensina sobre o próprio ser, nem sobre o que ele significa universalmente. Logo, paradoxalmente, passar ao ente corresponde mais a fechar a questão do ser do que a abri-la. Daí a segunda hipótese: superar cada ente particular para atingir o ser como tal, como o universal. A redução abstrai então o ser das diferenças entre o finito e o Infinito, o criado e o incriado, o acidental e o essencial, o movente e o eterno, o vivo e o inerte etc. No final, o que resta? O ente abstrato justamente, logo indeterminado, até mesmo confuso e vazio. Mas então, o que concebemos ainda? Precisamente, nada a não ser urna representação, pressuposta por todas as outras, mas sem peso real — não o ente, mas o conceito (objetivo) do ente. Esse resultado, tão inevitável quanto estranho, só autoriza por sua vez dois caminhos. Ou bem o ser reduzido ao conceito vazio do ente o define, no melhor dos casos, como uma identidade para si (A = \), uma não contradição racional, cm suma a possibilidade lógica (foi a posição dc Duns Scot e de Leibniz); perdeu-se então o aspecto sério do ser, pois a existência torna-se impensável. Ou então admitimos que o ente não leva a nada, ou antes ao nada, que ele se confunde com o nada; esta via radical e corajosa (a de Hegel e de Heidegger) reconhece pelo menos que o ser difere radicalmente do ente. Esse duplo impasse pode suscitar urna rejeição brutal (por exemplo, Etienne Gilson): ser é ser realmente, segundo a existência pura e dura. É preciso então ousadamente inferir que só Deus é, até mesmo que Deus é o ser. Fácil dizer, difícil pensar. Pois, ou bem o ser convém a Deus — mas, já que por definição Deus deve permanecer incognoscível enquanto conceito, será preciso que o ser extravase a representação vazia do conceito objetivo de ente e assuma a condição de um “ato puro”, tão “profundamente desconhecido” quanto Deus (e Tomás de Aquino chegará até aí). Assim, pensado a partir de Deus, o ser torna-se incognoscível. Ou então o ente permanece compreensível em seu conceito e identificá-lo a Deus corresponde a pretender submeter Deus a um conceito, logo a blasfemar-lhe a transcendência. Aqui pouco importa que esse conceito sirva para provar a existência ou a “morte” de “Deus”, já que não se trata mais, em ambos os casos, senão de seu ídolo, submetido ao conceito metafísico que dele forjamos. Encerram-se assim ao mesmo tempo a questão do ser e a de Deus. Uma via acaba de se fechar: o ser, jamais, poderá ser pensado a partir do ente, menos ainda a partir de seu conceito. Heidegger tematizou este princípio sob a expressão “diferença ontológica”. Só resta então pensar o ser sem consideração pelo ente, seguindo portanto um procedimento exatamente oposto ao da metafísica, que sempre acreditou alcançar o ser fixando o ente supremo, que cIcie ofereceria o mais nobre exemplar (segundo sua “constIuição onto-teo- lógica). O ser apenas, em via direta? O próprio Heidegger, no entanto, não teve sucesso nessa estréia. Por duas vezes teve de renunciar. Primeiro, no início, com Ser e tempo (1927), quando ainda se apoiava num ente privilegiado, o ser-aí (Dasein, que, é claro, nunca consegue se reunir ao ser como tal. Depois, no final, com Tempo e ser (1962), em que o ser se encontra (da mesma forma que () tempo) submetido a urna nova instância — o acontecimento (Ereignis — quando, de maneira não dissimulada, desaparece como tal. Assim, mesmo a reformulação radical e/a questão do Ser repetiria as aporias a que chegava a busca metafísica do ser do ente. Deve-se a partir disso concluir o que Aristóteles anunciava do ser: “. ..Freqüentemente, agora e sempre buscado...”, ele continuaria “sempre faltando”? Aqui, no entanto, abre-se outra possibilidade: o ser poderia colocar urna questão cuja resposta se formularia sem ele ou diferentemente dele; talvez o nome da questão não bastasse para dizer a extensão da resposta. Pois se para todo ente ser significa que ele nos advém (e ele nos advém à nossa revelia incessantemente), o que quer dizer por sua vez todo este advir? Com que direito o ente nos advém? Com o direito que tem o dado de se dar a partir de si. Ou seja, de se dar apenas de si: não a partir das condições que fixaríamos para sua fenomenalidade, mas de sua própria autoridade, surgindo através da presença como um presente e um dom, freqüentemente sem causa nem previsão, sem rima nem razão, até mesmo às vezes do próprio seio do impossível, sem espera nem retorno nem preço, em suma, como um puro dado. O que é o é à proporção que advém segundo seu fato consumado, sobre o modo do que se dá. Esse dado desdobra-se segundo sua doação, que não provém de nenhuma instância transcendente, mas de sua iniciativa imanente. A questão pode muito bem ainda ser dita “Ser ou não ser”, mas a resposta é decidida conforme o dado se dê ou não. Martin Heidegger ou a Mascara do ente “Por que existe algo em vez de nada?”, interrogava-se Leibniz, substituído três séculos mais tarde por Heidegger. Questão primordial que o filósofo vai modelar assim como um poeta trabalha a língua. Qualquer explicação que pudéssemos formular quanto ao assunto pressupõe que admitimos a existência de algo, que Heidegger designa como o ente — pois como conceber que não exista nada? E no entanto essa interrogação não pode ser jogada fora impunemente. Ela é fundamental, pois nos reconduz ao fundamento das coisas e nos coloca numa situação propriamente filosófica, a do espanto diante do mundo. “Por que o ente é arrancado à possibilidade do não ser? Por que não recai nela por si mesmo e a todo momento? Por que o ente é? Com essa questão, colocamo-nos no ente de modo que ele perca sua evidência banal como ente.”1 Tentemos fazer a experiência. O pedaço de giz branco que tenho na mão é uma coisa de forma e comprimento determinados e de certa cor. Mas ele poderia ser azul e mais comprido. Poderia igualmente não se achar na minha mão neste momento. Poderia até simplesmente não existir. E essa possibilidade que ‘põe a descoberto o ente em sua vacilação entre ser e não-ser”. Logo o giz, como todo ente, (IOVC seu ser ao ser. “O ente e seu ser, são a mesma coisa? O que é o ente, por exemplo, neste pedaço de giz? O ente significa primeiro o que é sendo, em cada caso; aqui, esta massa de um cinzento esbranquiçado, de forma determinante leve, quebradiça. Podemos, além disso, facilmente compreender que aquilo de que falamos pode também não ser, que no fim das contas este giz não tem que ser aqui, nem que ser em geral. O que é então, diferentemente do que pode caber no ser ou recair no não-ser o que é então, diferentemente do ente, o ser?1 “Nem sobre o ente, nem dentro do ente, nem onde quer que seja, não podemos apreender o ser do ente diretamente. Onde se esconde então o ser? De qualquer modo é preciso que algo desse gênero pertença ao giz, já que ele mesmo, este giz, é.”1 Há, portanto, certamente uma distinção fundamental entre o ente como coisa que é, dotada de um conjunto de determinações, e o que acontece a este ente, o acontecimento que lhe concerne: o fato de que ele está sendo. Pois é um “acontecimento” que a coisa vive, mesmo que ele não nos cause espanto de imediato. E ai reside a grande dificuldade. O ser como processo em ação no âmago das coisas é dissimulado na presença imponente das próprias coisas. Da mesma for- rua, podemos dizer também que o Ser é “dom” de todas as coisas, mas “um dar que dá apenas sua doação, mas que se dando assim, no entanto se retém e se subtrai”. 1º PARTE: (5,0 pontos) Julgue os itens abaixo e justifique as erradas. A) Para Aristóteles o homem para ser virtuoso necessitava de possuir alguns bens espirituais e físicos. B) Em várias épocas, com variadas ideologia, as religiões se recusavam em pregar a quem possuísse poucos bens materiais. C) Algumas religiões não colocam o ter como prioridade. D) O ter não para conseguir o ser. E) O ter não tem compulsão pelo ter. F) Um dos argumentos para se por em xeque a questão do ser é negar sua existência. G) Um dos argumentos para se por em xeque a do ser é negar a sua existência. PARTE 02:( 5,0 pontos) 1)Podemos Adquirir um TER de qualidade sem um SER equilibrado? (5 linhas) 2)O texto observa que o homem só é feliz ,quando desenvolve toda sua potencialidade. Assim relacione essa afirmação com a questão temática do texto (TER & SER). 3) Leia o seguinte texto ; “ A ÁRVORE OCA” e faça uma breve análise do mesmo (10 linhas) 4) Para poder-mos entender o ser ,é necessário estabelecer certos parâmetros, um deles é o termo ente. Assim faça uma pesquisa e defina o que é ente. 5) Na segunda hipótese de Aristóteles sobre a relação entre o ser e o ente, Há seguinte colocação: “... Perdeu-se então o aspectos sério do ser, pois a existência torna-se impensável...” Dentro do contexto, comete essa afirmação. ( 5 linhas) 6) Para Heidegger.”O ser jamais ,poderá ser pensado a partir do ente,menos ainda a partir do seu conceito”. Comente essa afirmação a partir do texto base. 6 linhas 7)Qual relação existe entre o ENTE E O SER? ( responda com argumentos em 7 linhas) 8)O que é diferença ontológica para Heidegger? 9) Heidegger ao fazer a análise do ente e do ser, faz uma argumentação baseado nos contrários como em Parmêminides.Assim cite essa argumentação e teça um comentário sobre ela. (8 linhas) Entregar o Estudo Dirigido impreterivelmente até 28/06/2012 às 09:00hs!!!