Powered By Blogger

sábado, 11 de dezembro de 2010

Aos Amigos, Alunos, parceiros e a todos que nos visitam...



Neste Natal escolhi um poema de Mahatma Ghandi que trata de um sentimento necessário para a construção da paz e de mundo fraterno que desejo para todos nós.

Ensaia um sorriso
e oferece-o a quem não teve nenhum.
Agarra um raio de sol
e desprende-o onde houver noite.
Descobre uma nascente
e nela limpa quem vive na lama.
Toma uma lágrima
e pousa-a em quem nunca chorou.
Ganha coragem
e dá-a a quem não sabe lutar.
Inventa a vida
e conta-a a quem nada compreende.
Enche-te de esperança
e vive à sua luz.
Enriquece-te de bondade
e oferece-a a quem não sabe dar.
Vive com amor
e fá-lo conhecer ao Mundo.
Mahatma Gandhi

Quero aproveitar a ocasião para agradecer.

Desejo também a todos um ano novo de muito amor, saúde e grandes realizações.

Recuperação para os alunos da Escola Deuzuíta - 2010 -primeiros anos matutino, vespertino e noturno - atividade 02




A partir da leitura e análise da tese a seguir: "O conhecimento da própria ignorância não é a conclusão final do filosofar, mas o seu momento inicial e preparatório." de sua opinião pessoal sobre as afirmações contidas na mesma em no mínimo 15 linhas.

Atividade de recuperação para os alunos da Escola Deuzuíta - 2010 -segundos anos matutino, vespertino e noturno - atividade 02

A partir da leitura e análise do texto, de sua opinião pessoal sobre as afirmações contidas no referido texto.

A ética se dá na relação com o outro. Para determinar o bem que caracteriza a atividade própria dos humanos Aristóteles analisa as distintas funções do composto humano. A primeira delas é a vida. Mas a vida é comum aos homens, aos animais e as plantas. A segunda função é sentir. Mas sentir é comum aos humanos e aos animais. A terceira função é a razão. E esta é que distingue os seres humanos de todos os viventes inferiores. Portanto, a razão é a principal característica do ser humano. E sua principal atividade deve consistir em viver conforme a razão. A razão deve dirigir e regular todos os atos humanos. E nisso consiste essencialmente a vida virtuosa. E, para o filósofo, o fim último de uma vida virtuosa é ser feliz. Portanto, a felicidade tem que ser o correto desempenho do que lhes é próprio: o uso correto da razão.

Opinião Pessoal:

Recuperação para os alunos da escola Deuzuita - terceiros anos - 2010 - atividade 02

A partir da leitura e análise do texto de Paulo Coelho, do livro Maktub, de sua opinião pessoal sobre as afirmações contidas no referido texto.

“Somos seres preocupados em agir, fazer, resolver, providenciar. (...) Não há nada de errado nisto – afinal de contas, é assim que construímos e modificamos o mundo. Mas faz parte da Vida o ato de adoração. Parar de vez em quando, sair de si mesmo, permanecer em silêncio diante do universo. Ajoelhar-se com o corpo e a alma. Sem pedir, sem pensar, sem mesmo agradecer por nada. Apenas viver o amor calado que nos envolve (...)”.
“Não adianta pedir explicações sobre Deus; você pode escutar palavras muito bonitas, mas, no fundo, são palavras vazias (...). Ninguém vai conseguir provar que Deus existe, ou que não existe. Certas coisas na vida foram feitas para serem experimentadas – nunca explicadas. O Amor é uma dessas coisas. Deus – que é Amor – também o é. (...) Deus nunca vai entrar por sua cabeça – a porta que ele usa é o seu coração.”

Opinião Pessoal:

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Recuperação para os alunos da escola Deuzuita - terceiros anos - 2010

Estética: arte e Filosofia.
A Estética Filosófica


A estética é um ramo da filosofia que se ocupa das questões tradicionalmente ligadas à arte, como o belo, o feio, o gosto, os estilos e as teorias da criação e da percepção artísticas.
Do ponto de vista estritamente filosófico, a estética estuda racionalmente o belo e o sentimento que este desperta nos homens. Dessa forma, surge o uso corrente, comum, de estética como sinônimo de beleza. E esse o sentido dos vários institutos de estética: institutos de beleza que podem abranger do salão de cabeleireiro à academia de ginástica.
A palavra estética vem do grego aisthesis e significa "faculdade de sentir", "compreensão pelos sentidos", "percepção totalizante". Assim, retomando o que foi exposto no capítulo anterior, a obra de arte, sendo, em primeiro lugar, individual, concreta e sensível, oferece-se aos nossos sentidos; em segundo lugar, sendo uma interpretação simbólica do mundo, sendo uma atribuição de sentido ao real e uma forma de organização que transforma o vivido em objeto de conhecimento, proporciona a compreensão pelos sentidos; ao se dirigir, enquanto conhecimento intuitivo, à nossa imaginação e ao sentimento (não à razão lógica), toma-se em objeto estético por excelência.
O BELO
Vejamos, agora, as questões relativas à beleza e à feiúra. Será que podemos definir claramente o que é a beleza, ou será que esse é um conceito relativo, que vai depender da época, do país, da pessoa, enfim? Em outros termos, a beleza é um valor objetivo, que pertence ao objeto e pode ser medido, ou subjetivo, que pertence ao sujeito e que, portanto, poderá mudar de indivíduo para indivíduo?
As respostas a essas perguntas variaram durante o decorrer da historia. De um lado, dentro de uma tradição iniciada com Platão (séc. IV a.C.), na Grécia, há os filósofos que defendem a existência do "belo em si", de uma essência ideal, objetiva, independente das obras individuais, para as quais serve de modelo e de critério de julgamento. Existiria, então, um ideal universal de beleza que seria o padrão a ser seguido. As qualidades que tornam um objeto belo estão no próprio objeto e independem do sujeito que as percebe.
Levando essa idéia a suas últimas conseqüências, poderíamos estabelecer regras para o fazer artístico, com base nesse ideal. E é exatamente isso que vão fazer as academias de arte, principalmente na França, onde são fundadas a partir do século XVII.
Defendendo o outro lado, temos os filósofos empiristas, como David Hume (séc. XVIII), que relativizam a beleza, reduzindo-a ao gosto de cada um. Aquilo que depende do gosto e da opinião pessoal não pode ser discutido racionalmente, donde o ditado: "Gosto não se discute". O belo, dentro dessa perspectiva, não está mais no objeto, mas nas condições de recepção do sujeito.
Kant, ainda no século XVIII, tentan-do resolver esse impasse entre objetividade e subjetividade, afirma que o belo é "aquilo que agrada universalmente, ainda que não se possa justificá-lo intelectualmente". Para de, o objeto belo é uma ocasião de prazer, cuja causa reside no sujeito. O princípio do juízo estético, portanto, é o sentimento do sujeito e não o conceito do objeto. Apesar de esse juízo ser subjetivo, ele não se reduz à individualidade de um único sujeito, uma vez que todos os homens têm as mesmas condições subjetivas da faculdade de julgar. É algo que pertence à condição humana, isto é, porque sou humano, tenho as mesmas condições subjetivas de fazer um juízo estético que meu vizinho ou o crítico de arte. O que o crítico de arte tem a mais é o seu conhecimento de história e a sensibilidade educada. Assim, o belo é uma qualidade que atribuímos aos objetos para exprimir um certo estado da nossa subjetividade, não havendo, portanto, uma idéia de belo nem regras para produzi-lo. Existem objetos belos que se tornam modelos exemplares e inimitáveis.
Hegel, no século seguinte, introduz o conceito de história. A beleza muda de face e de aspecto através dos tempos. E essa mudança (chamada devir), que se reflete na arte, depende mais da cultura e da visão de mundo presentes em determinada época do que de uma exigência interna do belo.
Hoje em dia, numa visão fenomeno-lógica, consideramos o belo como uma qualidade de certos objetos singulares que nos são dados à percepção. Beleza é, também, a imanência total de um sentido ao sensível, ou seja, a existência de um sentido absolutamente inseparável do sensível. O objeto é belo porque realiza o seu destino, é autêntico, é verdadeiramente segundo o seu modo de ser, isto é, é um objeto singular, sensível, que carrega um significado que só pode ser percebido na experiência estética. Não existe mais a idéia de um único valor estético a partir do qual julgamos todas as obras. Cada objeto singular estabelece seu próprio tipo de beleza.
O FEIO TAMBÉM É BELO ?
O problema do feio está contido nas colocações que são feitas sobre o belo. Por princípio, o feio não pode ser objeto da arte. No entanto, podemos distinguir, de imediato, dois modos de representação do feio: a representação do assunto "feio" e a forma de representação feia. No primeiro caso, embora o assunto "feio" tenha sido expulso do território artístico durante séculos (pelo menos desde a Antiguidade grega até a época medieva]), no século XIX ele é reabilitado. No momento em que a arte rompe com a idéia de ser "cópia do real" e passa a ser considerada criação autônoma que tem por função revelar as possibilidades do real, ela passa a ser avaliada de acordo com a autenticidade da sua proposta e com sua capacidade de falar ao sentimento. O problema do belo e do feio é deslocado do assunto para o modo de representação. E só haverá obras feias se forem malfeitas, isto é, se não corres-ponderem plenamente à sua proposta. Em outras palavras, quando houver uma obra feia, nesse último sentido, não haverá uma obra de arte.
O GOSTO
A questão do gosto não pode ser encarada como uma preferência arbitrária e imperiosa da nossa subjetividade. Quando o gosto é assim entendido, nosso julgamento estético decide o que preferimos em função do que somos. E não há margem para melhoria, aprendizado, educação da sensibilidade, para crescimento, enfim. Isso porque esse tipo de subjetividade refere-se mais a si mesma do que ao mundo dentro do qual ela se forma.
Se quisermos educar o nosso gosto frente a um objeto estético, a subjetividade precisa estar mais interessada em conhecer do que em preferir. Para isso, ela deve entregar-se às particularidades de cada objeto.
Nesse sentido, ter gosto é ter capacidade de julgamento sem preconceitos. É deixar que cada uma das obras vá formando o nosso gosto, modificando-o. Se nós nos limitarmos àquelas obras, sejam elas música, cinema, programas de televisão, quadros, esculturas, edifícios, que já conhecemos e sabemos que gostamos, jamais nosso gosto será ampliado. É a própria presença da obra de arte que forma o gosto: toma-nos disponíveis, faz-nos deixar de lado as particularidades da subjetividade para chegarmos ao universal.
Mikel Dufrenne, filósofo francês contemporâneo, explica esse processo de forma muito feliz, e por isso vamos citá-lo. Diz que a obra de arte "convida a subjetividade a se constituir como olhar puro, livre abertura para o objeto, e o conteúdo particular a se pôr a serviço da compreensão em lugar de ofuscá-la fazendo prevalecer as suas inclinações. À medida que o sujeito exerce a aptidão de se abrir, desenvolve a aptidão de compreender, de penetrar no mundo aberto pela obra. Gosto é, finalmente, comunicação com a obra para além de todo saber e de toda técnica. O poder de fazer justiça ao objeto estético éa via da universalidade do julgamento do gosto".
Assim, a educação do gosto se dá dentro da experiência estética, que é a experiência da presença tanto do objeto estético como do sujeito que o percebe. Ela se dá no momento em que, em vez de impor os meus padrões à obra, deixo que essa mesma obra se mostre a partir de suas regras internas, de sua configuração única. Em outras palavras, no momento em que entro no mundo da obra, jogo o seu jogo de acordo com suas regras e vou deixando aparecer alguns de seus muitos sentidos.
Isso não quer dizer que vá ser sempre fácil. Precisamos começar com obras que nos estejam mais próximas, no sentido de serem mais fáceis de aceitar. E dar um passo de cada vez. O importante é não parar no meio do caminho, pois o universo da arte é muito rico e muito enriquecedor. Através dele, descobrimos o que o mundo pode ser e, também, o que nós podemos ser e conhecer. Vale a pena.
Concluindo tudo isso que acabamos de discutir: os conceitos de beleza e feiúra, os problemas do gosto e a recepção estética constituem o território desse ramo da filosofia denominado estética.
A HISTÓRIA
O belo e a beleza têm sido objecto de estudo ao longo de toda a história da filosofia. A estética enquanto disciplina filosófica, surgiu na antiga Grécia, como uma reflexão sobre as manifestações do belo natural e o belo artístico. O aparecimento desta reflexão sistemática é inseparável da vida cultural das cidades gregas, onde era atribuída uma enorme importância aos espaços públicos, ao livre debate de ideias e aos poetas, arquitectos, dramaturgos e escultores era conferido um grande reconhecimento social.
Platão foi o primeiro a formular explicitamente a pergunta: O que é o Belo? O belo é identificado com o bem, com a verdade e a perfeição. A beleza existe em si, separada do mundo sensível.Uma coisa é mais ou menos bela conforme a sua participação na ideia suprema de beleza. Neste sentido criticou a arte que se limitava a "copiar" a natureza, o mundo sensível, afastando assim o homem da beleza que reside no mundo das ideias.
Aristóteles concebe a arte como uma criação especificamente humana. O belo não pode ser desligado do homem, está em nós. Separa todavia a beleza da arte. Muitas vezes a fealdade, o estranho ou o surpreendente converte-se no principal objectivo da criação artística. Aristóteles distingue dois tipos de artes:
a) as que possuem uma utilidade prática, isto é, completam o que falta na natureza.
b) As que imitam a natureza, mas também podem abordar o que é impossível, irracional, inverosímil.
O que confere a beleza uma obra é a sua proporção, simetria, ordem, isto é, uma justa medida.

Durante a Idade Média, o Cristianismo, difundiu uma nova concepção da beleza, tendo como fundamento a identificação de Deus com a beleza, o bem e a verdade.

Santo Agostinho concebeu a beleza como todo harmonioso, isto é, com unidade, número, igualdade, proporção e ordem. A beleza do mundo não é mais do que o reflexo da suprema beleza de Deus, onde tudo emana. A partir da beleza das coisas podemos chegar à beleza suprema (a Deus).

São Tomás de Aquino identificou a beleza com o Bem. As coisas belas possuem três características ou condições fundamentais: a) Integridade ou perfeição ( o inacabado ou fragmentário é feio); b) a proporção ou harmonia (a congruência das partes); c) a claridade ou luminosidade. Como em Santo Agostinho, a beleza perfeita identifica-se com Deus.

No Renascimento (séculos XV só em Itália, e XVI em toda a Europa), os artistas adquirem a dimensão de verdadeiros criadores. Os génios têm o poder de criar obras únicas, irrepetíveis. Começa a desenvolver-se uma concepção elitista da obra da obra de arte: a verdadeira arte é aquela que foi criada unicamente para o nosso deleite estético, e não possui qualquer utilidade. Entre as novas ideias estéticas que então se desenvolvem são de destacar as seguintes:
a) Difusão de concepções relativistas sobre a beleza. O belo deixa de ser visto como algo em si, para ser encarado como algo que varia de país para país, ou conforme o estatuto social dos indivíduos. Surge o conceito de "gosto".
b)Difusão de uma concepção misteriosa da beleza, ligada à simbologia das formas geométricas e aos números, inspirada no pitagorismo e neoplatonismo.
c) Difusão de uma interpretação normativa da estética aristotélica. Estabelecem-se regras e padrões fixos para a produção e a apreciação da arte.
Entre os séculos XVI e XVIII predominam as estéticas de inspiração aristotélica. Procura-se definir as regras para atingir a perfeição na arte. As academias que se difundem a partir do século XVII, velam pelo seu estudo e aplicação.
Na segunda metade do século XVIII, a sociedades europeia atravessa uma profunda convulsão. O começo a revolução industrial, a guerra da Independência Americana e a Revolução Francesa criaram um clima propício ao aparecimento de novas ideias. O principal movimento artístico deste período, foi o neoclássico que toma como fonte de inspiração a antiga Grécia e Roma. A arte neoclássica será utilizada de forma propagandistica durante a Revolução Francesa e no Império napoleónico. É neste contexto que surge I. Kant, o principal criador da estética contemporênea. Para Kant os nossos juízos estéticos tem um fundamento subjectivo, dado que não se podem apoiar em conceitos determinados. O critério de beleza que neles se exprimem é o do prazer desinteressado que suscita a nossa adesão. Apesar de subjectivo, o juízo estético, aspira à universalidade.
Ao longo do século XIX a arte atravessa profundas mudanças. O academismo é posto em causa; artistas como Courbet, Monet, Manet, Cézanne ou Van Gogh abrem uma ruptura com as suas normas e convenções, preparando desta maneira o terreno para a emergência da arte moderna. Surge então múltiplas correntes estéticas, sendo de destacar as seguintes:
a) A romântica que proclama um valor supremo para a arte (F. Schiller, Schlegel, Schelling, etc). Exalta o poder dos artistas, os quais através das suas obras revelam a forma suprema do espírito humano, o Absoluto.
b) A realista que defende o envolvimento da arte nos combates sociais. As obras de arte assumem muitas vezes, um conteúdo político manifesto.
O século XX foi a todos os níveis um século de rupturas. No domínio das práticas artísticas, ocorrem importantes mudanças no entendimento da própria arte, em resultado de uma multiplicidade de factores, nomeadamente:
a) A integração no domínio da arte de novas manifestações criativas. Umas já existiam mas estavam desvalorizadas, outras são relativamente recentes. Esta integração permitiu esbater as fronteiras entre a arte erudita e a arte para grandes massas. Entre as primeiras destacam-se as artes decorativas, a art naif, a arte dos povos primitivos actuais, o artesanato urbano e rural. Entre as segundas destacam-se a fotografia, o cinema, o design, a moda, a rádio, os programas televisivos, etc. Todas estas artes são hoje colocadas em pé de igualdade com as artes consagradas, como a pintura, escultura etc., denominadas também por "Belas Artes".
b)Os movimentos artísticos que desde finais do século XIX tem aparecido, em todo o mundo, tem revelado uma mesma atitude desconstrutiva em relação a todas as categorias estéticas. Todos os conceitos são contestados, e todas as fronteiras entre as artes são postas em causa. A arte foi des-sacralizada, perdeu a sua carga mítica e iniciática de que se revestiu em épocas anteriores, tornando-se frequentemente um mero produto de consumo. Quase tudo pode ser considerado como arte, basta para tanto que seja "consagrado" por um artista.
c) No domínio teórico aparecem inúmeras as teorias que defendem novos critérios para apreciação da arte. No panorama das teorias estéticas predominam as concepções relativistas. Podemos destacar três correntes fundamentais:
- As estéticas normativas concebem a beleza fundamentada em princípios inalteráveis. Entre elas sobressaí a estética fenomenológica de Edmund Husserl.
- As estéticas marxistas e neomarxistas marcadas por uma orientação nitidamente sociológica. O realismo continuou a ser a expressão que melhor se adequa às ideias defendidas por esta corrente. A arte nos países socialistas, por exemplo, cumpria através de imagens realistas uma importante função: antecipar a "realidade" da sociedade socialista, transformando-a numa utopia concreta.
- A estética informativa que deriva das teorias matemáticas da informação. Esta estética procura constituir um sistema de avaliação dos conteúdos inovadores presentes numa obra de arte.

Atividades:

1 - Elabore 15 questões e as responta a luz do texto acima.

2 - Faça uma dissertação a partir da seguinte citação: As coisas belas possuem três características ou condições fundamentais: a) Integridade ou perfeição ( o inacabado ou fragmentário é feio); b) a proporção ou harmonia (a congruência das partes); c) a claridade ou luminosidade. Como em Santo Agostinho, a beleza perfeita identifica-se com Deus.

Enviar as respostas para o email: srasmsc@gmail.com até domingo

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Atividade de recuperação para os alunos da Escola Deuzuíta - 2010 - primeiros anos matutino, vespertino e noturno

ATIVIDADE DE FILOSOFIA - 001 (para o 1º ano)
O QUE É FILOSOFIA?

O que pretendo sob o título de Filosofia, como fim e campo das minhas elaborações, sei-o, naturalmente. E contudo não o sei... Qual o pensador para quem, na sua vida de filósofo, a filosofia deixou de ser um enigma?... Só os pensadores secundários que, na verdade, não se podem chamar filósofos, estão contentes com as suas definições. (GHusserl)
A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo. (Merleau-Ponty)

A história de Morte de Sócrates, de Louis David.

Sócrates foi condenado à morte acusado de corromper a mocidade e de desconhecer os deuses da Cidade. Enquanto aguardava a execução da sentença, discutia com seus discípulos a respeito da imortalidade da alma, sua condenação, defesa e morte é contada no belo diálogo de Platão, Apologia de Sócrates. Na prisão, o mestre discutia com os discípulos questões sobre a imortalidade da alma, relatadas no Fédon, também de Platão.

1, Introdução

Lembremos a figura de Sócrates. Viveu em Atenas no século V a.C. Dizem que era um homem feio, mas, quando falava, era dono de estranho fascínio. Procurado pelos jovens, passava horas discutindo na praça pública. Interpelava os transeuntes, dizendo-se ignorante, e fazia perguntas aos que julgavam entender determinado assunto. colocava o interlocutor em tal situação que não havia saída senão reconhecer a própria ignorância. Com isso Sócrates conseguiu rancorosos inimigos. Mas também alguns discípulos.

O interessante e que na segunda parte do seu método", que se seguia à destruição da ilusão do conhecimento, nem sempre se chegava de fato a uma conclusão efetiva. Sabemos disso não pelo próprio Sócrates, que nunca escreveu, mas por seus discípulos, sobretudo Platão e Xenofonte (ver o texto complementar II deste capítulo: "Ciência e missão de Sócrates").

Afinal, acusado de corromper a mocidade e desconhecer os deuses da Cidade, Sócrates foi condenado à morte.
A partir do que foi dito, podemos fazer algumas observações:
- Sócrates não está em seu "gabinete" contemplando "o próprio umbigo", e sim na praça pública.
- A relação estabelecida com as pessoas não é puramente intelectual nem alheia às emoções.
- Seu conhecimento não é livresco, mas vivo e em processo de se fazer; o conteúdo é a experiência cotidiana.
- Guia-se pelo princípio de que nada sabe e, desta perplexidade primeira, inicia a interrogação e o questionamento do que é familiar.
- Ao criticar o saber dogmático, não quer com isso dizer que ele próprio é detentor de um saber. Desperta as consciências adormecidas, mas não se considera um "farol" que ilumina; o caminho novo deve ser construído pela discussão, que é intersubjetiva, e pela busca criativa das soluções.
- Portanto, Sócrates é "subversivo" porque "desnorteia", perturba a "ordem" do conhecer e do fazer e, portanto, deve morrer.
Se fizermos um paralelo entre Sócrates e a própria filosofia, chegaremos à conclusão de que o lugar da filosofia é na praça pública, daí a sua vocação política.
Por ser alteradora da ordem, perturba, incomoda e é sempre "expulsa da cidade", mesmo quando as pessoas se riem do filósofo ou o consideram "inútil". Por via das dúvidas, o amordaçam, cortam o "mal" pela raiz e até retiram a filosofia dos cursos secundários... Mas há outras formas de "matar" a filosofia: quando a tornamos pensamento dogmático e discurso do poder, ou, ainda, quando cinicamente reabilitamos Sócrates morto, já que então se tornou inofensivo.

2. A atitude filosófica
Entre os antigos gregos predominava inicialmente a consciência mítica, cuja maior expressão se encontra nos poemas de Homero e Hesíodo, conforme já vimos no capítulo anterior.
Quando se dá a passagem da consciência mítica para a racional, aparecem os primeiros sábios, sophos, como se diz em grego. Um deles, chamado Pitágoras (séc.VI a.C.), que também era matemático, usou pela primeira vez a palavra filosofia (philossophia), que significa "amor à sabedoria". É bom observar que a própria etimologia mostra que a filosofia não é puro logos, pura razão: ela é a procura amorosa da verdade.
O trabalho filosófico é essencialmente teórico. Mas isso não significa que a filosofia esteja à margem do mundo, nem que ela constitua um corpo de doutrina ou um saber acabado, com determinado conteúdo, ou que seja um conjunto de conhecimentos estabelecidos de uma vez por todas.
Para Platão, a primeira virtude do filósofo é admirar-se. A admiração é a condição de onde deriva a capacidade de problematizar, o que marca a filosofia não como posse da verdade, mas como sua busca. Para Kant filósofo alemão do século XVIII, "não há filosofia que se possa aprender; só se pode aprender a filosofar". Isto significa que a filosofia é sobretudo uma atitude, um pensar permanente. É um conhecimento instituinte, no sentido de que questiona o saber instituido. Portanto, a teoria do filósofo não constituium saber abstrato, O próprio tecido do seu pensar é a trama dos acontecimentos, é o cotidiano. Por isso a filosofia se encontra no seio mesmo da história. No entanto, está mergulhada no mundo e fora dele: eis o paradoxo enfrentado pelo filósofo. Isso significa que o filósofo inicia a caminhada a partir dos problemas da existência, mas precisa se afastar deles para melhor compreendê-los, retornando depois a fim de dar subsídios para as mudanças.

3. A filosofia e a ciência
No seu começo, a ciência estava ligada à filosofia, sendo o filósofo o sábio que refletia sobre todos os setores da indagação humana. Nesse sentido, os filósofos Tales e Pitágoras eram também geômetras, e Aristóteles escreveu sobre física e astronomia.
Na ordem do saber estipulada por Platão, o homem começa a conhecer pela forma imperfeita da opinião (doxa), depois passa ao grau mais avançado da ciência (episteme), para só então ser capaz de atingir o nível mais alto do saber filosófico.
A partir do século XVII, a revolução metodológica iniciada por Galileu promove a autonomia da ciência e o seu desligamento da filosofia. Pouco a pouco, desse período até o século XX, aparecem as chamadas ciências particulares - física, astronomia, química, biologia, psicologia, sociologia etc. -, delimitando um campo especifico de pesquisa.
Na verdade, o que estava ocorrendo era o nascimento da ciência, como a entendemos modernamente. Com a fragmentação do saber, cada ciência se ocupa de um objeto especifico: à física cabe investigar o movimento dos corpos; à biologia, a natureza dos seres vivos; à química, as transformações substanciais, e assim por diante. Além da delimitação do objeto da ciência, se acrescenta o aperfeiçoamento do método científico, fundado sobretudo na experimentação e matematização.
O confronto dos resultados e a sua verificabilídade permitem uniformidade de conclusões e, portanto, certa objetividade. As afirmações da ciência são chamadas juízos de realidade, já que de uma forma ou de outra pretendem mostrar como os fenômenos ocorrem, quais as suas relações e, conseqüentemente, como prevê-los.
A primeira questão que nos assalta é imaginar o que resta à filosofia, se, ao longo do tempo, foi "esvaziada" do seu conteúdo pelo aparecimento das ciências particulares, tornadas independentes. Ainda mais que, no século XX, até as questões referentes ao homem passam a reivindicar o estatuto de cientificidade, representado pela procura do método das ciências humanas.
Ora, a filosofia continua tratando da mesma realidade apropriada pelas ciências. Apenas que as ciências se especializam e observam "recortes" do real, enquanto a filosofia jamais renuncia a considerar o seu objeto do ponto de vista da totalidade. A visão da filosofia é de conjunto, ou seja, o problema tratado nunca é examinado de modo parcial, mas sempre sob a perspectiva de conjunto, relacionando cada aspecto com os outros do contexto em que está inserido.
Se a ciência tende cada vez mais para a especialização, a filosofia, no sentido inverso, quer superar a fragmentação do real, para que o homem seja resgatado na sua integridade e não sucumba à alienação do saber parcelado. Por isso a filosofia tem uma função de interdisciplinaridade, estabelecendo o elo entre as diversas formas do saber e do agir.
O trabalho da filosofia sob esse aspecto é importante e, sem negar o papel do especialista nem o valor da técnica que deriva desse saber, é preciso reconhecer que o saber especializado, sem a devida visão de conjunto, leva à exaltação do "discurso competente e às conseqüentes formas de dominação.
A filosofia ainda se distingue da ciência pelo modo como aborda seu objeto: em todos os setores do conhecimento e da ação, a filosofia está presente como reflexão crítica a respeito dos fundamentos desse conhecimento e desse agir. Então, por exemplo, se a física ou a química se denominam ciências e usam determinado método, não é da alçada do próprio físico ou do químico saber o que é ciência, o que distingue esse conhecimento de outros, o que é método, qual a sua validade, e assim por diante. Eles até podem dedicar-se a esses assuntos, mas, quando o fazem, passam a se colocar questões filosóficas. O mesmo acontece com o psicólogo ao usar, por exemplo, o conceito de homem livre.
Indagar sobre o que é a liberdade é fazer filosofia.
Mudando o enfoque: e se a questão for o comércio, ou a fábrica? A partir da análise das relações sociais resultantes da divisão do trabalho, podemos questionar sobre o conceito subjacente de homem que se encontra nas relações estabelecidas socialmente.
Portanto, a filosofia não faz juízos de realidade, como a ciência, mas juízos de valor. O filósofo parte da experiência vivida do homem trabalhando na linha de montagem, repetindo sempre o mesmo gesto, e vai além dessa constatação. Não vê apenas como é, mas como deveria ser. Julga o valor da ação, sai em busca do significado dela. Filosofar é dar sentido à experiência.

4. O processo do filosofar

A filosofia de vida
Como seria o caminhar do filósofo? Na medida em que somos seres racionais e sensíveis, estamos sempre dando sentido às coisas. Ao "filosofar" espontâneo do homem comum, costumamos chamar filosofia de vida.
No Capítulo 5 (Ideologia), quando nos referimos à passagem do senso comum para o bom senso, identificamos esse último à filosofia de vida. Enquanto o senso comum é fragmentário, incoerente, preso a preconceitos e dogmático, o bom senso supõe a capacidade de organização que dá certa autonomia ao homem que analisa sua experiência de vida cotidiana.
Como veremos adiante, enquanto o homem comum faz sua filosofia de vida, o filósofo propriamente dito é um especialista. Mas o especialista filósofo é diferente dos outros especialistas (como o físico ou o matemático). Por exemplo, quando observamos o estudioso de trigonometria, podemos bem pensar que grande parte dos homens não precisa se ocupar com esse assunto. No entanto, o mesmo não acontece com o objeto de estudo do filósofo, cujo interesse se estende a qualquer homem.
Segundo Gramsci, "não se pode pensar em nenhum homem que não seja também filósofo, que não pense, precisamente porque pensar é próprio do homem como tal". Isso significa que as questões filosóficas fazem parte do cotidiano de todos nós. Se o filósofo da educação investiga os fundamentos da pedagogia, o homem comum também se preocupa em escolher critérios - não importa que sejam pouco rigorosos - a fim de decidir sobre as medidas a serem tomadas na educação de seus filhos.
Estamos diante de diferentes filosofias de vida quando preferimos morar em casa e não em apartamento, quando deixamos o emprego bem pago por outro não tão bem remunerado, porém mais atraente, ou quando escolhemos o colégio onde estudar. Há valores que entram em jogo aí. Se escolho um "colégio fraco para passar de ano e ter tempo para passear", ou se, ao contrário, prefiro um "colégio forte para me preparar para o vestibular", ou, ainda dentro dessa última opção, "um bom colégio para ter um contato melhor com o mundo da cultura e abrir as possibilidades de autoconhecimento", é preciso reconhecer que existem critérios bem diferentes fundamentando tais decisões.
É por isso que consideramos tão importante a introdução do estudo de filosofia nas escolas de 2º grau. Não propriamente para preparar futuros prováveis filósofos especialistas, mas a fim de dar alguns subsídios para o aprimoramento da reflexão filosófica inerente a qualquer ser humano. Nesse sentido, o ensino da filosofia deveria se estender a todos os cursos e não só às classes de ciências humanas.

A filosofia propriamente dita
A filosofia propriamente dita tem condições de surgir no momento em que o pensar é posto em causa, tornando-se objeto de reflexão. Mas não qualquer reflexão. Como vimos, o homem comum, no cotidiano da vida, é levado a momentos de parada, a fim de retomar o significado de seus atos e pensamentos, e nessa hora é solicitado a refletir. Entretanto, ainda não é filosofia rigorosa o que ele faz.
Examinemos a palavra reflexão: quando vemos nossa imagem refletida no espelho, há um "desdobramento", pois estamos aqui e estamos lá; no reflexo da luz, ela vai até o espelho e retorna; reflectere, em latim, significa "fazer retroceder", "voltar atrás". Portanto, refletir é retomar o próprio pensamento, pensar o já pensado, voltar para si mesmo e colocar em questão o que já se conhece.
É ainda Gramsci quem diz: "o filósofo profissional ou técnico não só "pensa" com maior rigor lógico, com maior coerência, com maior espírito de sistema do que os outros homens, mas conhece toda a história do pensamento, sabe explicar o desenvolvimento que o pensamento teve até ele e é capaz de retomar os problemas a partir do ponto em que se encontram, depois de terem sofrido as mais variadas tentativas de solução."

Segundo o professor Dermeval Saviani, a reflexão filosófica é radical, rigorosa e de conjunto. Interpretaremos esses tópicos:
Radical: a palavra latina radix, radicis significa "raiz", e no sentido figurado, "fundamento, base". Portanto, a filosofia é radical não no sentido corriqueiro de ser inflexível (nesse caso seria a antifilosofia!), mas enquanto busca explicitar os conceitos fundamentais usados em todos os campos do pensar e do agir. Por exemplo, a filosofia das ciências examina os pressupostos do saber científico, do mesmo modo que, diante da decisão de um vereador em aprovar determinado projeto, a filosofia política investiga as "raízes" (os princípios políticos) que orientam sua ação.
Rigorosa: enquanto a "filosofia de vida" não leva as conclusões até as últimas conseqüências e nem sempre é capaz de examinar os fundamentos delas, o filósofo deve dispor de um método claramente explicitado a fim de proceder com rigor, garantindo a coerência e o exercício da crítica. Mesmo porque o filósofo não faz afirmações apenas, precisa justificá-las com argumentos. Para tanto usa de linguagem rigorosa, que evita as ambiguidades das expressões cotidianas e lhe permite discutir com outros filósofos a partir de conceitos claramente definidos. É por isso que o filósofo sempre "inventa conceitos", ou cria expressões novas (quanto fizeram isto os gregos)) ou altera e especifica o sentido de palavras usuais.
De conjunto: enquanto as ciências são particulares, porque abordam "recortes" da realidade e se distinguem de outras formas de conhecimento, e a ação humana se expressa nas mais variadas formas (técnica, magia, arte, política etc.), a filosofia é globalizante, porque examina os problemas sob a perspectiva de conjunto, relacionando os diversos aspectos entre si. Nesse sentido, além de considerarmos que o objeto da filosofia é tudo (porque nada escapa a seu interesse), completamos que a filosofia visa ao todo, à totalidade. Daí a função de interdisciplinaridade da filosofia, estabelecendo o elo entre as diversas formas de saber e agir humanos.
A maneira pela qual se faz rigorosamente a reflexão filosófica varia conforme a orientação do filósofo e as tendências históricas decorrentes da situação vivida pelos homens em sua ação sobre o mundo.

Qual é a "utilidade" da filosofia?
Para responder à questão, precisamos saber primeiro o que entendemos por utilidade. Eis o primeiro impasse. Vivemos num mundo em que a visão das pessoas está marcada pela busca dos resultados imediatos do conhecimento. Então, é considerada importante a pesquisa do biólogo na busca a cura do câncer; ou o estudo de matemática no 2º grau porque "entra no vestibular"; e constantemente o estudante se pergunta: "Para que vou estudar isto, se não usarei na minha profissão?" Seguindo essa linha de pensamento, a filosofia seria realmente "inútil": não serve para nenhuma alteração imediata de ordem pragmática. Neste ponto, ela é semelhante à arte. Se perguntarmos qual é a finalidade de uma obra de arte, veremos que ela tem um fim em si mesma e, nesse sentido, é "inútil".
Entretanto, não ter utilidade imediata não significa ser desnecessário. A filosofia é necessária.
Onde está a necessidade da filosofia?
Está no fato de que, por meio da reflexão (aquele desdobrar-se, lembra-se?), a filosofia permite ao homem ter mais de uma dimensão, além da que é dada pelo agir imediato no qual o "homem prático" se encontra mergulhado. É a filosofia que dá o distanciamento para a avaliação dos fundamentos dos atos humanos e dos fins a que eles se destinam; reúne o pensamento fragmentado da ciência e o reconstrói na sua unidade; retoma a ação pulverizada no tempo e procura compreendê-la.
Portanto, a filosofia é a possibilidade da transcendência humana, ou seja, a capacidade que só o homem tem de superar a situação dada e não-escolhida. Pela transcendência, o homem surge como ser de projeto, capaz de liberdade e de construir o seu destino.
O distanciamento é justamente o que provoca a aproximação maior do homem com a vida. Whitehead, lógico e matemático britânico contemporâneo, disse que "a função da razão é promover a arte da vida". A filosofia recupera o processo perdido no imobilismo das coisas feitas (mortas porque já ultrapassadas). A filosofia impede a estagnação.
Por isso, o filosofar sempre se confronta com o poder, e sua investigação não fica alheia à ética e à política. É o que afirma o historiador da filosofia François Châtelet: "Desde que há Estado - da cidade grega às burocracias contemporâneas -, a idéia de verdade sempre se voltou, finalmente, para o lado dos poderes (ou foi recuperada por eles, como testemunha, por exemplo, a evolução do pensamento francês do século XVIII ao século XIX). Por conseguinte, a contribuição especifica da filosofia que se coloca ao serviço da liberdade, de todas as liberdades, é a de minar, pelas análises que ela opera e pelas ações que desencadeia, as instituições repressivas e simplificadoras: quer se trate da ciência, do ensino, da tradução, da pesquisa, da medicina, da família, da polícia, do fato carcerário, dos sistemas burocráticos, o que importa é fazer aparecer a máscara, deslocá-la, arrancá-la... "
A filosofia é, portanto, a crítica da ideologia, enquanto forma ilusória de conhecimento que visa a manutenção de privilégios. Atentando para a etimologia do vocábulo grego correspondente à verdade (a-létheia, alethetiein, 'desnudar"), vemos que a verdade é pôr a nu aquilo que estava escondido, e aí reside a vocação do filósofo: o desvelamento do que está encoberto pelo costume, pelo convencional, pelo poder.
Finalmente, a filosofia exige coragem. Filosofar não é um exercício puramente intelectual. Descobrir a verdade é ter a coragem de enfrentar as formas estagnadas do poder que tentam manter o status quo. é aceitar o desafio da mudança. Saber para transformar.
Lembremos que Sócrates foi aquele que enfrentou com coragem o desafio máximo da morte.

6. Filosofia: nem dogmatismo, nem ceticismo
Vimos, no Capítulo 3 (O que é conhecimento), que o ceticismo é uma posição filosófica que conclui pela impossibilidade do conhecimento, quer na forma moderada de suspensão provisória do juízo, quer na radical recusa em formular qualquer conclusão.
No outro extremo, existe o dogmatismo, segundo o qual o filósofo se considera de posse de certezas e de verdades absolutas e indubitáveis. Enquanto o dogmático se apega à certeza de uma doutrina, o cético conclui pela impossibilidade de toda certeza e, nesse sentido, considera inútil a busca que não leva a lugar nenhum.

Comparando as duas posições antagônicas, podemos perceber que elas têm em comum a visão imobilista do mundo: o dogmático atinge uma certeza e nela permanece; o cético anseia pela certeza e decide que ela é inalcançável.
Mas a filosofia é movimento, pois o mundo é movimento. A certeza e sua negação são apenas dois momentos (a tese e a antítese) que serão superados pela síntese, a qual, por sua vez, será nova tese, e assim por diante. A filosofia é a procura da verdade, não a sua posse, como disse Iaspers, filósofo alemão contemporâneo, concluindo que "fazer filosofia é estar a caminho; as perguntas em filosofia são mais essenciais que as respostas e cada resposta transforma-se numa nova pergunta".

Exercícios

1. Qual é a relação inicial da ciência com a filosofia e quando se dá a separação delas? Quais são as principais diferenças entre ciência e filosofia?

2. O que é filosofia de vida? Como ela se distingue da filosofia do especialista?

3. O que caracteriza a reflexão filosófica propriamente dita?

4. O que significa dizer que a filosofia é inútil" mas necessária?

5. Qual é a relação da filosofia com o poder?

6. "Pois é impossível negar que a filosofia coxeia. Habita a história e a vida, mas quereria instalar-se no seu centro, naquele ponto em que são advento, sentido nascente. Sente-se mal no já feito. Sendo expressão, só se realiza renunciando a coincidir com aquilo que exprime e afastando-se dele para lhe captar o sentido. É a utopia de uma posse à distância." (Merleau-Ponty)

Explique o que Merleau-Ponty quer dizer com: "só se realiza renunciando a coincidir com aquilo que exprime".

Obs: enviar as respostas para o email: srasmsc@gmail.com

BIBLIOGRAFIA

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires (org.). Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1990.

Atividade de recuperação para alunos da escola Deuzuíta - segundos anos matutino e vespertino 2010 -

ÉTICA E POLÍTICA

1 - MAQUIAVEL: A POLÍTICA COMO ELA É
(Do livro: Maquiavel: a política como ela é, Maria Tereza Sadek, FTD, 1996)

1.1 Você sabe com quem está falando?
As cenas a seguir não têm um cenário fixo. Podem se passar no Brasil, nos Estados Unidos, na França, no Japão ou em qualquer outra parte. Também não têm ou não precisam ter um tempo previamente demarcado; podem ter ocorrido em 1930, 1950, 1980, 1990, ou ainda estar por acontecer. O que importa, independentemente do lugar ou do tempo, é que descrevem fatos familiares. A carapuça pode ser vestida por políticos existentes ou fictícios. Mas a máscara é, de toda forma, reconhecível. Ela personifica uma imagem bastante difundida da atividade política. A plausibilidade e freqüência com que se repte têm levado muitas pessoas a se afastar da vida pública e muitas outras a dizer que não têm interesse pela política, considerando esta atividade quase desprezível. Alguns, imersos numa visão realista, mas não menos influenciada pelo comportamento de tantos políticos, poderão chegar a sustentar: "ora, isso é a política!". Valem quaisquer meios apra obter ou apra permanecer no poder.

CENA 1
Véspera de eleições. Dois candidatos disputam voto a voto a preferência do eleitorado. Pesquisas de opinião indicam um empate técnico. De repente, uma notícia explode nos meios de comunicação: um dos concorrentes é acusado de ter forçado sua ex-companheira a fazer um aborto e de ter uma filha ilegítima. Esse político, visto até então como de reputação ilibada, perde votos. Sabe-se depois que a cena foi montada, que a mulher recebeu dinheiro para sustentar tais acusações.

CENA 2
A equipe governante perde apoio popular. A cada dia surgem novas acusações de verbas desviadas, a inflação cresce e o desemprego atinge altos índices. A oposição, ao contrário, cresce em prestígio. Quando tudo indicava que o grupo do governo vivia seus últimos dias, é revelado um plano de golpe, encabeçado pelos críticos do governo. Evoca-se, inclusive, a descoberta de documentos secretos, nos quais estariam traçadas ações para assassinar os principais membros do governo. Com essa justificativa, são tomadas várias medidas de exceção que reforçam o poder dos governantes: o Congresso é fechado e as próximas eleições são adiadas; lideranças de oposição são perseguidas e presas; a imprensa é censurada; intervém-se em sindicatos, substituindo-se as lideranças mais ativas; entidades estudantis são vigiadas, atividades político-partidárias são estritamente controladas. Tudo isso com o apoio da população, que passa a sustentar o governo e seus atos de força. Algum tempo depois, toda a maquinação é descoberta - o suposto golpe havia sido planejado no interior do próprio governo, com a intenção de garantir o apoio popular e de enfraquecer a oposição.

CENA 3
Vários políticos são focalizados, num jogo de flashes. Um, para conseguir obter apoio para suas propostas, passa a cortejar seus adversários e a menosprezar seus tradicionais amigos. Seus discursos e seu comportamento são irreconhecíveis se comparados com os do passado, quando iniciou sua carreira política.
Outro político, sem formação religiosa, mas sabedor de quanto os eleitores prezam práticas religiosas, passa a freqüentar missas e a comungar, dizendo-se fervoroso devoto da padroeira da cidade.
Um terceiro político abraça desconhecidos, distribui ambulâncias, manda telegramas parabenizando por aniversários, freqüenta festas populares. Na intimidade, longe dos refletores, é sabido seu desprezo e desconforto no contato com políticos do interior e com o povo.
Outro garante em seus discursos ser um defensor dos pobres e oprimidos e que sua honestidade habilita-o como o verdadeiro representante das causas populares. Entretanto, descobre-se que, desviando verbas destinadas à construção de escolas e hospitais, comprou fazendas, uma bela mansão, construiu poços em suas propriedades, adquiriu iates e aviões.

CENA 4
Uma convenção partidária é convocada com o objetivo de escolher o próximo candidato da agremiação ás eleições gerais. Um dos postulantes, para garantir a sua indicação, manda elaborar dossiês contra os concorrentes e impede a chegada de convencionais que votarão contra a sua indicação.

1.2 O importante é levar vantagem?
Desta vez as personagens são homens e mulheres em situações típicas do mundo do trabalho, do dia-a-dia ou da vida doméstica. A condição sexual pouco importa. Os papéis são intercambiáveis, podendo ser desempenhados por homens ou mulheres. O que conta é o comportamento. A época - passado, presente ou futuro - em que os fatos ocorrem também é irrelevante. As cenas podem ser ambientadas como preferir.

CENA 1
Uma pessoa, para conseguir uma alta posição em uma empresa, comporta-se de forma desleal em relação a seus colegas de trabalho. Desvia a correspondência de seu chefe imediato, altera propostas discutidas, revela segredos, levando-o a crer que tais atos devem-se à irresponsabilidade ou à fraqueza de caráter dos que o cercam.

CENA 2
Um homem, para conquistar a mulher de seu amigo, faz com que ela acredita que é traída, deixando, assim, o terreno livre para suas incursões amorosas.

CENA 3
Uma mulher, para conquistar o marido de sua amiga, faz com que ele acredite que é traído, deixando, assim, o caminho aberto para seduzi-lo.

CENA 4
Uma outra pessoa, para que os filhos permaneçam ao seu lado, monta uma série de artimanhas para afastá-los de situações que os levariam a abandoná-la.

CENA 5
Várias gangues controlam a distribuição de drogas na cidade. A luta entre elas provoca uma série de atos de violência. Membros são mortos, pairam ameaças no ar. Depois de uma longa seqüência de ataques, todos se sentem intranqüilos e a violência multiplica-se. Ciladas e armadilhas não poupam nem mesmo aqueles que nada têm a ver com o mundo do tráfico. Diante de tanto terror, o chefe de uma das gangues convida os principais participantes das demais apra um encontro em sua casa, onde deveriam fazer um pacto de respeito mútuo. Segundo a sua proposta, a cidade seria dividida em áreas, e cada um dos grupos teria o controle de determinadas zonas. O acordo parecia por um ponto final na violência, garantindo uma razoável parcela de poder para cada uma das gangues. Quando todos concordam com os termos da divisão e comemoram, o dono da casa faz um sinal e entram seus homens. Armados, num só golpe, liquidam todos os visitantes e com eles o suposto pacto de não-agressão mútua.
---------------------
Diante dessas cenas, poucos fugiram à indignação. Alguns, talvez mais calejados, concluiriam: "ora, essa é a vida!". Valem quaisquer meios quando se deseja ardentemente um determinado objetivo.
Esses procedimentos - retratados no primeiro e no segundo conjunto de cenas - são, no mínimo, pérfidos. Só um alto senso de realismo permitiria vê-los com naturalidade. Naturalidade que decorre muito mais do número de vezes em que são praticados do que de qualquer julgamento baseado em princípios. A artimanha, a falsidade, a astúcia, o ardil que caracterizam tais tos encontram no linguajar comum um termo que os sintetiza: maquiavélico.
Maquiavelismo e maquiavélico são termos que nasceram do nome de um florentino que viveu na segunda metade do século XV e primeiras décadas do XVI, Niccolò Machiavelli. Quem foi este homem e por que teve seu nome perpetuado através de práticas perversas?

RESPONDA A ESTAS PERGUNTAS

1. Entreviste pelo menos 3 pessoas, indagando o que entendem por maquiavelismo e peça que exemplifiquem esse tipo de comportamento. De posse das entrevistas, organize o material em função do tipo de resposta obtida, distinguindo as que se referem a comportamentos de políticos e as que dizem respeito a comportamentos do universo das relações privadas.
2. Como você se posiciona diante da idéia expressa na frase: "os fins justificam os meios"? Para se alcançar um determinado objetivo, todos os meios são válidos? E na política?
3. A política pode ser regida por valores distintos daqueles que regem a vida privada? Ou, ao contrário, os mesmos valores deveriam nortear os comportamentos dos homens quer quando eles estão fazendo política, quer quando estão em atividades típicas da vida privada?

Obs: Enviar as respostas por email: srasmsc@gmail.com