Texto Complementar – ESTÉTICA E FILOSOFIA DA ARTE
ESTÉTICA E FILOSOFIA DA ARTE
O conhecimento através dos sentidos e do belo
"Os filósofos são homens doidos (...) pensar é estar doente dos olhos". (Fernando Pessoa)
"Através da obra de arte, tanto o indivíduo como a sociedade percorrem o caminho em direção à cultura e realizam seu encontro com a eternidade". (Gilberto Cotrim)
Origem da palavra estética - em sua origem, o termo "estética" vem da palavra grega aisthetiké, que se refere a tudo aquilo que pode ser percebido pelos sentidos.
Conceito Kantiano - baseado nessa etimologia, Kant definiu estética, tempos depois, como: "A ciência que trata das condições da percepção pelos sentidos".
Conceito de Baumgarten - no entanto, foi o alemão Alexander Baumgarten (1714-1762) quem utilizou pela primeira vez o sentido de estética como adotamos hoje como: "Teoria do belo e das suas manifestações através da arte".
A estética como ciência - como ciência e teoria do belo, a estética pretende alcançar um tipo específico de conhecimento: "Aquele que é captado pelos sentidos". Por esse motivo ela contrapõe a lógica e a matemática por exemplo.
Razão X Sentidos - o que difere esse padrão de visão é que as ciências lógicas operam pela razão enquanto as humanas consideram a atuação dos sentidos como vertente máxima.
Sentidos e Estética - a estética parte da experiência sensorial, da sensação, da percepção sensível que não apresenta a mesma clareza lógica-racional.
Objeto de investigação da estética (filosofia do belo) - é a obra de arte. A estética teoriza princípios pertinentes ao belo.
Filosofia da Arte (ciência geral da arte) - todavia, encontramos ainda a filosofia da arte, que procura investigar o desenvolvimento artístico em busca do "sentido" da história da arte. A Filosofia da Arte analisa os aspectos histórico-culturais presentes nas obras artísticas.
O BOM E O BELO - A ESTÉTICA NA EDUCAÇÃO
Por diversos ângulos e com diferentes enfoques, as discussões sobre a beleza e os estético tiveram uma presença marcante no pensamento de vários autores, desde a Antigüidade grega até os nossos dias. Muitas dessas especulações tomaram o rumo de associar o belo e o bom, entrelaçando os campos filosóficos da estética e da moral.
Sócrates e Platão - diziam que o que é bom é belo, e o que é belo é bom.
O belo e o senso comum - o que é complicado em vista de frases comuns ao nosso dia a dia em foco do senso comum: Exemplo "Quando um indivíduo age mal, costuma-se dizer: "Que feio", já se age de maneira ética, corretamente, fala-se que teve uma atitude bonita".
O belo e a educação - o escritor e pensador alemão Schiller (1759-1805) propôs a educação estética como forma de harmonizar e aperfeiçoar o mundo e de o indivíduo alcançar a sua liberdade: "Para chegar a uma solução, mesmo em questões políticas, o caminho da estética deve ser buscado, porque é pela beleza que chegamos à liberdade".
Missão da arte - através do belo, o mundo material se reconcilia com a forma superior de moralismo.
A ARTE E SEU FASCÍNIO
Desde os primórdios, o homem constrói no mundo sua próprias coisas, demonstrando através dos tempos maior ou menor habilidade. Logo:
Arte - é o conjunto de coisas feitas pelo homem e que se distinguem, se sobressaem por revelarem dedicação, capricho, talento, perícia, beleza e eficiência.
Os Sentidos e a Arte - em nossas vidas, já nos encontramos em estado de contemplação na música, na pintura, na dança, na poesia, todavia, é difícil explicar as vezes o que realmente nos encanta em uma obra de arte ou mesmo entender as razões que levam os humanos a serem atraídos pela arte.
Arte segundo Susanne Langer - a pensadora norte-americana Susanne Langer define a arte como: "A prática de criar formas perceptíveis expressivas do sentimento humano". A função primordial da arte para Susanne é "Objetivar o sentimento de modo que possamos contemplá-lo e entendê-lo. É a formulação da chamada "experiência interior", da "vida interior", que é impossível atingir pelo pensamento discursivo".
Prática de Criar - a arte é produto do fazer humano. Deve combinar a habilidade desenvolvida no trabalho (prática) com a imaginação (criação).
Formas Perceptíveis - a arte se concretiza em formas capazes de serem percebidas por nossa mente e que carregam identidade própria. Essas obras podem ser:
1. Estáticas - obra arquitetônica, uma escultura.
2. Dinâmica - uma música, uma forma de dança.
Conceito de Perceptível - a palavra perceptível não se refere às formas captadas apenas pelos sentidos exteriores, mas também pela imaginação.
Expressão do Sentimento Humano - a arte é sempre a manifestação (expressão) dos sentimentos humanos. Esses sentimentos podem revelar a emoção diante daquilo que amamos, ou a revolta que envolve nossos problemas e dissabores sociais.
TIPOS DE OBRA OU CRIAÇÃO
"Uma tentativa de distinguir a arte da técnica".
Ao criar uma obra, o homem pode estar preocupado, de modo mais ou menos intenso, com a produção de objetos úteis ou de objetos belos.
Obra Útil - quando a intenção é a produção de uma obra útil, temos as realizações técnicas, que se desenvolvem pela aplicação prática de um conhecimento.
Obra Bela - quando a intenção de produção de obra bela é dominante temos as chamadas belas-artes e as belas letras, ou simplesmente artes - embora toda arte dependa de uma técnica.
Técnica - é o domínio de uma habilidade prática.
Então conclui-se:
A Arte - enfatiza o belo.
A Realização Técnica - enfatiza a utilidade e a aplicação prática.
Diversidade Artística - desde a Antigüidade o homem vem desenvolvendo vários tipos de arte: artes plásticas (arquitetura, escultura, pintura), música, dança, literatura, teatro, cinema, fotografia etc.
ARTE E SOCIEDADE
Há estudiosos que vêem na obra de arte uma manifestação pura e simples dos sentimentos individuais do artista. Outros a encaram como uma atividade plenamente lúdica, gratuita, livre que quaisquer preocupações utilitárias ou condicionamentos exteriores à sua própria criação.
Fenômeno Social - a atividade artística vai muito mais além disso, a arte é um fenômeno social, pois é impossível situar uma obra de arte sem estabelecer um vínculo com uma determinada sociedade.
Arte é um fenômeno social porque:
1. O artista é um ser social - como ser social, o artista reflete na obra de arte sua própria maneira de sentir o mundo em que vive, as alegrias e as angústias, os problemas e esperanças de seu momento histórico. Para Georg Lukács: "O artista vive em sociedade e - queira ou não - existe uma influência recíproca entre ele e a sociedade. O artista - queira ou não - se apóia numa determinada concepção do mundo, que ele exprime igualmente em seu estilo".
2. A obra de arte é percebida socialmente pelo público - por mais íntima e subjetiva que seja a experiência do artista deixada em sua obra, esta será sempre percebida de alguma maneira pelas pessoas. A obra de arte será então um elemento social de comunicação da mensagem do seu criador. Afirma ainda Georg Lukács: "Uma arte que seja por definição sem eco, incompreensível para os outros - uma arte que tenha o caráter de puro monólogo - só seria possível num asilo de loucos (...) A necessidade de repercussão, tanto do ponto de vista da forma, quanto ao conteúdo, é a característica inseparável, o traço essencial de toda obra de arte autêntica em todos os tempos".
A Arte como Fenômeno Social - como fenômeno social, a arte possui relação direta com a sociedade, essa relação não é estática e imutável, mas ao contrário, é dinâmica e modifica-se no decorrer da história.
Relação Arte e Sociedade - no que diz respeito ao artista, as relações da sua arte para com a sociedade podem ser de paz e harmonia, de fuga e ilusão, de protestos e revolta.
A Censura e o Incentivo - já da relação da sociedade com a arte, poderá ser através da ajuda, do incentivo, ou será de censura, limitação, de opressão.
OBRA DE ARTE
"O fascínio do eterno e do universal"
Afirmar que a arte é um fenômeno social não significa reduzi-la a mero produto de condicionamentos históricos e ideológicos. Não há dúvida de que esses condicionamentos existem e atuam sobre o artista. Mas, na realização da obra de arte, todos os elementos que envolvem precisam ser resolvidos artisticamente, isto é, precisam ser traduzidos em termos de criação estética. Nessa criação é que reside o valor essencial de toda grande obra de arte. Ocorre nela um rompimento com o tempo e um encontro do homem com a eternidade.
Criação Estética - pela criação estética, a obra tende a se universalizar, a permanecer viva através dos tempos, anunciando uma mensagem artística que, independentemente de seu conteúdo ideológico, expressa profunda sensibilidade.
Ernst Fischer - a Arte - "Toda arte é condicionada pelo seu tempo e representa a humanidade em consonância com idéias e aspirações, as necessidades e esperanças de uma situação histórica particular. Mas ao mesmo tempo, a arte supera essa limitação e, dentro do momento histórico, cria também um momento de humanidade que promete constância no desenvolvimento" (Ernst Fischer - A necessidade da arte).
Criação Artística - as circunstâncias particulares que estão presentes na criação artística se unem, harmoniosamente, a elementos de universalidade, que penetram profundamente no espírito humano, gerando um sentido de permanente fascínio.
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