AVISO IMPORTANTE PARA QUEM VAI FAZER O ENEM/2013:
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A UNIFESSPA de Xinguara está ofertando 40 vagas para Graduação em História, via ENEM.
Acesse: ceps.ufpa.br e abra UNIFESSPA e se inscreva até 25/10, às 22:00 horas.
Santana do Araguaia está ofertando 40 vagas para Matemática;
São Félix do Xingu,40 vagas para Letras;
Rondon do Pará, 40 vaga para administração e mais 35 cursos em Marabá, incluindo Engenharia Civil, Elétrica, de Minas.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
sábado, 17 de agosto de 2013
Paradoxos da Qualidade Brasil
Paradoxos da qualidade Brasil
O Brasil
melhora em quantidade e tropeça em qualidade. O
IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano) de 5.565 municípios brasileiros,
divulgado pelo IPEA a 29 de julho, subiu 47,5% nos últimos 20 anos.
Em 1991, o
índice de municípios com IDH “muito baixo” era de 85,8%. Hoje, apenas 0,6%.
Naquele ano, nenhum município mereceu a classificação de “muito alto”. Em 2000,
apenas São Caetano do Sul, no ABC paulista. Agora, 44 municípios brasileiros
têm IDH “muito alto”, entre os quais Belo Horizonte, que ocupa a 20ª posição.
Nosso país
melhorou na longevidade, no crescimento da renda da população e na educação. Em 20
anos, a vida média do brasileiro passou de 64,7 anos para 73,9. A renda cresceu
14,2%. Um ganho de R$ 346,31.
Mas é bom
não esquecer que, se há dez galinhas e dez pessoas, não significa que há uma
galinha para cada pessoa. Uma delas pode ser dona de 9. Nossa distribuição de
renda ainda é das piores do mundo. Basta lembrar que o Brasil é a quarta maior
fortuna em paraísos fiscais!
Bilionários
brasileiros vivem se queixando dos impostos. Da boca para fora. Pesquisa aponta
o Brasil como a quarta fortuna mundial em paraísos fiscais: US$ 520 bilhões
(mais de R$ 1 trilhão ou quase 1/3 do PIB brasileiro, que foi de R$ 3,6
trilhões em 2010). Tudo dinheiro sonegado.
Nem tudo
são rosas também em nosso IDH. Quase 30% das cidades brasileiras têm IDH “muito
baixo” no quesito educação. E apenas 5 cidades merecem o índice “muito alto”.
A educação
é o grande entrave da qualidade Brasil. Menos da metade de nossos jovens de 18
a 20 anos termina o ensino médio: 41% dos alunos. Há 20 anos, apenas 13% dos alunos
não se diplomavam no ensino médio. Nisso o Brasil anda a passo de caranguejo,
para trás. Se 59% dos jovens não possuem ensino médio completo, fica difícil
para o nosso país suprir seu atual déficit de profissionais qualificados, como
médicos e engenheiros.
“O Brasil
avançou na universalização do acesso à educação. Agora é preciso universalizar
a aprendizagem”, afirma Priscila Cruz, do Todos pela Educação. E resgatar a
qualidade de nossas escolas públicas, hoje sucateadas.
O Distrito
Federal possui o melhor IDH entre as unidades de nossa federação. Minas ocupa o
9º lugar. Entre as capitais, Belo Horizonte fica em 5º lugar, atrás de
Florianópolis, Vitória, Brasília e Curitiba. Alagoas e sua capital, Maceió,
amargam o mais baixo IDH brasileiro.
Convém
salientar que 99% dos municípios com IDH em educação “alto” ou “muito alto”
ficaram abaixo das notas consideradas satisfatórias, em Língua Portuguesa e
Matemática, na Prova Brasil de 2011.
Os
problemas de nosso ensino médio são a falta de qualidade (sem tempo integral,
informática, laboratórios, e com professores mal remunerados e sem formação
contínua) e o abismo entre o que se ensina e a realidade em que vivem os nossos
jovens (falta de pedagogia e adequação às novas tecnologias).
Em 2009, o
Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) classificou o Brasil na
53ª posição entre 65 países, atrás do México, Uruguai e Chile. Raros os alunos
de nossas universidades que conseguem escrever uma simples carta sem graves
erros de concordância. Falta à maioria o hábito de frequentar a boa literatura.
É preciso
ouvir a voz das ruas. De nossos jovens, 85,2% consideram a educação prioridade.
O governo federal não pode continuar, em matéria de educação, em passos de
escola de dança, um para frente e dois para trás, como no caso dos cursos de
medicina. É urgente a aplicação de ao menos 10% do PIB na educação, o
incremento do ensino profissionalizante e o resgate da escola pública gratuita,
em tempo integral e de qualidade.
Em
conferência para mais de 5 mil profissionais do ensino, em Brasília, pedi que
levantassem as mãos quem era professor. Quase todos o fizeram. Em seguida, pedi
que fizessem o mesmo gesto quem sonha em ter o filho ou a filha no magistério.
Pouquíssimas mãos se ergueram. Triste o país que não se orgulha de seus
professores, concedendo-lhes condições dignas e qualificadas de trabalho.
Frei Betto
Abdicar de pensar
Abdicar de pensar
Está em
cartaz, em alguns cinemas do Brasil, o filme “Hannah Arendt”, direção de
Margarethe Von Trotta. Por ser uma obra de arte que faz pensar, não atrai
muitos espectadores. A maioria prefere os enlatados de entretenimento que
entopem a programação televisiva.
Hannah
Arendt (1906-1975) era uma filósofa alemã, judia, aluna e amante de Heidegger,
um dos mais importantes filósofos do século XX, que cometeu o grave deslize de
filiar-se ao Partido Nazista e aceitar que Hitler o nomeasse reitor da
Universidade de Freiburg. O que não tira o valor de sua obra, que exerceu grande influência
sobre Sartre. Hannah Arendt refugiou-se do nazismo nos EUA.
O filme de
Von Trotta retrata a filósofa no julgamento de Adolf Eichmann, em 1961, em
Jerusalém, enviada pela revista “The New Yorker”. Cenas reais do julgamento
foram enxertadas no filme.
De volta a Nova York, Hannah
escreveu uma série de cinco ensaios, hoje reunidos no livro “Eichmann em
Jerusalém – um relato sobre a banalidade do mal” (Companhia das Letras, 1999).
Sua ótica sobre o réu nazista chocou muitos leitores, em especial da comunidade
judaica.
Hannah
escreveu que esperava encontrar um homem monstruoso, responsável por crimes
monstruosos: o embarque de vítimas do nazismo em trens rumo à morte nos campos
de concentração. No entanto, ela se deparou com um ser humano medíocre, mero
burocrata da máquina genocida comandada por Hitler. A grande culpa de Eichmann,
segundo ela, foi demitir-se do direito de pensar.
Hannah pôs
o dedo na ferida. Muitos de nós julgamos que são pessoas sem coração, frias,
incapazes de um gesto de generosidade os corruptos que embolsam recursos
públicos, os carcereiros que torturam presos em delegacias e presídios, os
policiais que primeiro espancam e depois perguntam, os médicos que deixam
morrer um paciente sem dinheiro para custear o tratamento. É o que
mostram os filmes cujos personagens são “do mal”.
Na realidade, o mal é também
cometido por pessoas que não fariam feio se convidadas para jantar com a rainha
Elizabeth II, como Raskólnikov, personagem de Dostoievski em “Crime e castigo”.
Gente que, no exercício de suas funções, se demite do direito de pensar, como
fez Eichmann.
Elas não
vestem apenas a camisa do serviço público, da empresa, da corporação (Igreja,
clube, associação etc.) no qual trabalham ou frequentam. Vestem também a pele.
São incapazes de juízo crítico frente a seus superiores, de discernimento nas
ordens que recebem, de dizer “não” a quem estão hierarquicamente submetidas.
Lembro de
“Pudim”, um dos mais notórios torturadores do DEOPS de São Paulo, vinculado ao
Esquadrão da Morte chefiado pelo delegado Fleury. Ele foi incumbido de
transportar o principal assessor de Dom Helder Câmara, monsenhor Marcelo
Carvalheira (que mais tarde viria a ser arcebispo de João Pessoa), do cárcere
de São Paulo ao DOPS de Porto Alegre, onde seria solto.
Antes de
pegar a estrada, a viatura parou à porta de uma casa de classe média baixa, em
um bairro da capital paulista. Marcelo temeu por sua vida, julgou funcionar ali
um centro clandestino de tortura e extermínio. Surpreendeu-se ao se deparar com
uma cena bizarra: a mulher e os filhos pequenos de “Pudim” em torno da mesa preparada
para o lanche. O preso ficou estarrecido ao ver o torturador como afetuoso pai
e esposo...
Uma das
áreas em que as pessoas mais se demitem do direito de pensar é a política. Em
nome da ambição de galgar os degraus do poder, de manter uma função pública, de
usufruir da amizade de poderosos, muitos abdicam do pensamento crítico, engolem
a seco abusos de seus superiores, fazem vista grossa à corrupção, se abrem em
sorrisos para quem, no íntimo, desprezam.
Essa a
banalidade do mal. Muitas vezes ele resulta da omissão, não da transgressão.
Quem cala consente. Ou do rigoroso cumprimento de ordens que, em última
instância, violam a ética e os direitos humanos.
Assim, o
mal viceja graças ao caráter invertebrado de subalternos que, como Eichmann,
julgam que não podem ser punidos pelo genocídio de 6 milhões de pessoas, pois
apenas cuidavam de embarcá-las nos trens, sem que elas tivessem noção de que
seriam levadas como gado ao matadouro das câmaras de gás.
Dois
exemplos da grandiosidade do bem temos, hoje, em Edward Snowden, o jovem
estadunidense de 29 anos que ousou denunciar a assombrosa máquina de espionagem
do governo dos EUA, capaz de violar a privacidade de qualquer usuário da
internet, e no soldado Bradley Manning, de 25, que divulgou para o WikiLeaks
700 mil documentos sigilosos sobre a atuação criminosa da Casa Branca nas
guerras do Iraque e do Afeganistão.
Frei Betto
terça-feira, 23 de julho de 2013
domingo, 16 de junho de 2013
O PROBLEMA DA MORALIDADE DO ABORTO - O ARGUMENTO DA POTENCIALIDADE DO ABORTO.
O PROBLEMA DA MORALIDADE DO ABORTO - O ARGUMENTO DA POTENCIALIDADE DO ABORTO.
O PROBLEMA DA MORALIDADE DO ABORTO - O ARGUMENTO DA POTENCIALIDADE DO ABORTO.
O argumento da potencialidade
O argumento da potencialidade
O feto é um ser humano (uma pessoa) em potência.
Muitos adversários do aborto costumam dizer que os fetos humanos têm direito à vida porque são seres humanos em potência. O argumento é este:
O PROBLEMA DA MORALIDADE DO ABORTO - O ARGUMENTO DA POTENCIALIDADE DO ABORTO.
O argumento da potencialidade
O feto é um ser humano (uma pessoa) em potência.
Muitos adversários do aborto costumam dizer que os fetos humanos têm direito à vida porque são seres humanos em potência. O argumento é este:
O feto é um ser humano em potência.
Todos os seres humanos, sejam potenciais ou actuais, têm direito à vida.
Logo, o feto humano tem direito à vida (matá-lo é errado).
Não se discute que um ovo fertilizado é um ser humano em potência. Porquê? Porque se a gravidez decorrer normalmente nascerá um ser humano. O que se discute é isto: o facto de um feto humano ser um potencial ser humano dá-lhe algum direito? Será que seres potenciais tem os mesmos direitos que seres actuais ou efectivos? Ter potencialmente um direito – poder vir a ter esse direito – significa ter efectivamente esse direito?
Sabemos que as crianças são adultos em potência – podem vir a ser adultos –, mas não lhes reconhecemos os mesmos direitos e obrigações dos adultos. Muitos dos direitos de uma pessoa em potência não são mais do que direitos em potência – só se tornam direitos actuais ou efectivos quando essa pessoa se torna real ou efectiva. O herdeiro de um trono é um rei em potência, mas não tem os direitos de um rei enquanto não for efectivamente um rei. Aos 10 anos, eu era um potencial eleitor, mas só aos 18 anos adquiri realmente o direito de votar.
«Os argumentos que fazem uso da potencialidade geralmente têm a seguinte estrutura: o feto é, em potência, um ser humano; todos os seres humanos, quer sejam apenas seres humanos em potência ou não, têm o direito à vida; logo, o feto tem o direito à vida. Este é um mau argumento porque foge à questão. Aquilo que está em disputa é a segunda premissa: não é, por isso, permissível incluí-la num argumento. E é, de qualquer modo, falso que, se um ser tem potencialmente um direito, então tem, efectivamente, esse direito. Enquanto cidadão português, sou potencialmente presidente da República; o presidente da República é o Comandante Supremo das Forças Armadas; no entanto, daí não se segue que eu seja agora o Comandante Supremo das Forças Armadas. Poderá ser objectado que estou simplesmente a fugir à questão: a analogia não funciona — o feto tem o direito à vida desde a concepção, mas eu só adquirirei o estatuto de Comandante Supremo das Forças Armadas caso venha a ser eleito presidente da República. O problema com esta objecção é que foge, ela própria, à questão! Se estivéssemos desde logo a partir do princípio de que o feto tem o direito à vida desde a concepção, então para que é que precisaríamos de invocar o estatuto de potencialidade do feto?»
Pedro Madeira, Argumentos sobre o Aborto in Critica na Rede
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