Powered By Blogger

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Atividade de recuperação para alunos da escola Deuzuíta - segundos anos matutino e vespertino 2010 -

ÉTICA E POLÍTICA

1 - MAQUIAVEL: A POLÍTICA COMO ELA É
(Do livro: Maquiavel: a política como ela é, Maria Tereza Sadek, FTD, 1996)

1.1 Você sabe com quem está falando?
As cenas a seguir não têm um cenário fixo. Podem se passar no Brasil, nos Estados Unidos, na França, no Japão ou em qualquer outra parte. Também não têm ou não precisam ter um tempo previamente demarcado; podem ter ocorrido em 1930, 1950, 1980, 1990, ou ainda estar por acontecer. O que importa, independentemente do lugar ou do tempo, é que descrevem fatos familiares. A carapuça pode ser vestida por políticos existentes ou fictícios. Mas a máscara é, de toda forma, reconhecível. Ela personifica uma imagem bastante difundida da atividade política. A plausibilidade e freqüência com que se repte têm levado muitas pessoas a se afastar da vida pública e muitas outras a dizer que não têm interesse pela política, considerando esta atividade quase desprezível. Alguns, imersos numa visão realista, mas não menos influenciada pelo comportamento de tantos políticos, poderão chegar a sustentar: "ora, isso é a política!". Valem quaisquer meios apra obter ou apra permanecer no poder.

CENA 1
Véspera de eleições. Dois candidatos disputam voto a voto a preferência do eleitorado. Pesquisas de opinião indicam um empate técnico. De repente, uma notícia explode nos meios de comunicação: um dos concorrentes é acusado de ter forçado sua ex-companheira a fazer um aborto e de ter uma filha ilegítima. Esse político, visto até então como de reputação ilibada, perde votos. Sabe-se depois que a cena foi montada, que a mulher recebeu dinheiro para sustentar tais acusações.

CENA 2
A equipe governante perde apoio popular. A cada dia surgem novas acusações de verbas desviadas, a inflação cresce e o desemprego atinge altos índices. A oposição, ao contrário, cresce em prestígio. Quando tudo indicava que o grupo do governo vivia seus últimos dias, é revelado um plano de golpe, encabeçado pelos críticos do governo. Evoca-se, inclusive, a descoberta de documentos secretos, nos quais estariam traçadas ações para assassinar os principais membros do governo. Com essa justificativa, são tomadas várias medidas de exceção que reforçam o poder dos governantes: o Congresso é fechado e as próximas eleições são adiadas; lideranças de oposição são perseguidas e presas; a imprensa é censurada; intervém-se em sindicatos, substituindo-se as lideranças mais ativas; entidades estudantis são vigiadas, atividades político-partidárias são estritamente controladas. Tudo isso com o apoio da população, que passa a sustentar o governo e seus atos de força. Algum tempo depois, toda a maquinação é descoberta - o suposto golpe havia sido planejado no interior do próprio governo, com a intenção de garantir o apoio popular e de enfraquecer a oposição.

CENA 3
Vários políticos são focalizados, num jogo de flashes. Um, para conseguir obter apoio para suas propostas, passa a cortejar seus adversários e a menosprezar seus tradicionais amigos. Seus discursos e seu comportamento são irreconhecíveis se comparados com os do passado, quando iniciou sua carreira política.
Outro político, sem formação religiosa, mas sabedor de quanto os eleitores prezam práticas religiosas, passa a freqüentar missas e a comungar, dizendo-se fervoroso devoto da padroeira da cidade.
Um terceiro político abraça desconhecidos, distribui ambulâncias, manda telegramas parabenizando por aniversários, freqüenta festas populares. Na intimidade, longe dos refletores, é sabido seu desprezo e desconforto no contato com políticos do interior e com o povo.
Outro garante em seus discursos ser um defensor dos pobres e oprimidos e que sua honestidade habilita-o como o verdadeiro representante das causas populares. Entretanto, descobre-se que, desviando verbas destinadas à construção de escolas e hospitais, comprou fazendas, uma bela mansão, construiu poços em suas propriedades, adquiriu iates e aviões.

CENA 4
Uma convenção partidária é convocada com o objetivo de escolher o próximo candidato da agremiação ás eleições gerais. Um dos postulantes, para garantir a sua indicação, manda elaborar dossiês contra os concorrentes e impede a chegada de convencionais que votarão contra a sua indicação.

1.2 O importante é levar vantagem?
Desta vez as personagens são homens e mulheres em situações típicas do mundo do trabalho, do dia-a-dia ou da vida doméstica. A condição sexual pouco importa. Os papéis são intercambiáveis, podendo ser desempenhados por homens ou mulheres. O que conta é o comportamento. A época - passado, presente ou futuro - em que os fatos ocorrem também é irrelevante. As cenas podem ser ambientadas como preferir.

CENA 1
Uma pessoa, para conseguir uma alta posição em uma empresa, comporta-se de forma desleal em relação a seus colegas de trabalho. Desvia a correspondência de seu chefe imediato, altera propostas discutidas, revela segredos, levando-o a crer que tais atos devem-se à irresponsabilidade ou à fraqueza de caráter dos que o cercam.

CENA 2
Um homem, para conquistar a mulher de seu amigo, faz com que ela acredita que é traída, deixando, assim, o terreno livre para suas incursões amorosas.

CENA 3
Uma mulher, para conquistar o marido de sua amiga, faz com que ele acredite que é traído, deixando, assim, o caminho aberto para seduzi-lo.

CENA 4
Uma outra pessoa, para que os filhos permaneçam ao seu lado, monta uma série de artimanhas para afastá-los de situações que os levariam a abandoná-la.

CENA 5
Várias gangues controlam a distribuição de drogas na cidade. A luta entre elas provoca uma série de atos de violência. Membros são mortos, pairam ameaças no ar. Depois de uma longa seqüência de ataques, todos se sentem intranqüilos e a violência multiplica-se. Ciladas e armadilhas não poupam nem mesmo aqueles que nada têm a ver com o mundo do tráfico. Diante de tanto terror, o chefe de uma das gangues convida os principais participantes das demais apra um encontro em sua casa, onde deveriam fazer um pacto de respeito mútuo. Segundo a sua proposta, a cidade seria dividida em áreas, e cada um dos grupos teria o controle de determinadas zonas. O acordo parecia por um ponto final na violência, garantindo uma razoável parcela de poder para cada uma das gangues. Quando todos concordam com os termos da divisão e comemoram, o dono da casa faz um sinal e entram seus homens. Armados, num só golpe, liquidam todos os visitantes e com eles o suposto pacto de não-agressão mútua.
---------------------
Diante dessas cenas, poucos fugiram à indignação. Alguns, talvez mais calejados, concluiriam: "ora, essa é a vida!". Valem quaisquer meios quando se deseja ardentemente um determinado objetivo.
Esses procedimentos - retratados no primeiro e no segundo conjunto de cenas - são, no mínimo, pérfidos. Só um alto senso de realismo permitiria vê-los com naturalidade. Naturalidade que decorre muito mais do número de vezes em que são praticados do que de qualquer julgamento baseado em princípios. A artimanha, a falsidade, a astúcia, o ardil que caracterizam tais tos encontram no linguajar comum um termo que os sintetiza: maquiavélico.
Maquiavelismo e maquiavélico são termos que nasceram do nome de um florentino que viveu na segunda metade do século XV e primeiras décadas do XVI, Niccolò Machiavelli. Quem foi este homem e por que teve seu nome perpetuado através de práticas perversas?

RESPONDA A ESTAS PERGUNTAS

1. Entreviste pelo menos 3 pessoas, indagando o que entendem por maquiavelismo e peça que exemplifiquem esse tipo de comportamento. De posse das entrevistas, organize o material em função do tipo de resposta obtida, distinguindo as que se referem a comportamentos de políticos e as que dizem respeito a comportamentos do universo das relações privadas.
2. Como você se posiciona diante da idéia expressa na frase: "os fins justificam os meios"? Para se alcançar um determinado objetivo, todos os meios são válidos? E na política?
3. A política pode ser regida por valores distintos daqueles que regem a vida privada? Ou, ao contrário, os mesmos valores deveriam nortear os comportamentos dos homens quer quando eles estão fazendo política, quer quando estão em atividades típicas da vida privada?

Obs: Enviar as respostas por email: srasmsc@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário